quarta-feira, 2 de setembro de 2015

MELHOR SER LIDO DO QUE ESTAR MORTO

Isto só vale quando há uma boa história para se contar.
Não estou morto ainda, então posso escrever.
Sei que não vou durar para sempre, portanto vou aproveitar o tempo que me resta.
Desde sempre registrei tudo para que se pudesse entender o contexto, tentando fornecer um caminho para se compreender a mensagem.
Minha mensagem está enraizada. Por definição: Significação profunda de uma obra literária.

É que há toda uma trama a ser contada por entre esse discurso.
O discurso é algo que vai além dos textos.
É a exposição de frases ou palavras, sobre determinado assunto orientados para argumentação ou demonstração.

Resolvi retomar esta atividade pelo feedback extremamente positivo de um Amigo.
E não, não houve uma crise de criatividade, ou o que o valha.
O meu processo criativo consiste numa ininterrupta construção e arquiteturação de ideias.
A inspiração é apenas o impulso da construção, é aquilo que me leva a desejar fazer isso, ou não.

Acredito no poder da palavra como arma e instrumento para melhorar o mundo.
Acredito no poder das ideias.
Afinal fugir das palavras é perpetuar o engano. Em um sentido cartesiano de ser.
Ou seja, com características excessivamente racionais, que começa duvidando de tudo, convencido de que tanto a opinião tradicional como as experiências da humanidade são guias de mérito duvidoso.
E em seguida, analisar axiomas simples e raciocinar com bases neles, até chegar a conclusões particulares.

Meu texto enceta como eu explico minha arte.
Meus escritos querem simbolizar conexão e presença, replicando com realismo, ou seja, responder, quando se deve obedecer calado.
Responder a quem contesta ou nega uma afirmação, sendo útil, relevante e sem parecer invasivo.
Como algo que sustenta e ao mesmo tempo é sustentado pelas minhas convicções, que permitem que defenda e legitime meus conceitos, e sempre coerente com minhas crenças.
Exprimir o mundo que me rodeia por meio de significados próprios, celebrando um sentido não convencional, mas cujo uso corrente lhe confere uma certa fixidez.

Também procuro escrever de forma clara, em letras dóceis, em língua universal, para fácil absorção.
Buscando tocar as pessoas, comunicando-me adequadamente.
Um conjunto de ideias organizadas por meio da linguagem de forma a influir no raciocínio, ou quando menos, nos sentimentos do leitor.
A capacidade de conectar ideias em parágrafos coerentes e coesos.

Então, quero entrar no imaginário dos que me leem, como uma referência para a reflexão.
Quero ser responsável por confrontar as pessoas e seus ideais de coexistência.
Tentando despejar o etanol do entusiasmo quando escrevo.
Criando um caldo de cultura.

Literatura, hoje, é uma atividade exercida por excêntricos, algo exótico.
Mas desde que o mundo é mundo, boas histórias sempre tiveram o poder de cativar as pessoas.
Aí está Shakespeare, cuja obra continua encantando o público depois de quatro séculos.

Quero misturar história e ficção.
Histórias narradas em prosas.
Ficções que quando bem escritas são mais reais do que as realidades.
Quero relatar essas histórias silenciosas.
Elas envolvem realidades alternativas, passagens temporais, erros passados e arrependimentos.

Uma não ficção enigmática e despretensiosa que, se tivesse a marca de um literato conhecido estaria fazendo milhões neste momento.
Tento acordar todos os dias, para promover o debate.
Pois eu produzo conteúdo, fomento discussões.
Enquanto tem gente vendendo curso sem qualquer embasamento teórico ou vivência, com muitas palavras sonoras e frases empoladas porém pobre de ideias.
Mas eu não tenho a expertise, ou esperteza dessas pessoas.
Especialistas em gramática que não entendem de literatura.

Contudo, é bastante complicado deixar nossa marca no mundo.
Mesmo assim ouvi: ele queria que as pessoas lessem o que ele escreveu.
Ele é um escritor!
Uma pessoa articulada, esse é um homem que começou a sua carreira como escritor, e conhece o poder exato das palavras.

E li: você é um excelente colunista, os seus artigos são muito ricos para abordagem de assuntos do cotidiano e formação de opiniões nos diversos níveis sociais.
Existe um lugar sobrando no mundo para você, esse lugar está só lhe aguardando, por isso vá, não desista por nada, pois você chegará lá.
Do contrário, o dom que Deus lhe deu seria em vão. - Charles

A literatura prescinde de leitores para existir.
É o que os escritores querem.
Um público para suas palavras, suas visões, para sua verdade.
É o que todos nós queremos.
Uma chance de dizer o que sentimos, em que acreditamos, como a realidade é para nós.

Pois o que é um autor?
É um criador que faz e produz obras diferentes das de seus predecessores.
Afinal, há uma diferença entre querer ser escritor e a escrita em si.
O querer é o prêmio.
A outra é o trabalho.

Posso até fingir que tenho audiência relevante e posar como quem precisa esclarecer algo para meus leitores.
No meu caso, parafraseando Arthur Xexéo: meus quatro diletos leitores, e egrégias leitoras.
Todavia, meu blog é um blog de autor, eu opino, digo o que penso.
Incluo nas minhas crônicas um questionamento para que o leitor reflita e tire as suas próprias conclusões.
Pois pode-se até esquecer do mensageiro mas lembra-se da mensagem.

Entretanto o instrumento que tenho para me comunicar é ridículo.
Eu escrevo, o que é isso perto do poder de fogo da "mídia"?
Deveras, o conforto é saber que Machado de Assis também usava isso.

A leitura traz ao homem plenitude, e a escrita exactidão. – Francis Bacon

Artesanar palavras sempre foi ofício de loucas e loucos. – Fernanda Pompeu