DESABAFOS DE TODA UMA VIDA, À PESSOA QUE ME GEROU E ME CRIOU

Para aquela que não é mãe.

Sei que o convívio entre um filho e a mãe nem sempre é fácil e desentendimentos são normais, entretanto, há situações que ultrapassam tudo o que se pode representar amor e cuidados reais.
E foi assim, foi como eu descobri que minha relação com você, mãe, é disfuncional.

Mãe, eu olho para trás e vejo que, algo deu errado para você há muito tempo e deu início à uma série de comportamentos cruéis e nada civilizados seus.
Lembro que você foi negligente e perversa, em vez da mãe carinhosa que eu precisava, lembro-me de você estar muito ocupada para ser minha mãe, pois tinha que cuidar dos seus escolhidos (e olha que eu sou filho único).

Lembro que fui abandonado quando precisei de você, lembro que fui desmerecido, subestimado, desrespeitado na frente de outras pessoas, lembro que fui excluído.
E por que você me excluiu? Quem sabe, não é mesmo?

Foi traumático, a estupidez com que você me tratou foi algo devastador, minha exclusão sangra até hoje.
Sinceramente, sua longa história de comportamento abusivo a desqualifica para ser minha mãe.

Então, fica a pergunta: Mãe, será que eu posso chamar isso de um relacionamento saudável? Aliás, será que posso chamar isso de relacionamento?
Não, a verdade é que já não existe relacionamento entre nós há muito tempo, porque, você mãe, me deu o inferno - SOBREVIVENDO NO INFERNO.

A relação de mães e filhas não é cor-de-rosa, é ambígua, complexa, aquela história de "somos as melhores amigas" ou "minha mãe é meu ídolo" esconde mais do que parece. – Brenda Fucuta, jornalista.

COMO MINHA MÃE SE TORNOU MAIS UM EXEMPLO DE FIGURA ABUSIVA

Minha experiência com uma mãe emocionalmente abusiva.

Sei que isso poderá ser um choque para algumas pessoas, mas eu escrevi este texto para minha mãe, como parte da minha jornada de cura, e vou publicá-la, porque dizer a verdade é essencial para isso.
À medida que aprendi mais sobre abuso materno, especialmente com profissionais da área de saúde mental, percebi que o processo da cura pode exigir raiva.
Afinal, alguns de nós têm um inferno do que ficar com raiva - SOBREVIVENDO NO INFERNO.

Bem, é com profundo pesar que eu lamento dizer: Mãe, você é abusiva!
Sim, você é abusiva. Você é abusiva quando me desrespeitou, quando me subestimou, quando me excluiu, quando me abandonou, quando me agrediu psicológica e moralmente, quando me expulsou porta fora.

Quando quem mais deveria me amar age dessa forma significa que algo de muito errado está acontecendo, no momento em que você fez isso, não foi pelo meu bem.
Atitudes assim não são normais, o modo como você me tratou não deve ser encarado como normal, não é saudável e, sim, doentio.

Quando um filho é amado não há espaço para esse tipo de coisas, amor baseia-se em respeito e, toda vez que alguém perde seu direito básico de respeito é abuso.
Pois é, são tantas memórias traumáticas, tantas sequelas emocionais, feridas profundas impossíveis de cicatrizar.

Sabe, eu cheguei no meu limite e até que ele foi muito longe, você é mãe, mas esse posto não te livra de ser uma pessoa abusiva.
Então finalizo com um diálogo de Revenge, quando o personagem Daniel desabafa com a mãe Victória dizendo: 'as dores do meu parto devem ter sido terríveis para você ter feito o que fez comigo.’

O que deveria ficar entre mães e filhos é uma relação leve, de carinho e consideração, por tudo que já viveram e que já fizeram um pelo outro, não um poço de amarguras e tristezas. – Marcéli Paulino

O ABUSO EMOCIONAL MATERNO EXISTE

Pode não ser tão visível como as outras formas de abuso, mas existe.

Certos temas vistos como tabus, ainda estão longe de ver a luz do sol (é o caso do abuso emocional materno), a tendência é evitar o tema, apesar disso alguns profissionais de saúde mental se propõem a esclarecer um pouco mais esse assunto
É uma boa oportunidade de compreender a extensão da destruição emocional perpetrada por mães desse tipo.

‘Mães emocionalmente abusivas? Como assim? Mãe é tudo de bom.
Não, não é! Isso é o que diz o senso comum, o que diz nossa sociedade hipócrita e endeusadora da função maternal.

Sabe, no imaginário coletivo todas as mães dão tudo de si pelo bem estar das filhas, porém se olharmos com atenção podemos verificar que muitas dessas mulheres praticam abusos.
Mas nem todos os abusos resultam em hematomas e cicatrizes, eu falo do comportamento nada saudável, das atitudes perversas dessas mães, que machucam mais do que mil tapas.
Sim, porque isso tem nome e se chama abuso emocional, ele age de forma silenciosa, sem deixar marcas físicas, ele não pode ser visto mas deixa marcas impressas na alma.’

Em tempo: Não pense que isso só acontece com filhos pequenos ou adolescentes, eu sou um homem adulto e sofri um relacionamento abusivo com minha "mãe".
E eu não sou ingrato por enxergar isso; eu tenho o total direito de reconhecer que fui abusado emocionalmente - SOBREVIVENDO NO INFERNO.

Por mais que o nosso coração de mulher se recuse a aceitar que possa existir mães que abusem emocionalmente dos seus filhos, esta situação existe e com certa frequência. – Méroli Habitzreuter, escritora.

‘NÃO TENTEM SILENCIAR UMA FILHA SOBREVIVENTE DE MÃE ABUSIVA‘

‘Isso é mais um abuso.‘

Geralmente, os filhos de mães abusivas vivem em uma esfera de silêncio, mas uma mulher em um fórum abordou o assunto mostrando a todos que temos de quebrar essa “regra”.

‘Vivemos uma cultura cruel, que cala a gente por tudo, uma cultura que silencia você, a vítima do abuso materno.
O silenciamento aparece com diferentes caras e justificativas, é quando você ouve muito: “Nossa, que exagero”. “Deixa isso prá lá”. “Acima de tudo ela é sua mãe”.

E a gente segue como consegue, só que chega uma hora que isso começa a fazer tão mal que a gente tem que arrancar essa mordaça.
Então na próxima vez que alguém te disser “Mas ela é tua mãe”, ao relatar a negligência e o abuso sofridos que tanto te afetaram, lembre-se de que ninguém deve se calar e se conformar.
Basta! Temos nosso direito para dizer o que sentimos e validar nosso sofrimento.

Parem de romantizar relacionamentos abusivos, parem de santificar as mães, apenas parem, abuso é abuso! Não tem desculpa!
E permitam-me deixar uma coisa bem clara, nunca digam a uma filha de mãe abusiva: "Deixa isso prá lá", essas filhas são vítimas de abusos emocionais e psicológicos terríveis.’

Sim, é o momento de todo mundo parar, ouvir quem precisa falar, aprender com as histórias, refletir e reconhecer que mães são mulheres que têm filhos e elas podem ser abusivas - SOBREVIVENDO NO INFERNO.

Abuso é abuso, não deixe que ninguém lhe diga o contrário, isso inclui a tua mãe. – Dr. Tara J. Palmatier, PsyD em psicologia clínica.

QUER SABER MAIS SOBRE ABUSO EMOCIONAL POR PARTE DAS MÃES?

Então continue lendo isto.

Sabe, é mais fácil identificar mães abusivas quando elas praticam agressão física, mas quando passamos para o abuso emocional, isso muda.
Também é preciso ficar atento para o fato de que essas mulheres passam despercebidas apenas porque são mães e acabam sendo santificadas.
Mas a Gizelia Oliveira, irá aqui nos ajudar a esclarecer um pouco mais esse assunto.

'Que nem toda mãe é boa, que mãe nem sempre é um exemplo a ser seguido, que mãe nenhuma é sagrada, isso a gente já sabia.
Só que tem mães que nos dão uma surra mental até a gente pensar que elas não são nossas mães de verdade.
É quando ela agride verbalmente, negligência, oprime, magoa, nega nossa privacidade, nossa intimidade.

Então eu quero ajudá-la a entender que isso tem nome: abuso emocional, e por ter base psicológica, causa enormes danos, deixa marcas profundas.
Sim, tem mãe que acha que pode sair fazendo o que quiser, e que se a filha se afeta, é culpa da nossa fraqueza, como se a gente fosse super herói e não se abalasse com nada.'

Cabe também fazer um acréscimo; as psicólogas Silvia Rawicz e Michele Engelke, relatam que casos de abuso são mais comuns de acontecerem com as meninas, mas essas mães podem abusar de filhos também - SOBREVIVENDO NO INFERNO.

Uma enorme frustração para as filhas de mães abusivas é que todo mundo pensa que a mãe delas são maravilhosas. – Danu Morrigan