sábado, 14 de novembro de 2015

MANIFESTOS INTEIROS SÃO ESCRITOS PENSANDO-SE EM UMA MANEIRA DE SE METER NA VIDA ALHEIA

Vivem preocupados com que os outros estão fazendo e postando nas redes sociais.
A vontade de bisbilhotar e compartilhar na internet é enorme quando se trata de criticar e falar da vida dos outros.
Qualquer pessoa com um smartphone e uma conta na rede social pode ser um potencial espião.
Pronto para jogar na rede o quanto fulana é vulgar ou mostrar quão feio é beltrano, mesmo que nunca o tenha conhecido, incluindo aí também, quaisquer outros lixos.
E estão compartilhando, porque . . sabe-se lá . . enfim, como tem gente idiota nesse mundo não é?

Na medida em que querem se intrometer em nossas vidas, aumenta meu repúdio pela vigilância sobre a vida privada.
Até comentei com um amigo: Estamos chegando no dia em que precisaremos justificar a nossa ereção.

Mas de fato estão olhando pelo buraco da fechadura.
Uma empresa demitiu por justa causa um funcionário por uma 'curtida' no Facebook, em um comentário considerado ofensivo e o Tribunal Regional do Trabalho considerou válida a demissão.
O advogado especializado em tecnologia da informação Omar Kaminski disse a respeito, que é preciso começar a defender a 'curtida' como exercício da liberdade de expressão.
A Suprema Corte dos EUA por exemplo, foi a favor da liberdade de expressão na 'curtida' em um caso.

Prezo pela liberdade individual e outros direitos fundamentais, como a liberdade de expressão.
Daí a aversão por “poderes” instituídos, centralizados, que “pensam” por mim.
A liberdade de cada um de nós é um valor que não pode ser suplantado em nome de pretensas causas.
Pessoas a serviço de ideologias, que tornam a pedir a intromissão do Estado na vida privada e na vigilância sobre todos.

Fico um tanto quanto indignado com a fiscalização e, sobretudo, com a intromissão dessa gente que não tem nada com nossa vida, mas que necessariamente precisam se meter na vida alheia de alguma maneira, seja fiscalizando o salário, a roupa, etc, dos outros.
Começam questionando a minha risada, terminam querendo controlar a minha ereção.
São aqueles que não fazem parte da negociação e não tem que se intrometer.

A sabedoria popular pode até não ter um status científico, porém quase sempre acerta quando se refere à natureza humana.
Ela tem um ditado para designar pessoas que vivem a se preocupar com a vida alheia.
Esse ditado define de modo bastante preciso essa inclinação do ser humano.

A regra mais básica é: Não se meta na vida alheia.
A não ser que deseje que se metam na sua vida, certo?
Que tal então repensar a maneira de ver o mundo, em vez de 'sentar sobre o próprio traseiro e apontar o dos outros'?
Quantos se dispõem à reflexão?

domingo, 8 de novembro de 2015

A INTERNET HOJE SE DIVIDE ENTRE QUEM CONDENA E QUEM É CONDENADO

O veneno alheio é inesgotável.
As redes sociais permitiram que pessoas que não "tinham voz" pudessem se expressar, mas o lado sombrio dessa conquista emergiu.
E acabou-se criando uma "arma" de destruição em massa.
Trata-se do linchamento virtual.

Certas pessoas gastam tempo e energia para o maniqueísmo, a filosofia dualística que divide o mundo entre o bem e o mal.
Isso ganhou novas e absurdas fronteiras no vasto mundo da internet.
Assim então, ficam satisfeitos por promover a desordem.
Como cantou Caetano: alguma coisa está fora da ordem.

Acreditava-se que as redes sociais era um lugar para compartilhar coisas boas, como vídeos, fotos.
Também mostrar que se está mais feliz que os outros, vá lá.
Mas grande parte dela virou um mural para postar a raiva sobre tudo, inclusive coisas que acabam virando motivo de revolta coletiva.
Agora acrescente nessa receita pitadas industriais de amargura, no sentido figurado de padecimento moral (provem no grego de uma palavra que significa ferir), e o resultado são heresias - fora do contexto da religião, uma heresia também pode ser um absurdo ou contrassenso.

E se tem uma coisa que comentaristas raivosos, paranoicos assustados, preconceituosos, e "juízes" mal embasados têm em comum, é a incapacidade de apontar lógica no próprio raciocínio.
Um grupo que dá a conhecer a sua postura, a falta de consonância, de consenso, de entendimento.
Carecem de alinhamento, por assim dizer, uma direção, com um traço característico, uma tendência, quando aderem, de acordo com uma determinada ideologia.
Significa que estão a abraçá-la deliberadamente, basicamente aquilo em que se crê e que se pretende, por outras palavras, estão a fazer tudo para integrar a mesma, juntar-se a todos que partilham aquilo a que se propõem.

A Internet em seus primórdios era chamada de aldeia global.
Agora as redes sociais tem um lado de aldeia inquisitorial, aquela da denúncia anônima, da acusação, da perseguição ao outro, onde se dão ao trabalho de escrever com os dedos cheios de ressentimento.
Com isso, tensões e embates são perpetuados, e não enfraquecidos.
Vejo aí um elogio histriônico da violência, à lapidação do nojo, do abjeto, à verbalização de excrescências afloradas do rincão mais asqueroso do espírito humano.

Numa época em que tudo precisa de uma "explicação sociológica", não há Inquisição que consiga competir com os pecados ditados pelos "sociólogos" de plantão.
Para que ter religiosidade hoje (precisamos diferir o ser possuidor de religiosidade, do religioso), se eles inventam uma culpa nova todos os dias para carregarmos nas costas?
Em comparação com o Tribunal Eclesiástico que admoesta os cristãos, eles são muito mais eficientes em apontar nossas falhas morais.

O escritor Christopher Hitchens por exemplo, acusou Madre Teresa de Calcutá por crimes contra a humanidade.
Mas isso ocorreu antes do advento das redes sociais.
Basta se conectar na web a qualquer hora do dia para tomarmos uma enxurrada de sermões e descobrirmos que somos os maiores responsáveis por tudo o que acontece de pior na sociedade.
Sermões, repressões e lições de moral estão na página da rede social de qualquer um, compartilhados por muitos.
Ao ler algo na página pessoal é que nos damos conta dos "nossos erros".

Adotar comportamentos anonimamente na internet pode liberar a agressividade dormente?
Pois impressiona o grau de virulência com que muitas pessoas se manifestam nas redes, em geral resguardadas pelo "anonimato".
Seria esse fator, o combustível para agressividade?
Agiriam assim se estivessem frente a frente com os outros?