domingo, 1 de novembro de 2020

'NEM TODA MÃE É BOA

Isso é um tabu que tem que ser quebrado’.*

Mais uma vez deixo para a psicanálise a tentativa de explicar que existem mães abusivas, como essa mulher - abominável, repugnante, capaz de coisas atrozes, ações cruéis, perversidades - sempre citada aqui, que acreditam não ter importância causar dor em um filho.
Quem esclarece é *Silvia Rawicz, psicóloga, em entrevista ao Fantástico em 01/10/2017.

'NEM TODA MÃE É BOA não é uma frase de ódio, mas uma verdade absoluta, apenas aceitem!
Eu carreguei você por 9 meses, eu te dei a vida. Esse é um discurso típico que muitas vítimas de mães abusivas são obrigadas a ouvir.
Contudo, carregar por 9 meses e dar a vida não dá o direito de abusar, não é um passe-livre para maltratar e também não é algo que a vítima tenha que “pagar”.
Mães abusivas/tóxicas acreditam numa dívida eterna dos filhos, onde a conta nunca será paga.
Elas cobram a hospedagem, a comida, o (falso) afeto, o cuidado (negligenciado) e o (falso) amor.
Mães abusivas/perversas criam filhos problemáticos e muitos irão despejar sua amargura ao redor, respingos que atingem toda a sociedade.
A sociedade aceita que uma “mãe” maltrate um filho e fale mal dele, já o contrário é considerado ultrajante, desrespeitoso e tabu.’

Pois é, a luta contra o abuso materno é vista como um tabu, enquanto atitudes abusivas são facilmente aceitas.
Infelizmente, a sociedade tem muito esta mania de dizer "ah mas é tua mãe", aí acrescentam: coloque panos quentes e deixe o assunto pra lá.

Não! É o momento de todo mundo parar e ouvir quem precisa falar, aprender com as histórias, refletir e reconhecer que nem toda mãe é boa.
E também à necessidade das pessoas não só fomentarem como se educarem sobre essas questões, que são de extrema importância.

Eu não estou preocupado com consequências do que falo porque estou falando os fatos, não estou inventando (SOBREVIVENDO NO INFERNO).
A sociedade tem que parar de aceitar isso como qualquer coisa normal, e minha voz de resistência não vai se calar perante um absurdo desses.
Não aceito e não vou me calar, sou uma voz, sou inquieto e não vou me calar perante esse tipo de coisa.

Meu terapeuta acha que eu deveria enviar um cartão de Dia das Mães para minha genitora. Acho que está na hora de mudar de terapeuta. – Letícia Lanz

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

ABUSO MATERNO

Psicologicamente não há nada mais desgastante.
Já são diversos textos que escrevi aqui no blog, desde relatos e depoimentos sobre relacionamentos abusivos, até sobre toxidade.

É uma série sobre abusos, estes, permeiam as narrativas.

Na verdade, a realidade que vivo pode ser considerada como um abuso piscológico, e sobre isso que desejo falar nesse texto.
Uma relação materna nada saudável, é preciso dizer.

Mas como alerta Corrine Barraclough: ninguém quer falar sobre mães abusivas, a sociedade está em total negação para o fato de que as mães nem sempre são vítimas.
Fomos condicionados a acreditar que a maioria das pessoas que cometem abusos são pais, mas isso não é verdade.

A psicóloga Anahy D’Amico confirma: é um tabu na nossa sociedade mães que não gostam dos seus filhos, as pessoas não aceitam ouvir isso.
É inadmissível uma mulher que não ama o próprio filho, é violento, dói “fisicamente” em quem escuta.
Do mesmo jeito que uma mãe não revela nem sob tortura que gosta mais de um filho do que do outro, só que isso é muito mais frequente do que a gente imagina.
Os consultórios estão cheios de pessoas com buracos negros na alma, dores emocionais enormes pelo desamor, é um dos processos psicológicos mais difíceis de se cuidar.

Sim, os danos emocionais causados por essas mães se espalham pela nossa cabeça.
Sabe, dói muito, a maioria das minhas recordações são nefastas.

Reviver toda a opressão, as omissões, as culpas que me foram atribuídas é realmente algo que me faz sofrer.
Atitudes recorrentes que me tornaram uma pessoa infeliz, amargurada e sem auto-estima.

Dói relembrar cada momento cada gesto e se dar conta que não são normais, não foram normais e que eu não mereço ser tratado da forma como eu fui (SOBREVIVENDO NO INFERNO).
Quando você é amado não há espaço para coisas assim.
É isso, por tudo que ela (a pessoa repugnante capaz de atos abomináveis sempre citada aqui) me fez, todos os dias tenho de lutar contra a minha revolta, todos os dias luto contra esse vazio que ficou.

Se você aprende que nem toda mãe é boa, diminui as chances de sofrer abuso por muito tempo. – Micheje Engelke

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

QUEBRANDO O TABU: A DESSACRALIZAÇÃO DA MATERNIDADE

É inadmissível uma mulher que não ama o próprio filho*.

(Vídeo: 04:22)

O programa Casos de Família abordou o abandono familiar e deu a filhos a possibilidade de questionarem a maternidade, o que gerou um grande debate sobre a falta de amor pelos filhos.
Após ouvir as queixas dos participantes a psicóloga *Anahy D’Amico criticou as chamadas “mães tóxicas”.

Pois é, escrevi duzias de textos sobre esse assunto, transcrevi citações de autoridades com conhecimento científico de psiquiatria, psicologia, sociologia, etc. – até número de registro no C.R.P. – no assunto, enfim.
E, o que os relatos desse blog podem nos dizer sobre essa senhora abominável, repugnante, sempre citada aqui?
Memórias são expostas e relatos potentes são ditos, e assim vai se ganhando detalhes sobre o fatídico dia que move a minha história (SOBREVIVENDO NO INFERNO).

Bem, não é difícil descrever a dinâmica deficiente da minha relação com ela, mas desde aquela mudança ela fez coisas perversas, horrendas e outras inclassificáveis, passou a exibir comportamentos cruéis e nada civilizados.
Vou definir a situação: Um verdadeiro caos, uma dinâmica de relacionamento onde eu estava sempre errado.
Tudo virava um pandemônio e era abuso atrás de abuso, mesmo que discreto.

É interessante (triste soa melhor) observar que episódios como aqueles mostram que ela acha que tomar atitudes assim é inteiramente normal.
Afinal, quando confrontada não reconheceu seus erros.

Conviver com alguém capaz de atitudes assim, que põe a sua autoestima no chão feito trapo não é saudável.
Uma relação assim não pode ser denominada amor, mas sim tóxica.

Quando quem mais deveria te amar faz questão de te lembrar dia após dia que o preferido não é você mas sim filhos de outras pessoas, significa que algo de muito errado está acontecendo.
Ser excluído assim pela mãe te faz sentir que tem algo “errado” com você, algo ruim, não sou amado, ainda sinto.

Sabe, essa relação é destrutiva, sobretudo para mim, que fui me perdendo de mim mesmo.
Quando voltei para esse lugar disfuncional me vi olhando pela janela e pensando como seria o futuro ao lado de alguém que me faz chorar, que faz sofrer.

O fato de eu me olhar no espelho e não ver mais brilho em meus olhos é como um lembrete de todas as minhas angústias, noites de choro, traumas internos.
Então, fica um aprendizado dessa história: Se você é mãe, nunca faça nada que essa mulher fez comigo, porquê isso apenas me fez sofrer, nada mais além de chorar e ter de viver em um inferno até hoje.

Mães tóxicas são tão ruins quanto pais ausentes, mas poucas pessoas estão preparadas para essa discussão. – Samara

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

CARREGO COMIGO ALGUMAS FERIDAS

As feridas emocionais do abuso.
O ciclo de tensões não acontece apenas entre casais, mas dentro de qualquer relação afetiva.

Relações afetivas que, por vezes, se convertem em dores e feridas profundas.
Algumas nunca saram, trata-se portanto de um assunto espinhoso.

Pois é, nesta vida, estamos a todo momento suscetíveis a sermos feridos por outras pessoas.
No entanto, algumas feridas podem ser mais profundas e doloridas quando a nossa maior fonte de dor é a nossa família.

É uma ferida sempre aberta, complexa, além disso, que poucos ousam em abordar.
Talvez por que o assunto seja delicado e que mesmo acontecendo com muita frequência nos últimos anos choca a sociedade como poucas coisas.
Mas isso não pode nos impedir de ver os fatos.

Sabe, essa história diz mais sobre a pessoa capaz de atos abomináveis sempre citada aqui do que sobre eu, e garanto que vou continuar falando sobre.
Creio que não podem tirar o meu direito de falar sobre a minha vida e sobre o que eu passei (SOBREVIVENDO NO INFERNO).
Vou continuar contando para quem quiser ouvir e saber sobre.

Porém o mote principal dessa história não é como ela acaba e sim o caminho até esse ponto.
Como eu fui daquela pessoa comum a aquela versão triste, sim, importa, por que o estrago feito não poderá ser apagado ou esquecido.

Efeitos que podem ser desastrosos para uma pessoa, levando-a a um estado deplorável.
E assim vamos perdendo anos das nossas vidas, perdendo a nossa alegria, nossa paz.

Nem todas as feridas são superficiais. A maioria das feridas é mais profunda do que podemos imaginar e você não pode vê-las a olho nu. – Meredith Grey

domingo, 27 de setembro de 2020

TODOS OS MEUS RELATOS TEM UM OBJETIVO, A VERDADE, CUSTE O QUE CUSTAR

Para escrever precisamos ter um motivo, para escrever precisamos ter um objetivo.

Há alguns anos eu não escrevia, a menos que realmente precisasse.
Mas depois eu encontrei um motivo para escrever.

Desde então, escrevi muitas crônicas e aprendi que, quando você escreve publicamente, começa com algo pessoal ou emocional para atrair a atenção de todos.
Se trata de tentar escolher as frases certas, quando você lê um texto percebe que as palavras não estão ali jogadas, à toa.

Mas hoje não vou fazer só isso, porque as pessoas apenas se concentram nessas frases.
Elas não se lembram dos fatos, o motivo pelo qual eu escrevo.

Então para que não haja mais dúvidas, vamos explicar: A narrativa é importante, mas a análise é fundamental.
Nesses últimos tempos, escrevi constantemente sobre relacionamento abusivo, como a crônica SOBREVIVENDO NO INFERNO, que retrata um capítulo trágico e denso, em que apresenta os efeitos nefastos e o impacto devastador, das escolhas erradas, coisas atrozes, ações cruéis, da pessoa capaz de atos abomináveis sempre citada aqui, sobre a minha vida.

Saber que a linguagem escrita tem o poder de propagar ideias e valores através dos tempos foram o meu alento depois daqueles tristes episódios.
Não vou parar de maneira alguma até que esteja terminado.

Preciso de um motivo para escrever o que motiva você a ler. – Wesley D’Amico