segunda-feira, 13 de junho de 2016

COMENTARISTAS DE FACEBOOK, ESSES FILÓSOFOS DE BOTEQUIM

Uma geração inteira de bocós.
Nas redes sociais há muitas afirmações com pretensão de verdade absoluta.
São as ilusões das certezas.
Estamos em uma era que se consegue facilmente criar uma ânsia exasperada, o que pode ser ruim.
São os perigosos efeitos de conhecer o mundo através apenas das redes sociais.

O Facebook é o centro da vida de 1,4 bilhões de pessoas no mundo e de 50% dos brasileiros.
Desses, 67% informam-se prioritariamente por essa rede social.
Ou seja, tem nela sua fonte primária de notícias e informações.
Uma parcela enorme dos brasileiros conectados não conhece nada na internet além do Facebook.

Com o objetivo de fazer a rede social ser cada vez mais “relevante” para os usuários (para que eles não saiam nunca de lá) e com a “nobre” e autoproclamada missão de levar a internet para os dois terços da população mundial que não têm acesso, o Facebook toma medidas extremamente centralizadoras e questionáveis.
Quase 100% desses usuários não fazem ideia de que o Facebook edita o que eles vêem em suas timelines. De que a rede social tem um algoritmo escrito por um menino de 27 anos que define o que esses 1,4 bilhões de pessoas devem ler, e que isso empobrece a visão de mundo e fere um princípio básico da internet, o de fornecer acesso à informação sem censura.

Será que eles acham legal ter a visão de mundo determinada por terceiros?
Será que não se sentem meio idiotas sabendo que o conteúdo que acham que estão escolhendo consumir, na verdade, foi escolhido por outro alguém?

Mas redes sociais também têm vantagens, uma é o contato com pessoas que, de outras formas não estariam na nossa ‘roda’, seja pela distância geográfica, seja pela diferença de idade.
Daí, é curioso que o cheiro de mofo e o aroma de amanhã se cruzem na mesma rede.
Afinal, ainda existe a dificuldade de boa parte das pessoas da minha geração, ou das anteriores, em se posicionar nesse ‘trem’ estranho chamado internet.

Bem, a internet existe e, com ela, temos coisas boas e ruins, e outras que são, digamos, os dois ao mesmo tempo.
Pois é, a internet não perdoa . .
Dizem por aí existirem pessoas que no caso do Facebook acabar morreriam.
Perder um dia de Facebook parece significar perder tudo, inclusive 365 dias da vida dos outros.
É o medo de estar desconectado como aponta Rosana Hermann, escritora, jornalista e professora.

Senão vejamos: Em 27/01/2015 Facebook e Instagram deixaram de funcionar mundialmente por uma hora e meia.
Um grupo de hackers, o Lizard Squad, assumiu a autoria da queda do serviço, eles também foram responsáveis pelos ataques às redes da Sony e Microsoft.
Finalmente, durante 1h30 as pessoas voltaram a ter vida.

- Bons tempos aqueles em que internet era coisa de ficção científica.

sábado, 11 de junho de 2016

QUERO ROMPER COM A MANEIRA COM QUE ESSA DISTOPIA É USADA E PASSAR A SER AUTOR, ACRESCENTANDO UMA EXTENSÃO ÀQUILO QUE ME NOMEIA, QUE ESCOLHO PARA EU MESMO

Os pilares e suas implicações.
O bem mais precioso é a autonomia.
A sociedade valoriza o individuo que produz, tem dinheiro, decide o que fazer da vida dele.
Perder o poder de decisão é o grande pavor, certifica categoricamente, de modo insuspeito, o que já se tinha por verdadeiro, Mônica Yassuda, PhD pela Universidade da Florida.

Sustentado, também, por isso, submeto à apreciação:
Por que precisamos apreender a auto-suficiência?
Que influências poderiam nos impedir de se tornar auto-suficientes?
Como a auto-suficiência nos ajudará a suportar períodos de adversidade?

A base do pensar:
Quando somos auto-suficientes encontramos soluções para nossos próprios problemas, além do benefício de também nos capacitarmos a servir aos outros e cuidar deles.

Sem minha independência, minha alegria natural e, estilo de vida - modo pelo qual um indivíduo usa recursos para expressar, verbalmente ou por escrito, pensamentos, sentimentos, ou para fazer declarações - se tornaram distorcidos além do que posso reconhecer.
Tudo aquilo me fechou, me tornei uma pessoa auto-depreciativa, cansada, irritável.

- É propício, pois, repetir na íntegra: Porque a liberdade é uma bobagem quando não há independência.

domingo, 5 de junho de 2016

AINDA ONTEM CONVERSANDO COM UM VELHO SÁBIO, ELE ME FALOU: SE VOCÊ ACHA QUE AS COISAS ESTÃO MUITO RUINS, PREPARE-SE, ELAS AINDA PODEM PIORAR!

Nem Deus afunda esse navio (Titanic). - Thomas Andrews
A ideia de que tudo pode dar certo é uma predisposição genética, afirma a neurocientista Tali Sharot da University College London.
Ela diz: acreditamos ter controle sobre nossa vida e que podemos direcioná-la ao caminho certo.
Sabemos, contudo, que não temos esse controle.
Quando o mundo ao redor está desabando, a ponto de afetar as ambições individuais, a única forma de sobreviver é imaginar que o cenário geral tem chance de melhorar.

As pessoas se agarram a certas crenças como uma forma de ter esperança, mas não avaliam isso emocionalmente, de maneira racional, é o que as faz achar que estão certas mesmo quando existem evidências contrárias, até as claramente falhas.
Defendem a posição, seja lá qual for, que acreditam ser a ideal.
Há otimismo exacerbado diante da concretização de convenções sociais.
Aí se encontra uma armadilha do otimismo.
Quando se misturam indivíduos otimistas com os menos esperançosos, cria-se uma bolha, isso leva ao estouro da bolha de expectativas.
Em situações de alto stress, o viés otimista desaparece, no entanto é importante ressaltar que é possível aprender como que a vida nos dá de negativo, finaliza.

Seria saudável alimentar essa visão positiva do mundo, que, para os pessimistas, pode parecer excessivamente lúdica?
Como persistir nessa esperança em um ambiente repleto de desordem, ausência de concórdia, tomado pela injustiça?
Por que há pessoas que insistem em defender algo que se tornou um evidente fracasso?
Como permanecer esperançoso em cenários cruéis?
E quando a situação foge do nosso controle?

Saber que se é otimista não quer dizer que conseguirá ver o mundo por outra lente.
O PhD John Stapp explicou as variáveis que integravam a lei do engenheiro aeroespacial Murphy, um adágio ou epigrama, e enunciou a assertiva: se algo pode dar errado, dará.
Dizem ser uma das principais leis que regem os princípios fundamentais da natureza e do universo.
Murphy também conceituou: o pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude, o realista ajusta as velas e quem conhece Murphy não faz nada.

É inegável que essa lei, com seus corolários, princípios e máximas, têm sua principal explicação na memória seletiva e em tendências, como a inclinação à negatividade, que faz temer e recordar mais os casos negativos que os positivos ou neutros, e o viés de confirmação, que faz levar em conta só os exemplos que confirmam as crenças.
Sintomas de um tipo de insegurança que carregam no código genético.
Em todo caso, essa lei tem mais fundamento do que parece, às vezes até conta com pesquisas e provas que as respaldam.
Embora nem tudo dê errado sempre (seria um exemplo de correlação ilusória), longe disso, a lei de Murphy se cumprirá frequentemente, contanto que se de tempo suficiente.

O pessimista é um otimista bem informado. – Oscar Wide

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O DESÂNIMO É A ANTESSALA DA DERROTA

O entusiasmo é a inspiração dos deuses.
Não é verdade que, como disse Nietzsche, ‘o que não nos mata nos torna mais fortes’.
Em Altos Vôos E Quedas Livres, ensaio sobre a morte da mulher dele, Julian Barnes rebateu o filósofo alemão.
Há muitas coisas que não nos matam, mas que nos enfraquecem para sempre, escreveu ele.
Eu complemento que, elas tornam-se o instrumento pelo qual podemos estabelecer a valia, determinarmos a importância, o justo de algo alienável, no seu significado de determinar o valor de compreender, por exemplo, outros sofrimentos.

Um estudo concluiu que pessoas atingem o pico da infelicidade por volta dos 46 anos.
Pois é, felicidade não é um prêmio que se ganha depois de passar por muitas coisas ruins.
Tai uma frase que soa mais fatalista do que qualquer mal-estar de Nietzsche.

Duas questões são consideradas por especialistas como mal do século: ansiedade e pessoas altamente sensíveis (HSP na sigla em inglês).
E pesquisas provam que quanto mais inteligentes as pessoas são, mais propensas a certos problemas.
Pessoas com extrema sensibilidade estão sujeitas a isso.

Porém, nem todo mundo busca fontes científicas para entender fatos.
Diferenciar, matizar, dá trabalho, obriga a mexer com os neurônios.

A esperança é a pedra fundamental de todo cretino. – Nilo de Oliveira

quarta-feira, 1 de junho de 2016

AS COUSAS SÓ TEM SENTIDO QUANDO SÃO SENTIDAS

As pessoas dificilmente ouvem com o propósito de realmente escutar (e seu sinônimo observar).
A realidade por trás destas poucas palavras é tremendamente grande.
Quase sempre, as palavras são analisadas e tratadas como qualquer texto.
Todavia, a palavra precisa ser vivida e não discutida ou analisada.
O tratamento do desáudio jamais funcionou, o impor, só cria dor, e não ajuda a resolver qualquer situação.
Portanto, ao invés de questionar as palavras da pessoa com ar de descaso, tenha predileção por outra perspectiva.

Em Filosofia Clínica, quando alguém usa uma frase contextualizada, ou seja, apresenta as circunstâncias, teoricamente significa dar sentido real, trazer a realidade da coisa, apesar da realidade não precisar ser falada, pois ela é real para aqueles que a vivem.
Mas na maioria dos casos quem ouve está querendo o sentido literal, ou seja, compreender sem ajuda do contexto, e concluir que o que a pessoa expressou com o que disse, foi “determinada” coisa.
Não se dá ao trabalho de observar pormenorizadamente o que a outra pessoa disse, ao contrário, apenas está fazendo uma interpretação.
Isto posto, não sabermos o que significa, antes de inferir como a pessoa elaborou o que está nos dizendo e qual o significado para ela.

Em cada um de nós as palavras ganham seus significados de acordo com nossa história.
Cada palavra, som, aroma, gosto, pode estar ligado a uma série de conceitos que estão guardados em nosso intelecto.
Quando nos expressamos, são estes conceitos que estão sendo verbalizados, significados ao nosso jeito, da nossa maneira e segundo nossa história de vida.

As produções de M. C. Escher, por exemplo, servem de metáfora a certos conflitos, problemas insolúveis e cenários de pesadelo, onde nem tudo é o que parece ser.
Como, paisagens que desafiam a lógica, em que indivíduos impossíveis sobem e descem continuamente uma escada, sem chegar a lugar algum, repetindo ao infinito, atos fúteis e inúteis.
Ele dizia que para expressar algo impossível, absurdo, é preciso cercá-lo de uma normalidade previsível.

Por conseguinte, se alguém quiser construir um conhecimento coerente e consistente, será preciso afastar as pré-noções e os julgamentos de valor que estão presentes no senso comum.
O olhar que evita essas posturas, é o olhar do estranhamento.
Só que os outros não olham uma situação de diferentes ângulos.

Muitas vezes as pessoas olham e se contentam com o primeiro olhar para explicar algum acontecimento ou pessoa, o problema é que, por isso, não conseguem entender muito bem o que se passa, já que o olhar é também repleto de preconceitos.
Acontece das pessoas aceitarem aquilo que um primeiro olhar mostra.
Mas, ¬para entender a realidade, não basta lançar um único olhar, pois o primeiro olhar, muitas vezes, não é imparcial.

Contudo, podemos entender que há várias formas de olhar, e que, a cada vez que é lançado um olhar diferente, vemos de outro ângulo.
Assim sendo, que tal pensar em alguma coisa que pode ser olhado sob os mais diferentes ângulos?
Se então quiser fazer uma análise da realidade o mais isenta possível, deve-se tentar observá-la do maior número possível de ângulos e perspectivas.

M. C. Escher brincou com a credulidade desse primeiro olhar, ele ajuda na discussão sobre o que é certo e o que é errado.
Ou seja, o olhar imediatista que é lançado sobre a realidade pode estar errado e repleto de preconceitos que precisam ser deixados de lado.
O que ajuda a refletir sobre a relatividade de certos pontos de vista, da perspectiva dessas pessoas, pois quando se muda o ângulo por meio do qual se vê algo, pode-se às vezes compreendê-lo de uma forma melhor.
Afastar-se dos juízos de valor é um cuidado metodológico fundamental, porém as pessoas não querem fazer isso, não querem assumir outro ângulo para observar um fato ou acontecimento.
São obras consistentes, alimentos ‘sólidos’, que podem vos guiar para caminhos de profunda reflexão, um bálsamo, um lenitivo, um alento, como mensagens que vos ajudam a elucidar melhor as cousas.

- O artista nos mostra que não há uma única forma de olhar, infinitas são as possibilidades de observar a realidade.