sábado, 10 de dezembro de 2016

INSTRUÇÕES PARA O MEU FUNERAL

Viewer discretion is advised.
¹ Esta crônica por enquanto não terá um ponto final, e sim reticências na medida em que a for escrevendo.
² Os três pontinhos indicam que a ‘continuação’ pode ser infinita e os dois pontinhos indicam que ainda há ‘continuação’, mas que terá fim.

Espero que essa crônica um dia sirva para se compreender o que aconteceu comigo.
Essa não é uma história sobre perdão.
É uma história de sofrimento, sofrimento relativo à psique (alma, espírito).
Vou tentar ser breve, mas tolerem os entretantos.
A história que preciso contar está longe de acabar.

Tudo tem três fases sobre a face da Terra, é a nossa própria existência: Nascer, viver, morrer.
A morte pode ser dolorida ou assustadora, surpreendente ou esperada, em tom maior ou menor, mas a morte não é o fim.
Morrer, não é o fim, é apenas o começo.

Para tudo sempre haverá um dia.
O último.
E é claro que também podemos substituir o termo ‘fim’ pela palavra ‘transformação’.

Mas será o porvir?
O tempo renascido?
O que está prestes a ocorrer?
O desenrolar de um acontecimento?

A certeza de que da vida ninguém sairá vivo, poderia nos encorajar a ajustar as lentes com que enxergamos as coisas.
Trazer de volta para nós mesmos o poder de vida e morte.
O poder que é genuinamente nosso.

Saber que a morte faz parte da vida, pode ou não nos fazer desejá-la ou acelerá-la, ou ao contrário, pode também nos permitir ter maior conhecimento de nossas necessidades enquanto seres humanos.
E a morte . . ora, ora, a morte . . a morte nos dá a chance de analisarmos o bem que fizemos, ou deixamos de fazer na vida.
Posso falar sem peso sobre a morte, pois sei que deixarei meu legado com todos: Minha memória.

Desejo ser lembrado pela quebra de paradigmas.
Um pressuposto filosófico – paradigmas são padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida.
Prescindir da vida asquerosa e pedinte que insiste em prevalecer diante da morte . .
. . da fome que se tem, da sede do deserto, da ilusão dos quase mortos.

Ao experimentarmos a “pequena morte” ficamos mais sedentos de vida (?).
Mesmo sabendo que não poderá ser a mesma vida (?).
Afinal, o propósito da vida é uma vida com propósito!

Parece indecoroso – que se auto-engana – para não dizer perigoso, tentar resolver o problema.
Mas não há nada a temer.
Senão o próprio medo.

Seguir é conturbado.
Dificuldades: Algumas se consegue resolver com força de vontade, outras se administram.
O que atrapalha e muito, de fato, são as dificuldades pessoais e circunstanciais.
São tantas coisas que desorientam, embaralham a vista, atrapalham o pensamento.

A motivação para a minha escrita passa pela necessidade de carimbar a força dos meus sentimentos.
Não, não é que eu desacredite naquilo que escrevo.
Contudo, escrevo por vezes para me consolar.
Funciona como se não fosse suficiente apenas viver, se registro a minha dor, talvez ela doa menos.

Acredito que agora é hora de refletir sobre a vida.
Irei dizer algumas coisas que penso sobre a vida.
Espero que elas ajudem.
Na vida não tenho “certeza” de nada e percebo que a maior parte das pessoas não tem.
A questão que me intriga é que vou morrer e não sei bem ao certo o que fazer diante da morte.

Por conseguinte, eu lamento informar, mas se der tudo certo, e não houver nenhum sobressalto, todo mundo vai morrer no final.
Ademais, a epígrafe morrer em paz é sem fundamento ou razão de ser, até entre os escolhidos é rara de acontecer.
Regra geral, morremos explorados, insatisfeitos, esquecidos, morremos sem ar, afogados, morremos de decepção, entre outras desgraças e, sobretudo de saco cheio.

Como questionava o escritor russo Leo Tolstoy, há algum significado na vida que a consciência sobre a morte não desfaça ou destrua?
Tudo e todos que prezamos e valorizamos podem simplesmente desaparecer a qualquer momento.

De acordo com Sheldon Solomon, professor de psicologia na Skidmore College, em Nova York, pensar na própria morte é extremamente angustiante porque te torna consciente de que, assim como você, qualquer outra coisa que tenha vida, pode desaparecer num piscar de olhos; e nada poderá evitar esse fato.
Mas na realidade ainda não sabemos como é realmente morrer.
Sentimos uma forte vontade de fazer diversas coisas enquanto estamos vivos, planejamos o nosso futuro e vivemos como se tivéssemos muito tempo.
No entanto, lá no fundo sabemos que vamos morrer, e o que é pior, não temos ideia do que seja isso, o que acaba causando um alto nível de estresse e ansiedade.
Talvez o desconhecido seja a coisa mais assustadora sobre a morte.

Sábias as palavras de Fernando Pessoa.
A minha existência desenhei e escrevi histórias particulares, como pude.
Se depois de eu morrer, quiserem escrever minha biografia, não há nada mais simples, tem só duas datas, a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.

Bem, talvez o que chamamos de viver a vida seja apenas um intervalo entre as duas datas.
Entre o nascimento e a morte, tudo pode acontecer, seremos rejeitados, enaltecidos, amados, tolos e sábios.
Então o emprego com alto salário, o encantamento, o fogo das paixões, a casa própria, não passariam de uma distração?

Em vista disso . . o dia da minha morte, um dia fatal, o definitivo, o inexorável.
Talvez haja algo mórbido, me torno reflexivo, levo o pensamento mais grave à todas as coisas.
Se a morte é a verdade, seria a vida a mentira?
Creio que as duas têm o mesmo grau de autenticidade.

O epitáfio.
Quase toda, mesmo, minha vida está narrada aqui.
Não vou sorrir como quem adia o encontro consigo mesmo.
Fraquejei no momento mais difícil?
Caberá a história me julgar, agora que minha memória está nua.

A vida imita a arte ou a arte imita a vida?
– Ele talvez esteja no fim de sua vida.
– Há um profundo sentimento de exaustão nele.
Trágico, o personagem, em torno do qual se desenvolve a trama pede uma abordagem sombria.

Então ouvi os dois parágrafos abaixo.
Vejo que é um homem de fé.
Tem a morte em seus olhos o tempo todo, mas seu coração é puro.
É uma coisa boa manter um coração puro.

Esse homem foi tragado por seus sonhos.
Quando as portas se fechavam, ou uma janela de esperança, no desespero, ele tentou uma saída.
No momento delicado em que sua reputação, sobretudo no sentido de uma avaliação social, até como profissional, era colocada em dúvida, tudo o que ele precisava era apenas que alguém acreditasse nele.
A estupidez com que foi tratado foi algo revoltante.
Pena que percebemos isto muito tarde.
Ele estava sempre tendo que se afirmar, e sofria por isso.
Muito da tragédia dele é movida por isso.

Há males que atacam as pessoas, as tornam frustradas, amargas, transformando seu dia-a-dia em um enorme fardo.
Um é o abandono, ação de deixar alguém desamparado, neste sentido, o abandono significa que outro indivíduo pode sofrer danos em consequência de tal ato e, portanto, a situação deve ser resolvida.
A noção de abandono refere-se ao ato de deixar de lado ou negligenciar qualquer pessoa.

Quando se fala de negligência, geralmente refere-se a agir com falta de cuidado, menosprezo, alguém responsável com uma pessoa que tem que tomar cuidado.
O abandono pode ser aplicado para uma variedade de situações, no entanto, nem sempre pode ser físico se não em muitos casos, psicológico ou moral.
Aos olhos do público quando uma mulher abandona o filho ela comete um crime hediondo.

Todo abandono é doloroso, principalmente, quando deixamos nós mesmos para trás.
É uma tentativa de escapar do sofrimento e suprir necessidades afetivas.
Uma tentativa impensada de parar de sofrer.

E em vez de bater boca com meus detratores, preferi me recolher em silêncio e me tornar um sujeito “recluso”.
Eu poderia ganhar uma batalha, ou perder, mas prefiro sair de cena.
Não é autopiedade, mesmo que por vezes procure a redenção naquilo que povoa meus pensamentos.
O mais corajoso e ao mesmo tempo mais covarde dos homens.

Sempre me empoderei* de meu rumo – a fatalidade a que estariam sujeitas todas as pessoas, a força sobrenatural que atua sobre os seres humanos e as circunstâncias que estes vão enfrentando ao longo da sua vida, sucessão inevitável de acontecimentos.
* Empoderar: Capacidade de pessoas assumirem a responsabilidade pelo próprio destino, em lugar de esperar que alguém o faça por eles.
Pena que não tive tempo de me ‘concretizar’ em vida.
Daí pensei na miséria da minha vida e comecei a chorar.

Dessarte, este também é um texto argumentativo – aquele que tem uma citação (argumento de uma autoridade, autenticidade) ou raciocínio lógico, então voltemos ao tema.
Vejamos o relato da psicóloga Evelyn Vinocur.

O abandono é muito complicado, pode agravar ainda mais, e nisso, a angústia se torna tão forte que a pessoa realmente quer se matar.
O suicídio é, de fato, recorrente.
Uma incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis.
Desinteresse, falta de motivação e apatia, falta de vontade, desesperança, desespero, desamparo e vazio.
Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de “culpa”, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso ou morte; desejar morrer, planejar uma forma de morrer ou tentar suicídio.
Interpretação distorcida e negativa da realidade, tudo é visto sob a ótica depressiva, um tom "cinzento" para si.
E o mais importante: não julguem alguém assim, conclui a psicóloga.

Isto posto, desconfio que somente o suicídio aos 45 do segundo tempo é melhor que a “culpa”.
Mario Monicelli, humorista por excelência, e um dos maiores cineastas de todos os tempos sabia disso, enfim, só os “culpados”, inclusive aqueles que subtraíram a própria vida, são os que tem a chance do perdão incondicional, a “culpa” é a resposta derradeira, verdadeira auto-ajuda.
Ato de fé.

Além de argumentativo essa crônica também é um texto de intertextualidade, uma forma de alicerçar o exposto.
Reforçado por: O pós PhD pela Universidade de Londres e PhD em Saúde Mental pela Unicamp, Neury Botega, explicou que muitos fatores se combinam no suicídio.
Nunca é apenas um motivo, há o grau de impulsividade entre outros.
Há pesquisas que demonstram que até o perfeccionismo está associado ao suicídio.

Para o psiquiatra e autor do livro O Suicídio E Sua Prevenção, José Manoel Bertolote, não se pode determinar uma única causa de um suicídio.
Pode ser um transtorno psiquiátrico na ocasião, o que é chamado de fator predisponente.
Ele acrescenta: quando a ele se junta um fator precipitante, pode se desencadear o processo suicida.

Então, vá em frente e contemple sua própria morte.
Afinal, o que há de tão mal nisso?

Escrever sobre a morte, e fazer isso repetidamente, nos faz perceber a finitude da vida, algo que muitas vezes evitamos pensar, pois sabemos que não temos como controlar.
Isso faz com que as pessoas valorizem mais a própria existência?
Pensar na morte faz dar mais valor a vida?

Bem, refuto parcialmente a posição das autoridades abaixo; vejamos.
Segundo especialistas, pensar na morte com mais frequência pode aumentar a saúde mental e diminuir até os níveis de depressão.
Irvin Yalom, psicólogo clínico que lida com questões existenciais, também escreveu que contemplar a morte em um nível mais profundo pode ter efeitos psicológicos positivos.
Ele argumenta, especificamente, que aqueles que aceitam e encaram a morte têm não somente uma vida mais ‘autêntica’, além de comportamento e objetivos mais alinhados aos seus valores.
A pesquisa sugere que há efeitos psicológicos positivos em escrever sobre o assunto.

E James Pennebaker, professor de psicologia da Universidade do Texas, realizou estudos em que as pessoas escreveram sobre assuntos profundamente tocantes, e muitas vezes angustiantes para elas, ao longo de semanas ou meses.
Por meio da pesquisa, notou-se que a escrita aumentou a saúde mental e física dos participantes, quase todos eles relataram que a experiência foi muito significativa.

Os cientistas demostram que pensar na própria morte pode ser bom para nós.
Voluntários ouvidos pelos pesquisadores da University Of East London falaram a respeito de suas experiências sobre mortalidade e responderam o quanto concordavam com frases como: eu não deixo que o medo da morte controle a minha vida.
Os resultados mostram que, para alguns, o medo da morte pode ser uma força criativa.
Isso sugere que aqueles que estão interessados em passar a sua herança para as gerações futuras como uma forma de transcender a morte, tem também mais propensão a assumir a responsabilidade pela sua saúde e dar valor ao seu desenvolvimento interior, disse Mark McDermott professor de Psicologia da Saúde.
Os artistas são o exemplo perfeito, eles continuam a viver através de seus legados e nunca se vão completamente.
Trabalhar para deixar um legado, seja produzindo arte, dando prosseguimento a um histórico pessoal ou ajudando os outros, pode ser uma outra forma das pessoas tolerarem melhor o envelhecimento e a perspectiva da morte, completou.

Por outro lado, como existir neste mundo caótico?
O que seria do mundo sem você nele?
Como seria a vida das pessoas ao seu redor se você não tivesse nascido?
É o tal laço invisível que nos une!

A vida é feita de histórias paralelas, mas que se cruzam dando inúmeros sentidos às coincidências que o acaso proporciona.
Fatos que nos levam a questionar o porquê de conhecermos e nos relacionarmos com determinadas pessoas dentre tantas outras.
É como se estivéssemos ligados por algum fio invisível, no qual a nossa existência nesse mundo passa a fazer sentido em relação à existência do outro.

– A vida de um homem influencia tantas outras vidas que quando ele não está, deixa um buraco enorme.

Interessante, há poucos dias antes de’u escrever a linha acima, uma Amiga, especial entre outras coisas por ter gerado uma princesa que amo por demais, me escreveu sintetizando tal coisa.
Daí, lembrei do clássico A Felicidade Não Se Compra, falei sobre em UMA ÁRVORE QUE FLORESCE SEM TER RAÍZES?
Em meio a tudo isso ela e o filme me levam a questionar: E se eu não tivesse nascido?
Será que preciso de um Anjo que me convença de minha importância no mundo?

Torna-se valioso aprofundar-me um pouco mais.
Trata-se da história de um espírito desencarnado, candidato a Anjo que, para ganhar suas asas, recebeu a missão de ajudar um valoroso homem que, em virtude de grave problema tinha a intenção de se suicidar.
Perdido e desesperado em meio as suas tormentas ele acaba pensando em suicídio.

Ele está doente?
Questiona o Anjo quando convocado para a missão de ajudá-lo.
Pior, está desanimado, responde uma voz no céu.

O aspirante a Anjo desce do céu o encontra fazendo-se visível e identificando-se, fala de sua missão e tenta persuadi-lo de tal atitude, declarando a importância da sua vida para muitas pessoas.
Comenta que seria um desperdício, porque ele vinha sendo importante para muita gente.
Porém, mediante o ceticismo de seu protegido, o Anjo resolve mostrar as cenas de como seria a vida se ele não fizesse parte dela.
O amigo espiritual mostrou-lhe várias situações que teriam acontecido se não fosse sua interferência.

Desta forma, a experiência dele, o leva a perceber que a vida de todos seria muito ruim sem a presença dele.
Tudo seria diferente e sombrio e o destino das pessoas seria outro com sua ausência.

Sim, um personagem conseguiu enganar a morte e voltou para casa, mas não sobreviveu por muito tempo.
Eu vos direi no entanto: Sobrevivi, agarrado às minhas palavras, sobrevivi, porém mais uma vez consumido pelo abandono, sem volta.
Daí, quando a morte conta uma história, deve-se parar para ler.
Quando a morte narra certas coisas, a gente não questiona.

Desvendar essa história para mim e para o leitor, isso sempre é atraente.
Pode ser uma quimera – capaz de ter diversos significados dependendo de como é empregada, um substantivo que também pode indicar um sonho ou esperança – uma história real com jeito de ficção, esse o motivo do sinônimo.
Mas não faz nenhum sentido?
A morte raramente faz.

Assim sendo, qual o instinto mais poderoso do espírito?
O medo da morte.
Só que não para todos nós.

E "desculpe" o jogo de palavras, no português: Na primeira, segunda ou terceira pessoa.
Cássia Kis, contou que já tem se organizado para a própria morte, a atriz faz planos para o dia do seu falecimento.
Já Lana Del Rey voltou a colocar lenha na fogueira, causada por sua polêmica declaração sobre querer estar morta.
A cantora de 27 anos falou que gostaria de estar morta em uma entrevista sobre Amy Winehouse e Kurt Cobain dizendo: acho que a maioria das pessoas que conheço acha que quero me matar mesmo.
Ela ainda reforçou que a afirmação não é uma brincadeira.
Acrescente também uma jovem que após ler A Menina Que Roubava Livros de Markus Zusak, disse sentir uma simpatia pela morte.

E Vera Lúcia Araújo Silva, 44 anos, realizou seu sonho de ser velada ainda em vida, entrevistada em 2016 ela explicou de onde veio a ideia e o que sentiu.
– Por que fazer um velório sem ter morrido?
Queria ter essa sensação ainda em vida.
– O que sentiu deitada dentro do caixão?
Pensei que ia ficar triste, chorar (. . .), eu senti um alivio tão grande.
– A senhora fez isso só para chamar a atenção?
Nunca pensei que chamaria tanta atenção da mídia, até para fora do Brasil minha imagem foi parar.

Isso soa estranho?
Pois tenho outros diálogos.
– Por que simplesmente não me mata?
– Você não teme a morte, você a acolhe.

Rio, 23/09/2008.
Carlos, quero fazer uma pergunta clara e objetiva e gostaria de uma resposta clara e objetiva.
Você está com alguma doença terrível sem cura e com previsão de morte?
Desculpa perguntar assim, na lata.
Mas sou sua amiga, e isso me dá o direito de perguntar, ainda mais pelo modo que você se comporta diante do mundo. Beijo, Cláudia S. G.

Por último.
– Se eu pudesse voltar atrás.
– Não pode. Nós dois sabemos disso. Sinto muito.
Olha, você fez opções que acreditou serem certas.
Não pode mudar isso e não pode voltar atrás.
Desde então, fez tudo que pôde para compensar.
Tornou-se um homem melhor.
Não falei que você seria perfeito.
Mas ninguém o é.
Mas você aprendeu o que era importante.
Tornou-se a pessoa altruísta e bondosa que eu sempre quis.

Dizem que até mesmo quando não escolhemos, ainda assim, estamos fazendo nossa opção.
Sempre estamos fazendo escolhas tanto ao falar quanto ao calar.
Às vezes algumas delas nos desviam do melhor caminho.

Várias vezes insistimos e investimos em enganos que nos desviam da nossa verdadeira rota.
As experiências que tivemos, as circunstâncias da vida, podem nos conduzir a lugares indesejados.
Mas, cabe a nós corrigirmos essa rota, não importa o tempo que leve.

As influências externas são reais, muitas vezes não temos como nos fazer prevalecer.
Isso é perigoso.
A retribuição disso é o sofrimento, a desilusão, a angústia, a tristeza, a dor, a infelicidade.
O sofrimento surge para nos mostrar que certas escolhas não estão alinhadas com o que é melhor para nós.

Todavia sempre se poderá começar de novo (?).
Nada é definitivo.
Coisas indesejadas nos acontecem para aprendermos a sermos melhores, são as lições que a vida nos apresenta para lapidar o nosso ser.

Lembre-se, uma escolha pode mudar uma vida.
Escolha aquela que faça sentido pra você.
Mas não esqueça que há um caminho a percorrer, o caminho pode ser de luz ou de escuridão.

A priori, não nos conhecemos e nem tão pouco nos acreditamos; muitas vezes sim.
Parece mais fácil perceber o outro, acreditar no outro. Não nos observamos o bastante.
É quando paramos e começamos a prestar um pouco mais de atenção em nossas emoções e necessidades.
Na medida em que alguém se conhece melhor, sabe quem é e o que quer, transmite mais autenticidade ao outro porque se sente livre em mostrar-se como realmente é.

Rio, 30/01/2017.
Claudia, de repente me vi em situações em que a vida não perdoa uma bobeada – na acepção de não perceber, cometer descuidos, crer no que é falso.
Quando estas coisas acontecem, enfim prestamos muita atenção às interferências externas que nos perturbam e nos fazem mal, nos machuca.
Em boa hora, faço uso na íntegra das palavras da Amiga especial L. D. citada acima: ‘não há nada a ser dito, pois a questão já foi respondida, todas as soluções foram tentadas e a força chegou ao fim.
Isso é muito sério e essa decisão precisa ser respeitada. Eu respeito.
Grata por conhecê-lo, por aprender com, e através da sua vida e pelo seu legado.’
Beijos Claudia, Carlos.

Assim, revisitei inúmeras vezes o meu passado.
As visitas foram inquietantes, e fizeram ressurgir memórias muito profundas.
Estive cercado de uma pessoa que me fez mal, me colocou para baixo e subestimou minha capacidade.
Tolero coisas intoleráveis por mais tempo que devia.
Uma arrebatadora condição e a afiada percepção da aspereza da violência, evocando sempre um tempo “perdido”.

O motivo* está nas coisas que ela – vide NÃO SE PODE DETERMINAR O TEMPO DO OUTRO – fez.
* Causa ou origem de algo; razão, aquilo que nos leva a fazer algo, ou justifica o nosso comportamento, explicação.
Na psicologia é uma disposição voltada à valoração das consequências de uma ação.
Houve uma transmutação nela, feridas se abriram, e um horizonte de cor cinza chumbo se desvelou em toda parte.

Outrossim, um jovem revelou que algumas situações que passou mostraram a ele que, em alguns casos, é preciso “perder algo” para se manter fiel aos seus próprios valores.
E eu carrego comigo valores, crenças, que são alheios ao que meus pares provocam em mim.
Sim, as pessoas coerentes são firmes em seus princípios e valores.
Princípios que atuam como normas do bom caminho, porque a ética pessoal ajuda a diferenciar entre o bem e o mal.

As pessoas coerentes são honestas consigo mesmas, ou seja, são fiéis aos seus pensamentos.
Entretanto estas pessoas precisam lidar com contradições internas e tudo o mais, ou seja, são tão humanas como qualquer mortal.
Entrementes desenvolvem um sentido interior de honestidade profunda, um sentimento que brilha com força.
Este é o maior tipo de coerência que há e que surge da verdade interior.
Essa é, talvez, a verdadeira lição desses anos.

Todo o carácter coerente consigo mesmo, tem sempre razão; perder a razão é a única contradição. – Schiller

Decorrente do que foi dito anteriormente, o título da matéria era: Quer saber quando você vai morrer? Conheça maneiras de descobrir.
Para aquele que já se perguntou quando exatamente “chegará a sua vez”, saiba que a resposta pode ser mais simples do que se imagina.
Os indicadores mais confiáveis tendem a ser os mais simples, como a resposta das pessoas para a pergunta Você está bem?
É o que mostra estudos recentes da Universidade John Hopkins e da Universidade de Qingdao.

Todo e qualquer pensamento é impossível exceto como e onde e quando eu irei morrer. – Philip Larkin, poeta

Alguns pedaços de desespero.
Nunca me senti pertencente a essa casa.
E uso a arte para fugir da vida.
Porém para qualquer lugar que eu for, levarei sempre a dor* na bagagem.
A dor* que não passa mina a nossa resistência psicológica.
* Dor. s.f. 2. Mágoa originada por desgostos do espírito ou do coração; sentimento causado por decepção, desgraça, sofrimento.

O primeiro passo em direção ao sucesso é dado quando você se recusa a ser um prisioneiro do ambiente em que estava inicialmente. – Mark Caine

Completo, o mundo não é um lugar para todos serem felizes.
Se assim o fosse, estaríamos no paraíso.
Nesse ponto não podemos ser ingênuos, mas atentos.

O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer. – Albert Einstein

Anahy D’amico, psicóloga, exemplifica: pessoas que fazem mal a outras, acham que estão fazendo o bem.
É como eu desconfiava, só nascendo de novo mesmo para abandonar a condição do trauma – desagradável experiência emocional de tal intensidade, que deixa marcas duradouras.
Desta forma, postas às teorias acima, podemos afirmar que entre as alternativas, a abaixo é verdadeira.

– A única certeza é que: Tirando o impossível, toda possibilidade é real.

Reconhecer um erro pode ser um grande desafio para algumas pessoas.
Afinal, porque é tão difícil pedir desculpas por algo que se sabe que está errado?
Porque é tão difícil pedir perdão?

Se errou peça desculpas.
Errou por ter sido injusto e agido de modo incorreto com determinada pessoa?
Por mais difícil que pareça ser não deixe que nada bloqueie o seu pedido de perdão.

Cientistas publicaram um estudo afirmando que muitas pessoas, na tentativa de manter o ego e a auto-estima intactos, ignoram a necessidade de se desculpar pelos seus erros.
Que o pedido de desculpas e o reconhecimento do erro contribuem para uma diminuição desses sentimentos naqueles que erraram.
Porém os pesquisadores também alertam que as pessoas que não reconhecem os seus erros e pedem perdão por eles, não conseguem manter relações afetivas e duradoras.

Este pode ser apenas um dos motivos que tanto dificulta o pedido de desculpas.
Mas o fato é o seguinte: Essas pessoas nunca saberão se serão ou não perdoadas se não se desculparem.
Quando partida, a confiança* pode demorar muito tempo para se recuperar, mas não se terá uma oportunidade de redimir caso não se admita o erro para a pessoa prejudicada e se desculpar.
* Crédito de outrem, a firme convicção que alguém tem relativamente a outra pessoa. Para a psicologia, a confiança é uma hipótese que se realiza sobre o comportamento futuro do outro, neste sentido, ela pode ser reforçada consoante as ações da outra pessoa, ou ao contrário debilitada, a confiança ver-se-á traída.
Não é fácil, mas definitivamente este é o primeiro passo rumo a reacomodação entre pessoas desavindas – reconciliação – um dos significados: na religiosidade é confissão de pecados esquecidos ou de culpas.

É difícil pedir perdão?
Também não é fácil ser perdoado.

Ensaio aqui uma exposição sobre estar dominado por emoções ou sentimentos.
Janelas se abriram que dão para o pátio da sofística* e, acidentalmente, para a vasta planície das paisagens desertas, tristes, observadas pelo meu olhar melancólico.
* Argumentação propositalmente maquiada para que possa parecer real ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule as regras da lógica, apresenta na realidade uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa.
O caminho pisado, uma metáfora da vida na estrada empoeirada, que hoje é apenas uma sombra, olhado de viés* nesta crônica.
* [Fig.]. Atributo ou qualidade particular de alguma coisa; viés de retrospectiva é aquele que consiste em modificar, uma vez decorrido qualquer evento, a lembrança sobre a opinião prévia a favor do resultado final, isto é, a tendência para considerar eventos passados como sendo previsíveis.
Bem, a fala da personagem Magnólia em A Lei Do Amor foi: esse homem é um poço de mágoa, rancor, ressentimento e amargura.
Já eu, sou um oceano.
E me disseram: nem toda essa água do mar poderia apagar o fogo que te consome.

Portanto, ninguém se pode escudar na ignorância dos assuntos sobre os quais toma decisões, pois a História não lhes perdoará.
Ignorância não é o mesmo que inocência.
Reitero, sou um sujeito determinado que deseja reforçar uma idéia – sentimento de quem acredita – procuro não acalentar nem defender idéias para as quais não encontro boas justificações.
Com a palavra, Ronnie Von, elucidando – fazer ficar claro e compreensível – em uma entrevista.
– Você é mesmo muito amigo do João Gordo do grupo punk Ratos do Porão?
– Amicíssimos, e o real motivo não é pelo ótimo marido, excelente pai ou maravilhoso filho que sei que ele é, mas porque assim como eu ele é um ser humano que acredita que no final a verdade irá prevalecer.

Bem, a palavra morte talvez seja a mais contundente em meu texto, gerando uma miríade de sentimentos, conteúdos e interpretações.
Levanto várias questões em relação a morte, cujas respostas permanecem em aberto à espera que para cada pessoa que leia as satisfaça.
Contudo, são questões que não possuem ou necessitem de respostas.
Decisões como esta requerem a experiência de uma vida.

É um poema sobre a luta inglória contra a morte.
É a sensação de que não vai dar tempo para mais nada.
Um sentimento ininterrupto de urgência, de fissura, na contagem do tempo.
Como se eu não tivesse ofertado esse texto para que ativasse nos leitores a parafrase – reafirmação do sentido de um texto, Interpretação de um texto com palavras próprias, mantido o pensamento do original – abaixo.
A vida é curta: Use o seu senso de urgência para tirar o máximo possível do seu tempo.

Onde* resolvidos alguns medos tangíveis, ainda me debato com um ou outro pânico profundo.
* Importante frisar que a palavra 'onde' leva a ideia de lugar, e muitas vezes é usada erroneamente ao invés de 'em que' ou 'na qual'.
Por exemplo: Há momentos onde me sinto perdido, nesse caso, a forma correta é Há momentos em que me sinto perdido, pois não há a ideia de lugar físico.
Tive uma vida cheia de acontecimentos, aproveitei tudo mesmo, sem demasiados exageros.
O que funciona como uma base perfeita e intrínseca – é inerente, faz parte da essência de alguém, constitutivo, classifica algo que está no interior – à história.

O pior deles, o da perda das pessoas que amo, somente aquelas que verdadeiramente também me amam.
O tremor que sinto a cada aniversário destas (não importa a idade), quando vão inexoravelmente envelhecendo.
Eu, que me achava corajoso.
Porém a vida, sempre ela, se encarregou de desvelar os meus próprios medos.
O do meu próprio envelhecimento e a visão aguda de que eu também me aproximo do “fim”.
A percepção afiada de que o meu passado é bem mais extenso do que o meu futuro.

E o que um psicólogo, teria a dizer para alguém que tem alguns dias de vida ainda pela frente?

'Na vida eu finjo que não tenho medo da morte faz muito tempo.
Eu tenho construído um castelo de certezas, de virtudes e de sentido, para simplesmente negar o fato de que vou morrer.
Acho que não estou em posição de aconselhar alguém que está em uma condição única e porque não dizer privilegiada como a sua.
Sim, privilegiada, estar diante do próprio fim e fazer a pergunta certa não é tão simples.
No momento mais difícil, que pense sobre a vida, isso parece que é a grande fórmula para viver e morrer feliz.
Quando olhamos uma vela temos a ilusão de que ela irá apagar quando a cera chegar ao fim, as vezes acaba antes, outras a luz continua depois.
Sei que esse texto vai ajudar mais quem ficará vivo, ou finge que está vivo como eu, por um pouco mais de tempo que você, mas se te ajudar em algo, já fico mais que satisfeito.
Ah, se eu pudesse falar uma última coisa seria: morra o mais vivo que puder.'
Frederico Mattos.

Antes eu ouvia os bons conselhos duvidando deles, pareciam demasiado polidos ou conservadores, agora tenho a percepção daqueles possuidores de características que denotam diversidades entre dois ou mais elementos comparados.
Várias vezes sabemos certas verdades, mas precisamos que alguém nos diga, só assim teremos consciência das mesmas.
Rodrigo Fonseca, autor de um livro de sucesso sobre inteligência emocional decreta: se você não fizer aquilo que realmente quer, sua vida definhará aos poucos, até a morte.
É a própria tradução das tendências de procrastinação que nos afligem quando estamos tendo uma sensação de incapacidade de ação, é latente.

Apenas deixe para amanhã o que você está disposto a morrer tendo deixado de fazer. – Pablo Picasso

Grande parte do que escrevo nesta crônica é algo que o leitor provavelmente já sabe.
Mas é muito provável que ele não tenha dado a devida atenção e valor, por não ter percebido o poder do que escrevo.

– Sentir é a forma mais expansiva de enxergar, porque o que está fora de vista não quer dizer que está fora de nosso alcance.

Carrego comigo lembranças, sentimentos, e a aspereza da violência de uma mente descompensada*.
* É mais fácil sentir do que dar o significado, é quem ultrapassou os limites, ou seja, que esta fora de seu estado considerado normal.
Há um limite, fingir que ele não existe é um grande erro.
Até o caos tem limite.
Raquel Baldo Vidigal, psicóloga explica: não há resposta única ou técnica para explicar as situações ou conflitos vividos por cada pessoa em sua vida pessoal ou familiar.
O que faz alguém superar ou não conflitos, na verdade tem uma explicação pessoal e ligada diretamente a experiências vividas ou sentidas, finaliza.
É arrebatador (também pode ser destruidor, com força, poderoso, que causa impacto), cognitivo (parte imaterial de alguém, em que se encontra a sensibilidade, parte de uma pessoa em que estão as lembranças, as experiencias de vida, memórias), para desse modo perceber e interpretar a si mesmo.

Lembro Hannah Arendt, que acreditava que por falta de parar para efetivamente pensar, o ser humano protagoniza maldades.
É a raiz da má-fé e da intolerância.

Aprendemos o bem e conhecemo-lo, mas não o praticamos por doença ou por lhe preferirmos o prazer. – Eurípedes

Passo por um momento – espaço de tempo indeterminado – de angustia* motivado por graves problemas, por este motivo tive um trauma* emocional muito forte.
* Inquietude, sofrimento, tormento, sufocamento, acompanhado de opressão dolorosa e com ressentimentos aliados a alguma dor; no campo psiquiátrico pode estar ligada a causas como traumas de ambientes familiares desgastantes, é uma emoção que está à frente de um acontecimento, uma circunstância, ou que ocorre por consequência de lembranças traumáticas.
* Um dano, um choque, desagradável experiência emocional de tal intensidade que deixa uma marca duradoura na mente do indivíduo; agressão psicológica muito violenta, está ligado ao significado de ferida, pressupõe uma experiência de dor e sofrimento.

A saúde emocional é tão importante quanto à saúde física.
Podemos usar como exemplo uma academia para cuidar do corpo ou uma igreja para cuidar do aspecto espiritual, para restituir a harmonia, se tornar uma pessoa mais leve, preenchendo o vazio da alma.
Pesquisas comprovam a importância de termos um equilíbrio emocional.
O PhD da Universidade British Columbia Mark Holder identifica fatores que contribuem para a felicidade, como relações sociais e espiritualidade.
Eu fui feliz, mas só por um tempo.

E felicidade aqui no significado de bem-estar, onde não há nenhum tipo de sofrimento.
Na filosofia acontece através da tranquilidade, já a doutrina budista acredita que ocorre através da liberação do sofrimento.
Tem ainda o significado de bem-estar espiritual ou paz interior.
Para as pessoas com inclinação pelo lado espiritual é um estado de alma perante qual o ser humano se sente em paz, este estado pode ser alcançado através das relações pessoais ou dos laços com os entes queridos por exemplo.

Resultante: Um amigo após relacionar (coisas que apresentem similitudes para procurar as relações de semelhança que entre elas existam, mostrando um ponto de analogia ou semelhança), lamentou tendo em conta um homem marcante.
É que na biografia do nosso maior cineasta consta o registro dele ter sido uma pessoa atormentada.
Uma fonte lembra que ‘ele virou um “para-raio”, porque chega uma hora que ninguém consegue absorver tanta energia negativa’.

Transcrevo pois meu memento (livro de lembranças, onde se anota o que se quer recordar), uma forma de fazer persistir determinada informação.
Esses fatos não devem servir para desestimular ninguém, mas sim para provar que é preciso que se imponham e exijam a igualdade.
Relatos como esses não servem para causar piedade (compaixão pelo sofrimento alheio), esses momentos são propícios para chamar a atenção para o tratamento desigual e a necessidade de mudar esse quadro urgentemente.

A “balança” ficou totalmente desequilibrada, não tive como equilibrá-la.
E surgiu a teoria: no fundo ela te ama, mesmo que de forma torta.
Só que amor significa respeito, e ela me desrespeitou.
Esse momento desesperado (no sentido de que provoca dor, que irrita) se repetiu e ainda ameaçou-se se repetir mais uma vez, sempre na frente de outras pessoas.
Dentre os valores do ser humano o respeito é um dos mais importantes, é o que impede que um indivíduo tenha atitudes condenáveis, mesquinhas e perigosas em relação ao seu semelhante.
Respeito é o item mais básico de convivência, quem não consegue entender isso deveria estar em uma jaula.

E antevendo a máxima de que todo mundo merece uma segunda chance deixei claro que concordo, porém, ela repetiu o erro.
Em seguida veio a tona (diz-se da informação que aparece de repente, "do nada") que todo mundo merece uma terceira chance, e perdeu o sentido, se tornou algo que gera reação, afinal, ela depois ameaçou repeti-lo mais uma vez.
Alguém aí acredita realmente que todo mundo merece uma quarta chance?
Pois lamento informar que eu tenho outros preceitos.
Daí lembro Graciliano Ramos que tinha uma posição crítica da condição do ser humano, e construiu sua estética movido por seus preceitos éticos.

– Uma pessoa íntegra e honrada cuida de sua reputação, principalmente, de sua reputação ética e moral, uma pessoa íntegra não trai.

Assim, deliberado (pode ser conceituado como aquilo que determina o que deve ser feito) o que disse Rolando Boldrin, morte é partir antes do combinado.
Ou tomada uma resolução . .
. . foi quando minha Amiga especial L. D., citada linhas acima, me enviou uma mensagem que dizia: eu acredito que um dia, tudo fará sentido.
– Querida, eu nunca fingi gostar de você, nunca precisei.
Certa vez na sua casa, de onde jamais saia sem palavras carinhosas e impregnadas de sabedoria que demonstravam uma profunda compreensão da natureza humana, você falou que o mundo precisa de mais pessoas como eu.
Nas suas palavras vi que a maior expressão do espiritual é a própria vida.
Já ouvi também que sou um ser humano do bem, de alma boa, me disseram: você é muito especial, é parte de um plano maior, é um sinal que há coisas por vir, você vai para luz.

– Não obstante, todas as possibilidades podem ser consideradas, por isso devo ter esperança, afinal a maioria das pessoas que salta de avião usa pára-quedas.

E que conste também.
Aquela menina que falou que já em 1981 era sabedora d'eu ser uma pessoa sensível demais, em 2009, então uma mulher, fez derramar-me em lágrimas dizendo 'você é o homem mais importante na minha vida', depois em 18/02/2011 escreveu: nos últimos anos o que via nos olhos dele era só dor e sofrimento.

Ainda perguntou:
– O que aconteceu com o rapaz que eu conheci?
– O que aconteceu? Ela fez coisas horrendas (aquilo que é caracterizado pelo excesso de maldade), e outras inclassificáveis.
– Nossa, lembro que achava linda a relação de vocês.
– Bom dia, bem vindo à perplexidade. Então . . não sossego enquanto não sacrifico a mim mesmo.
– Você tá louco? Você não pode fazer isto, pensa um pouco que é o seu resgate, estudo muito sobre o espiritismo, tem que ser assim. Pelo amor de DEUS não faça isso você me deixou desesperada, pensa em quanta gente você vai deixar triste, pensa um pouco em mim estou precisando de você.
– Eu perdi tudo, não compreende isso?
– Nem tudo é ruim na vida, mas tenha certeza, eu compreendo, pense nisso, tudo um dia acaba, as máscaras caem e tudo se torna real e verdadeiro. Não pode deixar isso te destruir.
– Não, não posso deixar.

Antes que a saudade* me sufoque, concluo lembrando que falo de pessoas que são capazes de dar um depoimento a meu respeito.
* Saudade. s.f. 1. Sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas.

Passamos as nossas vidas lutando para nos apegar as coisas que mais valorizamos, as pessoas e coisas que acreditamos que nunca conseguiríamos viver sem.
Mas nossos anseios são quase sempre uma ilusão, que protegem uma verdade muito mais destruidora.

A alma possui anseios e desejos, os anseios nos impulsionam a buscar nossos desejos mais secretos, os anseios em si nos incomodam.
Todos os indivíduos possuem milhares e milhares de anseios e desejos, na vida sentimental, financeira, profissional e espiritual.
E é mais fácil expor os nossos objetivos, sonhos e metas, do que expor nossos reais anseios e desejos, dessa forma nossa intimidade fica preservada.

Então o desejo tendo concebido, dá a luz o pecado, e o pecado após se consumar gera a morte. – Tiago 1:15
Alguns acreditam que a confissão ajuda uma alma culpada a encontrar a paz, e que nos liberta da vergonha e do remorso pelos nossos erros.
Perante a morte, muitos sentem a necessidade de buscar esse desfecho para fazer as pazes, porque se a morte não nos matar, nossos demônios nos matarão.

Enquanto alguns acreditam que uma confissão possa aliviar a alma torturada, outros a veem como um sinal de fraqueza.
Porque finalmente, o que quer que você diga, como você se sente sobre o que você fez, é irrelevante.
Para a mão da morte é igualmente imperdoável.

Acredita-se também que o pecado original só pode ser purificado pelas águas do batismo, mas os pecados que ocorrem depois não são purificados tão facilmente.
E já que o perdão pelo pecado só é concedido a quem se arrepende de verdade, o mal puro nunca pode ser apagado.
E o que é o pecado?
Certa vez, um homem perguntou para uma mulher se ela sabia o que era o batismo, e ouviu dela: é o que leva a gente pro céu?
Bem, contam que quando João Batista batizou Jesus o céu se abriu e uma pomba veio voando, isso foi um aviso para João, que ele havia lavado o homem de seus pecados, que ele o tinha libertado. O céu veio bem depois.

Complemento com um diálogo.
– Meu pai sempre lia para mim parábolas da Bíblia, eu me interessava pelo Deus do Velho Testamento, aquele que se vinga. Se você pecou paga um preço, parece justo.
– Eu prefiro acreditar que o perdão apaga todos os pecados.
– Talvez, mas não suas consequências, acredito que tenha que responder por elas, e se você recusar, então merece queimar no inferno.

Minha persistente busca pela justiça.
Se alguém dentre vós lançar mão de armas contra outro, levantai-vos todos contra ele, pois isso nada mais é que justiça manifesta. – Kitab-i-Iqán, O Livro da Certeza

Para os injustiçados, a verdadeira satisfação* só pode ser encontrada em uma das duas situações: Perdão absoluto ou reivindicação mortal – no sentido figurado de excessivo em seu gênero.
* Teologia: Reparação do mal causado a alguém ou da injúria feita ao próximo, ou a Deus pelo pecado.
E houve um tempo, que meu entendimento de justiça era simples, como os provérbios ‘não faça mal aos outros e dois erros não formam um acerto’.
Só que dois erros nunca serão um acerto, porque dois erros nunca são iguais.

Um homem muito mais sábio, destemido e ousado que eu disse: haverá tempos em que seremos incapazes de evitar injustiças, mas que deixe de existir tempos em que não possamos protestar.
Como bem disse Martin Luther King Jr, 'a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça a justiça em toda parte'.
A paixão dele por justiça era única.

E um dos maiores advogados do mundo escreveu que 'não há nada como a justiça, dentro ou fora do tribunal'.
Se alguém atrapalha a verdadeira justiça, você simplesmente precisa lutar e conceituar – definir aplicando características sólidas – manifestar-se impetuosamente, ultrapassar os limites, trasbordar.
Talvez porque a justiça seja estar possuído de um sentimento.
Justiça é equilíbrio.
É por isso que quando a justiça falha conosco devemos procurar a justiça divina.

Onde vem a absolvição, que é a forma mais poderosa de perdão, perdão total da culpa.
Absolvição é a misericórdia que faz despejar-se - livrar-se de impedimentos, estorvos ou obstáculos.
É a libertação de um futuro roubado.
Absolvição é a remissão do pecado, a promessa de renascimento e a chance de fugir das transgressões daqueles que vieram antes da gente.
Já que os melhores entre nós aprenderão com os erros do passado, enquanto o resto parece que está condenado a repeti-los.

A penitência, é um sacrifício, uma punição voluntária para mostrar remorso por um pecado.
Quanto maior o pecado maior o sofrimento que impõe a si mesmo.
E para alguns é simplesmente um meio para um fim.
Para cumprir devidamente a penitência deve se expressar remorso por seus pecados e realizar atos que reparem o estrago causado por estas transgressões.
Apenas quando estes atos estão completos é que se pode realmente começar do zero.
E o perdão dá espaço para um novo recomeço.

Para aqueles que acreditam em ressurreição (do grego anástasiis, significa se levantar ou ficar de pé novamente) a morte é irrelevante, não é um final, é um recomeço, uma segunda chance.
Na ressurreição aqueles que estavam mortos vivem, e os que vivem acreditam que nunca irão morrer.
Mas a própria ideia de ressurreição pode ser tão sedutora que é um conceito fácil de esquecer.
Acredita-se também que antes de ressurgir da morte, tem de se passar um tempo no inferno.

Para os íntegros a revelação é um acontecimento prazeroso, a realização de uma verdade divina.
Mas para os ditos 'abomináveis' (a palavra abominação é uma das mais terríveis de toda a Sagrada Escritura, na qual dizem que a nossa boca é fonte de benção e maldição, mas o apóstolo Tiago nos diz que isto não deveria ser assim – Tiago 3:10 – o termo usado pelo apóstolo Paulo significa corrompido, e indica toda palavra ou conversa que em si seja prejudicial aos ouvidos de quem a recebe) as revelações podem ser apavorantes.
Quando verdades obscuras são expostas e os pecadores são punidos por seus delitos.

Bem, dizem que não se pode parar o badalo de um sino, e pode ser verdade se você abafar seu badalo sobre os brados fracos de conjecturas e mentiras.
Só que algumas palavras ressoam como sinos de igrejas, sobressaem ao estrondo, nos chamando para a verdade.
A verdade é um duelo de percepções, e as pessoas só enxergam o que estão preparadas para confrontar.
Porém quando as diferentes percepções duelam entre si, a verdade tem um jeito de prevalecer.
Pois nem sempre o que é visível corresponde a realidade.
Não é o que você vê que importa, mas o que enxerga.

Quando a verdade é a única parte do destino que podemos controlar, é essa verdade o destino que escolhemos para o outro.
Dizem que nossas vidas são definidas pela soma das nossas escolhas, mas não são as nossas escolhas que definem quem somos e sim o nosso compromisso com elas.
Reescrevo o que está no meu 'perfil' ao lado, a questão não é quem eu sou, mas sim minhas atitudes que definem o que eu sou.
Contudo, são nossas escolhas que realmente iluminam a estrada que percorremos.
Não se trata apenas de quem eu sou por dentro, mas o que eu faço que me define.

– O verdadeiro destino de alguém só poderá ser revelado no final da sua jornada.

Sacrifício*, na sua definição mais correta é perder algo precioso em troca de obter uma força maior.
* Biblicamente é oferecer algo para Deus para pagar o pecado.
O verdadeiro sacrifício exige uma perda indescritível.
Ele requer que renunciemos as coisas que mais amamos, acima de tudo.
Só com a agonia dessas perdas uma resolução pode nascer.
Um preceito moral – no contexto: pertencente ao domínio do espírito do homem, regras que governam as ações dos indivíduos, um conjunto de crenças – para permanecer na jornada até a sua absoluta conclusão.

Chegando ao fim da nossa jornada, é importante refletir sobre o começo.
Como mudamos, o que perdemos e o que ganhamos.
O passado, essa coisa que julgam velho e empoeirado, tem sempre algo a dizer sobre o futuro.
O futuro me deprime.
Porque não consigo ver nenhuma melhora.
Meu passado continua a definir meu presente, mas ainda não tenho razões para acreditar que definirá meu futuro também.
Tem um ditado que diz que aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo, mas aqueles que se recusam a esquecer o passado estão condenados a revivê-lo.
E para os inocentes, o passado pode guardar uma recompensa, mas para os traiçoeiros é só uma questão de tempo antes do passado dar o que eles realmente merecem.

– Nunca deixe que o lugar de onde você começou decida aonde vai terminar.

O verdadeiro Carlos, o homem que não deixa o que aconteceu no passado definir o que ele quer ser. – Anonymous

Então voltei para reencontrar a parte mais dolorosa da minha história.
Eu fui subtraído de um ambiente harmonioso para um lugar de desordem.
Para um lugar de tudo e de “nada”, de coisas importantes aparentemente "sem importância", de coisas intemporais.
Que está associado a lembranças dolorosas, coisas atrozes, ações cruéis.
Como se fora uma voz que nos chama de lugares que é melhor nem serem visitados, um eco de lembranças que nunca morrerão, não importa o quanto tentemos matá-las.

Minha vida não era assim, mas desde que mudamos para essa casa há 19 anos foi o que levou* uma desgraça* para a minha vida, aquela mudança parece que foi uma maldição*.
* Levar. v.t. 2. Carregar consigo. 3. Passar, consumir a vida. 4. Sofrer golpe, castigo etc.
* Desgraça: Perda das boas graças de que se desfruta junto a alguém, infortúnio.
* Maldição: Ação efetiva de um poder sobrenatural caracterizada pela adversidade que traz, geralmente usada para expressar algo ruim na vida de uma pessoa.
E me repreenderam dizendo para não falar essas palavras, lembrar a minha religiosidade, que isso é uma blasfêmia.
Deve haver um tempo e um lugar para bondade e justiça, mas com certeza não é aqui.
Em vista disso, quando nossas lembranças são feridas abertas, o perdão é a emoção humana menos natural.

As pessoas têm um pensamento errôneo de que a tormenta vem do nada sobre uma vida, e que ali se estabelece sem um motivo e desestabiliza a vida de alguém.
Só que alguns caminhos são escolhidos por nós, e alguns para nós.

O tipo de punição que me trouxe até aqui não tem a ver com revide, quaisquer pensamentos ao contrário só atrapalhariam o meu julgamento.
Pois o perigo de uma retaliação (devemos fazer a distinção de retaliação com contra-ataque), ação de revidar uma injúria, está em propagar um ciclo de opressão (um comportamento que causa dano a outra pessoa, invade a autonomia, integridade física ou psicológica).
Mesmo assim é um risco que deve ser levado em conta quando o maior crime é deixar que os culpados fiquem impunes.
Já ouvi uma mulher dizendo acreditar que as pessoas que a machucaram merecem viver em agonia e não pagarem com suas vidas.
Mas até quando tudo for roubado de você, ainda assim considere o que Confúcio nos advertiu.
Sempre lembrando: Aqui se faz, aqui se paga.

Antes de embarcar em uma vingança, cave duas covas. – Confúcio (504 d.C.)

Eu não acho que as pessoas nasçam más, acho que suas escolhas definam quem elas são.
Eu acho que as vezes as pessoas se convencem de que fazer uma coisa ruim não faz mal.
A demarcação entre o bem e o mal é clara como o dia e a noite.
Mas para certas pessoas essa linha se confunde e elas aprendem a justificar as ações quando cruzam-na.
Se elas não tiverem cuidado essas escolhas podem cegar, as destinando a nunca ver a luz de novo.
Se quiserem que a escuridão vá embora, precisam merecer a luz.

Não podemos desprezar o medo, ele é útil para nos mostrar a zona de risco e nos desviar de situações perigosas; mas também pode nos bloquear para novas experiências boas.
O medo comum a todos é do desconhecido.
O medo é uma emoção instintiva inata que nos protege de situações de perigo reais ou imaginárias.
Medo é um fogo que queima desde o princípio mesmo no coração mais gélido, motiva e paralisa os melhores entre nós ou é usado como arma pelos piores.

Medo, é a emoção mais primitiva, pode perdurar na mente de quem perdeu alguém cedo demais, ou se alojar na alma de alguém como uma dúvida, por causa da rejeição de uma pessoa.
Algo que tira nossas forças concedendo lugar ao medo, medo de fazer escolhas erradas, medo do fracasso, medo do que as pessoas vão falar, medo de ser julgado, medo de ser condenado, medo muitas vezes do seu próprio pensamento.
Esses medos podem ser apresentados aos estímulos excepcionais ou violentos, ou a falta de estimulação, como por exemplo a escuridão, o desconhecido ou potencialmente ameaçadoras como um animal selvagem ou estar sozinho.

A escuridão apavora, anseia-se pelo conforto da luz, porque ela mostra os contornos e formas, permitindo reconhecer, definir o que está a diante.
Porém do que é que realmente se tem medo?
Não é da escuridão em si, mas da verdade que sabe-se que se oculta nela.
Quando o caminho é da traição e da trapaça, o maior medo de todos é que a verdade seja absoluta.

E alguns costumam mascarar a verdade com artimanhas, se escondendo por medo dela, se escamoteando, prolongando a decepção daqueles que querem machucar.
Ocultam ou escamoteiam os fatos, metem-se por vielas escuras e obscuras do pensamento, onde não há a luz da clareza racional, de forma elíptica, rodeando o cerne dos fatos, escarnecem da autêntica verdade.
Se escondendo atrás do que é uma incoerência (falta de ligação entre ideias e fatos) com pseudo justificativas (são aquelas que não justificam nada) ou usando isso para repelir uma verdade muito difícil de aceitar.
Justo quando na sua forma mais pura, um ato de gratidão (denominação atribuída à correspondência) gera harmonia, funciona como pagamento pela transgressão (toda ação cujas consequências são desastrosas, condenáveis ou desagradáveis) contra um inocente.

Tanto na ficção como na vida, cada ação pode ter ou não uma reação igual e oposta, porém no final o culpado sempre cai.
A culpa é o único e verdadeiro atributo ou a única distração antes do fim.
Algumas pessoas lutam para entender a sua própria culpa, relutam ou são incapazes de justificar as partes que tiveram nela.
Outros fogem de sua culpa, ignorando a sua consciência até que não reste mais nenhuma.
Por conseguinte, se as pessoas que não comungam (do latim comunio, pertencer a grupo que tem as mesmas ideias, ter as mesmas crenças que outrem) com as evidências – tudo aquilo que pode ser usado para corroborar uma determinada afirmação, algo que está claro, que é visível para todos, manifesto do que não deixa dúvidas – não puderem se unir a essa busca pela absolvição então insisto, renovo, reitero e farei a flexão do verbo, itero minhas opiniões acerca de.
Pois chegará o dia do juízo final, um momento em que dívidas pendentes demandam a sua retribuição, e as mentiras e delitos são finalmente revelados.

E a culpa paira sobre os ombros estreitos dela.
Em um dos episódios da série Revenge, Daniel diz para Victória: as dores do meu parto devem ter sido terríveis para você ter feito o que fez comigo.
Outra vez a arte imita a vida.
Será uma utopia*, ou quem sabe uma cena, um diálogo, acenda uma luz na cabeça dela?
* Utopia. s.f. 2. O que se imagina como sendo ideal, porém não se sabe ao certo se é possível alcançar.

Hora de ir da tela para a realidade.
Donde eu fiz o que recomenda o Dr. Cláudio Domenico, cardiologista, ele diz: permita-se a ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto não é só para crédulos e tolos sensíveis; faz bem à vida e à saúde.
Lembro as perguntas que vieram à minha cabeça após aquela devastadora noite em 1998 (aconteceram outras em 2008, 2011, 2015).
Sempre quis fazer valer as minhas ânsias, assim como todos, também anseio por respostas, é normal procurar respostas em momentos como estes.
Por que tem que ser assim?

Ser excluído assim pela mãe te faz sentir que tem algo “errado” com você, algo ruim, não sou amado, ainda sinto.
Eu repetia: Não fiz nada, então ficará tudo bem.
Mas os eventos me deixaram muito abalado psicologicamente.
O efeito colateral foi transtorno de estresse pós-traumático.
Aquilo tudo me deixou perturbado.
As circunstâncias foram extremamente estressantes, e decidi abrir-me sobre a penosa experiência.

Então eu preciso que o mundo saiba.
Eu ainda sinto essa dor.
Como se fosse ontem.
Aconteceram coisas entre nós que não podem mais ser desfeitas.
Estou exaurido.
Passei os últimos anos orando e perguntando a Deus por que isso aconteceu.
E um padre disse: as perguntas que você se faz, elas importam? Não eram vontade de Deus? Para seguir em frente você tem de olhar para dentro.

Refletindo à respeito . .
Tenho duras missões, uma é manter a sanidade enquanto convivo entre tanta falta de dignidade*, discórdia*, a dissensão, divergência de sentimentos¹.
* Dignidade. s.f. 1. Qualidade moral que infunde respeito.
* Discórdia. s.f. 1. Falta de harmonia, contradição, desinteligência.
(¹) Aqueles que praticam tais coisas não herdarão o reino do céu. – Paulo 5:19–21

Há um momento em nossas vidas em que o controle que nos mantém sãos escapa de nossas mãos, e a maioria de nós almeja tê-lo de volta.
Eu quero isso há muito tempo, apesar disso tanto causar comoção e me sobressaltar é algo que eu sei que preciso dar cem por cento de mim.
Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.
Para passar por uma situação difícil temos de buscar recursos internos, às vezes até mesmo desconhecidos por nós.
As situações difíceis em nossa vida são possibilidades de ajustar as coordenadas para que possamos ir redirecionando o caminho que percorremos.
É saber olhar a vida como possibilidade de crescimento e evolução, nem sempre isso vem fácil, facilitado.

Passei por coisas que eu queria apagar da minha memória, coisas que nunca imaginei que pudesse passar, mas descobri algo, tem uma parte de mim que sempre é capaz.
E serei mais do que capaz, serei determinado, não vou ficar tocando harpa enquanto meu mundo pega fogo, agora não é hora para sutilezas.
Eu não me arrependo disso, eu tenho orgulho disso, não pedi à vida que tive, mas ela me foi dada mesmo assim e fiz o melhor que eu pude.

É preciso então acrescentar outras conversas, vamos a elas.
– Tem certeza que quer contar?
– Tenho, eu preciso esclarecer tudo, pode haver quem me veja como ingrato, tem de saber que eu fui a vítima e que fui traído.
– E a exposição, todos poderão ler?
– Esse é o lado bom da verdade, não tem que se programar.
– Você sempre tem escolhas, saber se vai conseguir viver com elas essa é a questão.
– Sei que uma escolha não resolvida tem o poder de arruinar a nossa alma.

As coisas podem até dar errado, mas não se deve deixar ninguém definir seus limites a partir de sua origem. O único limite é sua alma. – Ratatouille

– Podem acontecer coisas terríveis, eu sei que não é o que você quer ao começar isso.
– Eu não comecei isso, foi ela, se não entende isso não está do meu lado.
– Você precisa relaxar, quanto a mim você deve saber que vou ficar do seu lado.
– Então nunca me fale pra esquecer ou perdoar, não enquanto eu estiver me corroendo.

– Me diga uma coisa, porque viver a sombra de quem devastou sua vida, porque não ficar a quilômetros, é sua forma desafiadora de mostrar força?
– Vou responder com uma frase lapidar*: Para legitimar, lembro como o valor da vida pode ser mensurado pela nossa força de resistência, que temos a capacidade incrível de resistir a fadiga, de aguentar a dor, de seguir lutando, contanto que não esqueçamos pelo que estamos lutando.
* Lapidar. adj.m.f. (fig.). Declaração tão clara no significado e na concisão como o que se inscreve na pedra. A que encerra um pensamento de ordem geral e de valor moral.
Porém, como é que alguém continua com a vida sabendo que descendeu de tanta aversão*?
* Aversão. s.f. 1. Rejeição, recusa, desgosto.
– Abandonando a alma.
– Foi isso que você fez?
– Não faça o que eu fiz.
– Talvez eu deva, para lidar melhor com essas verdades.

– Aquilo tudo liberou algo na sua mente que está te consumindo.
– E você vai tentar me tirar desse surto?
– Farei você lidar com ele. Esse capítulo negro em sua vida acaba e poderá seguir em frente.
– Eu não sei se consigo.
– Não deixe essa coisa te consumir.
– Pode ser tarde. Talvez eu devesse morrer.
– Não acredita nisso de verdade, não é?
– Eu não sei mais no que acreditar. Estou a beira do precipício.
– Mas a estratégia está no centro da tragédia, porque se do abismo não houver altura a se cair, nem orgulho pela vida que viveu, você não tem nada a perder, e quando se está em queda livre para desgraça* a única forma de mudar a velocidade é usando-a a seu favor. Quando você olha adiante e só enxerga a escuridão, só a razão e a determinação podem puxá-lo de volta do abismo.
* Desgraça. s.f. 1. Desaparecimento das boas relações que se tem junto a outra pessoa.

– Acha que é destino²?
(²) Conhece-se pelo nome de destino a força sobrenatural que actua sobre os seres humanos; um poder superior à vontade do homem que se supõe fixar de maneira irrevogável o curso dos acontecimentos, e as circunstâncias* que estes vão enfrentando ao longo da sua vida, é uma sucessão inevitável de acontecimentos.
* Circunstância. s.f. 2. Particularidade que caracteriza um fato, uma situação; que complementa e define um acontecimento.
– Não acho que passei por tudo isso por nada.
– Como você lida com isso?
– Sabendo que tudo é parte de um projeto maior.
– Como você não desistiu?
– Houve momentos em que pensei colocar um fim nisso, mas aí quem me injustiçou teria vencido.
– Quando a tristeza se torna ódio ela nunca vai embora.
– É um fato triste da minha vida sim. Acabei por me sublevar*, e a verdade estava do meu lado só precisava achá-la, e justiça não é vingança.
* Sublevar. v.t. 2. Aquele que está ou se sente indignado.
– A morte vem na hora certa, não há necessidade de apressá-la.

Torna-se pontual reproduzir o diálogo a seguir, um diálogo com pessoas que não tinham a ver com ela, mas como fugir dele?
– Você será uma ótima mãe.
– Afirma isso baseada em que? Eu tenho o pior exemplo de mãe do mundo.
– Sabe exatamente o que não fazer.


[A Vida Como Ela É]

[– Por que não me fala a seu respeito? O lado pessoal, me fala da sua mãe.
– Nós não temos a melhor relação.
– Porque?
– Resumindo: ela se intromete.
– Pelo menos ela se importa, comigo a minha mãe nem se daria ao trabalho. Nunca fui boa o suficiente nem inteligente ou bonita. Quando eu tinha 14 anos fiz um "feitiço" pra minha mãe me amar.
– E funcionou?
– Ah, não querido, nada pode endireitar o diabo, a minha mãe e eu nunca faremos as pazes . . mas eu faria de tudo pra ter outra mãe que fosse bacana.]

Entreouvido por aí.
– Ele disse coisas terríveis.
– Mas verdadeiras. Não ouse defendê-la. Não está me pedindo para questionar a integridade de uma verdade está?
– Eu confio no seu julgamento, e a narrativa dele me parece bem fundamentada.
– A verdade, um conceito que ela continua a desconhecer. E é óbvio que os fatos são irrelevantes para ela.
– Dia após dia ela vai se cansar de perpetuar essa falácia. Até o dia que vai acordar vazia, com nada além de arrependimento e infortúnio para preencher seus dias.

– Olha, eu aprendi que a maldade toma muitas formas, inclusive aquelas que pensamos que podemos confiar, porque ele foi injustiçado e por alguém em quem confiava. Isso vai ter repercussões.
– A chance de trazer justiça aos realmente culpados foi roubada dele, sua opção era perdoar, eu prefiro outras.
– Quando a decepção nos atinge tão fundo alguém tem que pagar.
– Não se pode deixar que um inocente pague pelos erros* de outros.
* Erros. s.m. 1. Falta, omissão, deixar de fazer o que é certo.

– Ele já passou por tormentas que a maioria nunca sonhou em passar na vida.
– E até os titãs precisam de um porto seguro nas tempestades pessoais.
– Não se pode tampar o sol com a peneira, para quem sofre na pele pode deixar marcas sérias, até com consequências trágicas.
– A marca mais profunda não está no corpo dele.
– Ele atravessou esse tempo despedaçado, ela é a fonte dessa dor, o que ele quis era o amor dela e o respeito, espero que ele não aceite uma coisa inferior do que merece, porque ela nunca disse o quanto ele é valioso.
– Situação muitas vezes escondida atrás de um rosto triste, um olhar de quem não vê mais sentido em nada, que mostra bem as consequências daqueles atos, e pra ser mais direta sabemos que esse desgaste todo tem uma única razão.
– Às vezes o que mais precisamos é saber que tem alguém ao nosso lado que nos apoiará, por isso quando alguém como ele surge e derrama essa dor, e a descreve sinceramente, e simplesmente lhe dá forma para que a entendamos, quando alguém assim surge, um visionário*, um entre os luminares, ou uma pessoa comum com um bom coração e bom senso, quando alguém assim surge, temos de lutar por ele. Não só para o bem dele, mas para o nosso.
* Visionário. adj.s.m. 1. Aquele que acredita em ideais, quando tem a capacidade de ver além.

– Como podem ver quase tudo mudou, isso mesmo, quase tudo exceto ela.
– Até mesmo entre os desacreditados e aqueles de maior e perfeito juízo, sabiam muito bem a probabilidade*, é apenas o saldo das atitudes dela.
* Probabilidade. s.f. 1. Aquilo que se pode esperar à realização de um evento, determinado pela frequência relativa aos acontecimentos.
– Acho que ela poderá começar a perceber agora que perdeu à estima, vendo que enquanto se escondia atrás de seu vasto repertório de atos falhos, que alguém ao seu redor evoluiu.
– Ela realmente acharia que ele iria esperar* pra sempre, que sacrificaria tudo até que só tenha lhe restado se manifestar, ela realmente acharia que haveria um final feliz após tamanha perversidade?
* Esperar. v.t. 2. Não agir, não tomar decisões, até a efetuação de um evento provável ou desejável.
– Não, como todos os contos sobre vilanias este acabará do mesmo jeito, primeiro ela cairá e depois queimará.

– Você disse que achava que estava sendo punida pelos seus pecados, não sabia que era uma mulher religiosa.
– É hora de encarar a punição pelos meus pecados. Andei pensando . . .
– Em procurar um padre? Para se confessar?
– Deus já sabe o que fiz. Estava apenas pensando.
– Não faça isso, não finja que não se importa, não se atreva a reescrever a história.
Contudo, mesmo assim se sente inquieta; um dia será julgada pelo que fez, no seu lugar começaria a acertar as contas agora.
A verdadeira misericórdia exige mais que uma confissão, é um chamado para redimir suas ações, se confessar não só beneficiará sua alma, mas será uma última chance.
– É um longo caminho pra se reerguer.
– E um pequeno preço para restaurar a alma.
– Só espero que eu possa consertar o estrago que causei.
– É fácil cair em falácias, mas não se deve apelar a elas para sustentar o que se tem a dizer, precisará mais do que suas palavras para me convencer.
Tenha a decência de admitir que está fazendo isso por covardia.
O seu remorso não vai mudar o que aconteceu. Eu me arrependeria.
Diferente do remorso, quando se ressente mas não há mudança de atitude, arrependimento requer mudança de atitude por se ter cometido um mal, é uma reação para atos passados, pessoais e comportamentais.
No remorso não há atitude, por isso não há perdão para o remorso segundo os cristãos.
Remorso não gera mudanças, apenas o pesar*.
* Pesar. s.m. 2. Sentimento interior; a razão ou motivo de alguma coisa.
Quem está consciente dos seus erros não se lamenta, se arrepende verdadeiramente e suplica* o perdão.
* Súplica. s.f. 2. Em que uma pessoa humildemente ou sinceramente pede a outra; em que pese a: ainda que lhe custe.
Você está velha demais para desculpas, é hora de assumir suas más escolhas.
Então sim, vai ter de responder por isso.

E no confessionário . .
Padre: Lamento, mas não posso dar-lhe a absolvição.
Por quê? A misericórdia de Deus não é infinita?
Padre: Sim, a misericórdia do Senhor é infinita, mas Ele jamais vai acreditar que você esteja arrependida.

– Uma vírgula muda totalmente uma sentença, ela absolve ou condena. Não, tenha clemência. Ou: Não tenha clemência!

– Eu queria um motivo, alguém que me dissesse por que tudo foi tirado de mim.
– Eu sinto muito.
– Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?
– Para responder isso seria preciso conhecer o que é desconhecido, a mente do próprio Deus.
– A verdadeira pergunta é por que um dia isso voltou pra me assombrar.
– Talvez algumas perguntas não tenham respostas.
– Isso é bom ou ruim?
– Existe algo melhor, fé, não saber as respostas não acaba com o encanto*, na verdade o torna mais incrível.
– Essa resposta eu vou ter de aceitar não é?
* Encanto. s.m. Uma reação do ser humano, criada em função de um estímulo, que provoca a sensação de interesse intenso, colocando aquele que estiver sobre esse efeito uma espécie de êxtase.

E enfim – termo usado para acrescentar algo às várias citações que vêm sendo dadas anteriormente – o epílogo* que pode ser incluído nesse roteiro.
* Epílogo. s.m. 2. O que é referente ao destino dos personagens mais importantes da ação, ou também revela fatos posteriores complementando-lhe o sentido.
Ela cruzou a linha divisória entre o bem e o mal. Não imaginam o que significa ultrapassar essa linha, mesmo achando que se justifique.
O que faz repercutir a opção dela ao escolher ficar do lado de outrem em detrimento de³ mim, do lado da sordidez, da imoralidade.
(³) A locução 'em detrimento de' é usada no caso da contraposição entre dois elementos, sendo que um é escolhido e outro recusado, prejudicado, esta locução possui o mesmo significado de 'em vez de'.
Na ocasião os coadjuvantes foram complacentes, transigiram, compactuaram, ressoando então na minha mente a frase de uma dramaturga: quem se junta aos podres, apodrece.
Conhecem a frase, ‘a única coisa necessária para o triunfo do mal, é que as pessoas de bem não façam nada’?

Estar com alguém que não te coloca em primeiro lugar é abominável.
Ainda mais quando o preferido não é o filho, mas sim descendentes de outras pessoas, e até, tal como diz um exemplo em um provérbio tailandês, 'ele está entre nós mas não é um de nós'.
Isso já é um indício de que há algo estranho.
No livro Dúvidas De Mãe, a pedagoga Larissa Fonseca aponta sugestões possíveis, sem a pretensão de tornar ninguém uma mãe perfeita, mas sim uma mãe possível.
E, sempre que for necessário, reavaliar e mudar aquilo que ainda não está bom.

Sem querer e de forma perversa, a partir de um ponto ela acabou por ter um papel importante em minha vida, não tanto por me ter inspirado a ter valores como respeito e equidade – quando algum destes não faz parte do comportamento, os atos de injustiça se fazem claramente presentes – ou por ter contribuído para a minha transformação, o meu crescimento.
Muito pelo contrário, foi por me ter servido de exemplo negativo quanto àquilo que não se deve fazer.
Não foi propriamente por causa dela que insisto numa persistente busca nesse meu processo gradativo de evolução, forjado e lapidado até chegar aqui e consciente de que ainda devo melhorar muito mais, mas sim apesar dela.
Ora, não são apenas as pessoas que nos inspiram pela bondade a querer ser como elas, que são importantes para nós, mas também aquelas que nos inspiram pela Iniquidade, a não querermos ser como elas.
Eu admirava minha mãe, agora nem cuspiria nela se ela estivesse pegando fogo.

Como não poderia deixar de ser, a senhora não me desiludiu e esteve à altura das minhas piores expectativas.
E não, eu não estou te condenando, você mesmo se condenou pelas suas atitudes, a prática dos atos pessoais – que orienta o seu comportamento, referente à conduta de ordem valorativa e moral, responsável pelas consequências dos mesmos – quando cometeu toda a espécie de atos torpes⁴.
(⁴) Efésios 4:25
Existe uma balança para toda pessoa, em um dos pratos da balança fica o bem e no outro o mal, essas atitudes indicam qual é o equilíbrio da balança, e o seu pendeu para o lado errado.
Aguente as consequências, porque elas virão.

Pausa para ouvir o psicólogo Ted Feder falar sobre resiliência.
De acordo com o especialista torna-se necessário entender que é possível assimilar os fatos da vida, que até as tragédias servem também como aprendizagem.
'Existem pessoas que tem resiliência no começo da vida e a perdem com a repetição de tragédias, e existem aqueles que não tem e conseguem desenvolver.
Hoje na neurociência se procura o chamado "ponto de Deus", será que nosso cérebro não teria um ponto que não seria religioso e sim espiritual?
Como é pegar algo ruim que aconteceu e transformar aquilo, quem não consegue está fadado a ser infeliz5?
Há muito a se estudar, porque tem a importância psicológica, familiar, o ambiente.
Muitas vezes se acha que esperança pode ser algo vazio, mas nela tem o aspecto de que vai existir amanhã, então a parte espiritual contribui em muito, ou seja, amanhã vai chegar, quando temos esperança quando temos um sentido, isso também diminui o impacto da tragédia como sendo definitiva.
Neste sentido, a questão de resiliência é muito importante, respondeu completando.'
(5) Infelicidade: Sentimento que aponta as pessoas que não são satisfeitas no meio em que vivem, também é explicada ao que se considera mal-aventurado, inconformado; em estágio mais avançado, a mesma se mostra destruidora do conforto interior.

Porém alguma coisa boa nasceu de uma tragédia, que me ajudou um tanto, que me consola da dor e da tristeza.
Abri meu coração me aproximando mais de Deus.
Nunca antes estive tão perto assim, à medida que me aproximei d'Ele aumentou a certeza da justiça divina.

Minhas perdas ao longo dos últimos anos foram quase demais para suportar, mas eu prometo, jamais descansarei até receber a justiça que mereço.
O que me levou a lutar com muita dificuldade, muitas vezes só.
Nestas situações busquei força, só Deus sabe onde, mas consegui, e acabei por me descobrir forte e corajoso.
Isto exigiu sempre uma força interior tremenda e uma crença gigantesca em mim mesmo, e apesar de ter momentos em que fraquejava, mas só por um momento, para em seguida me levantar e continuar em frente, pois buscava e encontrava a fé sobre mim, e acabava assim por descobrir que estava certo.

Sabem, quase toda a minha vida eu só tive fé em uma coisa, naquilo que eu podia ver e tocar.
Mas nesses últimos anos houve uma "tempestade" de proporções épicas, por quê?
Porque estou sendo testado por um poder que é maior que qualquer um de nós.
Muitas vezes somos testados, então, precisamos buscar nossas forças, lá no fundo da nossa essência e apostar que somos maiores que aquela situação que se apresenta.
Estou sendo testado, para ver se sou digno.
E após esses testes eu encontrei a minha fé.
Estou aqui por um motivo, e o que eu quero saber é em que você tem fé.

A dor, no entanto, resolveu marcar presença, aquela dor precisava passar. Eu preciso que passe.
E não ‘estava’ disposto a perder um minuto sequer.
Até que um dia comecei a relatar, jogar palavras no papel, para então perceber o que já me era notório, nunca nada pareceu tão certo.
Fez-se o desenvolver dessas linhas, resultado da terrível dificuldade para conter minha inquietude, eu estava pensando no que estava à caminho, mas, não esqueci de me preparar auspiciosamente, para o momento pelo qual esperei tanto, e quase que religiosamente colocar tudo o que precisaria para fazer alguma informação ganhar conhecimento, disseminá-la, de uma forma bem contundente.
Mesmo assim fui moderado nos meus escritos; certamente ela irá negar, dizer que menti, ou que perdi o juízo, ela recorre a raciocínios enviesados para justificar atos indefensáveis.
Acontece que conheço ela a vida toda, e justiça não é uma coisa que se destaca na lista de atributos dela.
E aqueles que presenciaram acontecimentos, fatos, poderão usar o direito de ficarem em silêncio.
O importante, não é saber no que eu acredito, mas sim em saber o quanto você é capaz de duvidar.
Mas, como disse um padre, eu tenho em Deus e na minha consciência duas testemunhas permanentes.

E, claro, abençoada foi a pessoa por quem tenho eterna gratidão6.
(6) Gratidão é um sentimento de reconhecimento, é uma espécie de dívida, é querer agradecer a outra pessoa por ter feito algo muito benéfico para a gente.
É uma das características mais importantes da fé, por esse motivo, a gratidão a Deus e consequentemente a outra pessoa é uma das qualidades de quem acredita em Deus.
A gratidão traz junto dela uma série de outros sentimentos, como amor, fidelidade, amizade e muito mais, afirma-se que a gratidão é um sentimento muito nobre.
Uma persona muito mais do que especial, e sempre faltarão adjetivos para emoldurá-la, a qual tenho apreço absoluto e nutro um amor imensurável, vindo preencher, ocupar* o lugar deixado por ela, que para mim morreu há muito tempo, o dia do óbito dela será mera formalidade.
* Ocupar. v.t. Preencher um espaço de lugar e de tempo; acrescentar o que falta nos lugares, para torná-los completos.

Foi* quando, me viu abandonado, naquela noite devastadora, em que eu chorava a ponto de soluçar, e do alto de uma demasiada sabedoria, segurou minha mão e disse: eu sei bem quem você é, deixa ela pra lá, ela não te merece.
* Foi. v.c. 3. Desempenhar certa função. 6. [Filosofia] Aquilo que a realidade é de facto. 13. [uso impessoal] Chegar um momento no tempo.
E me acolheu – fui retirado de uma situação de muita angustia – me deu amor, me deu um lar, o que é absolutamente diferente de uma casa, me respeitou, me deu privacidade, respeitou minha intimidade, me deu uma família, tudo aquilo que ela me negou.
Intervenção divina!
Hoje 14/11/2017, me considero uma pessoa sortuda, a maioria dos contos com lição de moral não tem um final feliz, assim como essa crônica teria um final trágico, mas por algum motivo o Karma decidiu me poupar, e não cometi o derradeiro ato, porém não sem deixar marcas profundas e feridas abertas – aquilo que encerra o texto nas escrituras de Santo Agostinho: O homem possui enfermidades que não cicatrizam.

Para sugestões, criticas, xingamentos e maldições envie um e-mail.

Fim da crônica.