quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A LIBERDADE DE EXPRESSÃO INCOMODA

A vida era menos complicada antes.
Falta bom senso, muito mesmo, qualquer coisa que se diga já vira uma tempestade.
O objetivo final da patrulha politicamente correta, é uma política que consiste supostamente em tornar a linguagem neutra em termos de discriminação e evitar que possa ser ofensiva.
Entretanto existe uma diferença enorme entre um ato com caráter ofensivo e outro que não tenha este propósito.

Tudo o que é dito precisa passar pela “avaliação moral” deles, o que geralmente, implica em um “tribunal para apreciação de juízo”.
Quem decide romper com o ciclo da “nova ordem” é chamado de politicamente incorreto.
E quem não for politicamente correto será alvo de muito apedrejamento, ainda que tenha fundamentos para o que diz.

A limpeza do politicamente incorreto está alcançando um extremo inédito.
Eles estão atentos a tudo, e cometendo os maiores exageros que se pode imaginar, inclusive defender coisas absurdas.
O Ministério Público Federal em Uberlândia, resolveu ler o dicionário e "encontrou" expressões pejorativas e preconceituosas sobre o verbete 'cigano', e por isso defende o fim da circulação do Dicionário Houaiss.

Já um registro do Ministério da Educação defendeu que se pode falar errado, pois se trata de uma realidade cultural, se alguém disser que o outro está falando errado, será preconceito linguístico.
Ora, quando se vai para a vai para a escola, é para aprender a ler e escrever de forma correta.
Não que se deva falar o português rebuscado do século XIX, e sim falar com concordância verbal, mas para o MEC não se pode corrigir, pois isso é preconceito linguístico.

Chegaram ao ponto absurdo de propor censura aos clássicos.
Resolveram condenar algumas obras artísticas sob o pretexto de que são ofensivas.
O Conselho Nacional de Educação, ligado ao MEC, publicou um parecer aprovado por unanimidade, feito a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, onde aponta racismo na obra de Monteiro Lobato.
Se Nelson Rodrigues despontasse hoje, é certo que haveria um movimento que faria de tudo para calá-lo.

E não é só aqui, na Itália uma ONG está tentando banir o livro A Divina Comédia de Dante Alighieri, sob a alegação que a obra apresenta elementos antissemitistas e discriminação contra homossexuais.
Desta forma, se condena culturas.
Tentar banir essas obras é de uma estupidez tamanha, que essa gente deveria ser condenada a estudar história.

As vozes do politicamente correto atrapalham a própria “causa” para os seus protegidos, e o resultado acaba sendo esse panorama de contrassensos.
Com isso cria-se uma geração tola, confusa, idiotizada e despreparada para encarar o mundo.
No entanto, já houve um tempo que era possível ver o Pica-Pau acendendo um charuto – o personagem quebrou tabus com histórias repletas de menções ao tabagismo ou sexo – e não era sugerido que “influenciaria nossas crianças negativamente”.

Filmes divertidos dos anos 80 são revistos sob a ótica do politicamente correto, vale até destruir a infância, atacando-os.
São controvérsias dessa turma politicamente correta que questiona coisas tão idiotas, mas toleram funk com letras desrespeitosas à mulher e cheias de apologia ao sexo.
Dai, vemos crianças cantando letras com 'bunda', 'vou te pegar' e 'cachorra', gerando a erotização precoce.
Mas isso pode não é?
Afinal a indústria precisa vender.

Nesse cenário surge um projeto de músicas infantis politicamente corretas.
O Cravo Brigou Com A Rosa E Foi Preso Pela Lei Maria Da Penha, Boi Da Cara Afrodescendente, Atirei O Pau No Patriarcado, Estava A Senhora Da Melhor Idade A Fiar, etc.
Então em vez de pedir na padaria um bolo Nega Maluca, deverei solicitar torta Afrodescendente Portadora De Necessidades Especiais.
Quer dizer que ser dissimulado é ser politicamente correto?
Se for prefiro não ser.

Reitero que minha crítica ao sistema não é uma novidade.
Ainda sou capaz de avaliar eu mesmo o que me ofende.
Quebrando paradigmas e indo atrás do que acredito, mesmo que isso choque quem está ao meu redor, ou explodindo as relações impostas pela sociedade.
Por conseguinte, a filosofia grega diz que: o homem é possuidor da linguagem para exprimir seus desejos e contrariedades; para reger, através de manifestações, seu destino e de seus convivas.
Portanto, cada um deve ser livre para avaliar o que é ofensivo para ele próprio.