domingo, 28 de março de 2021

‘A TRAMA FAMILIAR DA MÃE ABUSIVA’

'A rainha maligna.'
Nesse texto Silvia Malamud, psicóloga, revela as dinâmicas perversas dessa mãe.
Graças a artigos como este e outras fontes de conhecimento o que antes era pouco ou nada identificável como abuso materno hoje cada vez mais é conhecido.

‘A mãe normal e saudável é orgulhosa dos seus filhos, mas a mãe abusiva percebe os filhos como uma ameaça, ela não pode ficar numa posição de inferioridade.
Quando algo é questionado, não admite os erros e jamais pede desculpas, mas, para ela, é tudo de bom, pois sente-se poderosa à custa dos filhos, pois projeta neles a gata borralheira, o filho invisível, o filho de ouro, o bode expiatório; ninguém escapa dessa ditadura de terror.
Esse território é orquestrado de modo cruel e, por causa da capacidade altamente manipuladora dessa mãe, qualquer espécie de confronto é brutalmente combatido.
Nessa trama existe o filho considerado bode expiatório, que, apesar de ser o mais insultado e o mais desqualificado, é o único que costuma enxergar o que se passa e, portanto, o único que ousa questionar e, por vezes, confrontar essa mãe.
Quando esse filho questiona, é severamente atacado por essa mãe abusiva, que se mostra enfurecida ao ser confrontada.
O fato é que o filho questionador recebe constantemente críticas e a raiva dessa mãe, ele é considerado um filho mau.
Toda vez que esse filho ousar questionar os motivos pelos quais foi visto como o errado, como o vilão de situações injustas e indagar sobre os motivos de ser maltratado enfrentará as piores e as mais devastadoras das iras.
Ofendida, determinará que esse filho vá embora, nessas ocasiões o marido ou o filho escolhido, que funcionam como mais um abusador, entram em cena, evidenciando uma aliança com a poderosa vilã da nossa história que de todas as formas abusa do lugar de poder culturalmente a ela oferecido.
Estes, na maioria das vezes, encontram-se bem mais comprometidos do que o bode expiatório e dificilmente conseguem saber que se encontram emocionalmente sequestrados.
Mesmo quando suas crias já se encontram adultas, fará escândalos, cenas e mais cenas e, como sempre, inverterá papéis, colocando-se como vítima, mostrando-se magoada, desqualificando-os, inserindo culpas e acusando-os de não serem bons filhos.
Tanto o teatro da vitimização quanto o da acusação dessas mães são extremamente agressivos e potentes, a mãe abusiva é habilidosa em se fazer de vítima e dizer que o filho é ingrato.
A memória da mãe abusiva é seletiva, ou seja, ela só se lembra do que lhe convém, mas, quando é para vitimizar-se lembra-se de tudo em detalhes inclusive com verdades inventadas.
A mãe abusiva acredita genuinamente que é melhor do que as outras pessoas, se sente tão importante a ponto de acreditar que tudo é uma conspiração contra ela.
Ela jamais assume a responsabilidade por qualquer infortúnio causado aos filhos, ela não possui empatia, ou seja, não consegue se comover com o sentimento deles, e, mesmo que haja muito sofrimento, a falta de empatia persistirá.
Falta de empatia e distorção de verdades são apenas algumas das ações de mães abusadoras emocionais.
Faz uso de manobras, o discurso perverso dela é hábil em inverter verdades, jogando para o filho toda a culpa, usando de suas armas geradoras de sentimentos de desamparo, de rejeição, de desproteção e de abandono.
Cria toda essa situação de modo muito preciso, o que chamamos de estrupo emocional, então a vida do filho fica destruída, pois emocionalmente é totalmente inferiorizado e ele não da conta de existir como pessoa dentro desse tipo de trama, tudo isso faz muito mal a ele.
O efeito desta trama costuma ser devastador, a consequência pode ser um relacionamento altamente destrutivo na medida em que ele é desacreditado em suas percepções enquanto está sendo abusado emocionalmente.
Se a pessoa não despertar a tempo, passará por um inferno solitário e não poucas vezes, ainda quando lúcida, poderá ser desacreditada diante dos outros.
A questão do abuso materno e de suas implicações é um tema extremamente necessário de ser visto, conhecido e reconhecido.
Hoje são reconhecidas como uma das relações mais destruidoras que se pode existir, é tão grave, que ao se comparar as características dessas abusadoras com as de um psicopata propriamente dito, poucas diferenças serão encontradas.’

Acredite, eu sei muito bem o que é isso, essa trama - SOBREVIVENDO NO INFERNO - tinha tudo para dar errado e, sendo sincero, alcançou tal objetivo.
É muito complicado viver com mães doentes emocionalmente, e o impressionante é ver que vivem sem nenhum remorso e ainda continuam a culpar filhos pelas más escolhas que fizeram na vida.
Um verdadeiro inferno que, muitas vezes, se faz necessário um afastamento emocional severo ou até mesmo físico, quando não há contenção possível desse adoecimento psíquico dessas genitoras.

Os filhos de mães abusivas são duplamente abusados, uma vez quando ocorre e outra quando ele diz a verdade sobre a sua genitora. – Linda Martinez-Lewi