segunda-feira, 12 de novembro de 2018

AS FERIDAS DO CÍRCULO FAMILIAR SÃO AS MAIS DIFÍCEIS DE SARAR

Nosso círculo familiar pode nos dar asas ou pode arrancá-las, isso é algo triste e devastador, mas verdadeiro.
Por Fabíola Simões, escritora.
‘As feridas geradas no círculo familiar causam traumas e vazios que nem sempre conseguimos reparar, vejamos por que é tão difícil superar essas feridas.

A sociedade nos diz que a família é um pilar incondicional.
O último cenário em que alguém pensa que vai ser ferido, traído ou até abandonado é, sem dúvida, no seio de sua família, no entanto, isso ocorre com mais frequência do que imaginamos.

Essas figuras de referência que têm como obrigação dar-nos o melhor, oferecer confiança amor e segurança às vezes falham voluntariamente.
Para uma criança e até para um adulto, experimentar esta traição no seio familiar supõe desenvolver um trauma para o qual nunca estamos preparados.
A traição gerada na família é mais dolorosa do que a simples traição de um amigo, é um atentado contra a nossa identidade.

Tudo isso traz como consequência uma maior vulnerabilidade, um desamparo mais profundo que leva a um risco maior na hora de sofrermos de determinados transtornos emocionais.
Isso faz com que, em alguns casos, sejamos mais ou menos suscetíveis a sofrer de depressão ou reagir com melhores ou piores ferramentas diante de situações adversas.

E em um dado momento, finalmente tomamos coragem e dizemos chega e cortamos este vínculo prejudicial para estabelecer uma distância da família disfuncional e traumática.
No entanto, o simples fato de dizermos adeus a quem nos fez mal não traz, por si só, a cura da ferida, é um princípio, mas não a solução definitiva.

Ainda que estabeleçamos distância de nosso circulo familiar, as feridas seguem presentes.
Muitas destas dimensões ficam presas à nossa personalidade, e inclusive em nosso modo de nos relacionarmos com os demais, por isso muitas vezes nos sentimos frustrados porque poucas pessoas compreendem.

E não, não é nada fácil deixar para trás uma história, lembranças e vazios, mas não podemos permitir que um passado familiar disfuncional e traumático afete o nosso presente e o nosso futuro.
Escolher ser forte, livre e maduro emocionalmente é algo essencial.’

Fabíola, aprendi que a família não é aquela na qual se nasce mas a que se escolhe (escrevi sobre em LAÇOS DE SANGUE SÃO ELOS FRACOS), também aprendi que o impacto decorrente de uma mãe tóxica traz mais do que a falta de autoestima (vide as atitudes dessa senhora aqui em SOBREVIVENDO NO INFERNO).
Bem, muitas pessoas se inspiram com os filmes, eu sou uma delas, os filmes dizem verdades; fiquem com um diálogo do episódio The Ascendant.

Peter: Eu achava que tinham cometido um erro no hospital e trocado os bebês, eu rezava por isso, que eu realmente não pertencia àquela mulher, aquela família.
Constance: Ter sido gerado por aquela mulher não determina seu destino. DNA, RNA, não é o que significa ser um homem, ou um pai, uma mulher, ou uma mãe.
Peter: Sim, agora eu entendo que o sangue não tem importância.

Poderá ter passado a sua vida perguntando-se a si mesmo porque tem tantos problemas com seus pais, irmãos, tios, primos e outros parentes. Poderá até mesmo já estar com os seus 40, 50 ou 60 anos, mas só agora começou a entender o problema do seu relacionamento com a sua família. E quanto mais descobre a causa, mais um peso enorme e um fardo tem sido levantado dos seus ombros. – Patricia Jones