domingo, 2 de dezembro de 2018

DUAS FILHAS E O ABUSO PSICOLÓGICO

‘Tentei, muitas vezes, enxergar que ela age assim pelo meu bem, mas nunca consegui’.
Esse é um relato de uma mulher (ela prefere não se identificar), de 30 anos, publicado no site de Michele Engelke.

‘Apesar de saber sempre que a forma com que a minha mãe tratava a minha irmã e eu não era certa, nunca associei o seu comportamento à palavra abuso.
Como a maioria das pessoas, eu acreditava que abuso era somente de natureza física, portanto, “abuso” não era uma palavra que eu usasse para dar um significado concreto ao meu sofrimento.

O abuso psicológico não é tão óbvio, pois ocorre de maneira insidiosa, ele nos engana de tal maneira, que ainda acreditamos no ditado “paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavras não me machucam”.
Mas não se permita ser enganada pelas aparências, só porque você não carrega marcas visíveis do seu sofrimento não significa que não exista.
O abuso psicológico ataca você de fora para dentro, fazendo se sentir oca. É como ser atacada por um vírus de alta mortalidade.

Provavelmente nunca irei me recuperar por completo da crueldade da minha mãe.
Cada vez que ela conscientemente ignorava meus sentimentos, era uma lição sobre como me desumanizar.
Quando uma mãe despreza o filho, ela rompe o que poderia ter se tornado uma inclinação natural e sadia deste filho de amar e aceitar a si mesmo.
Em vez de me fazer sentir-me respeitada e valorizada, a minha mãe destruiu parte da minha alma.

Às vezes eu penso que seria melhor se ela tivesse me agredido com suas próprias mãos. Isso não quer dizer que eu subestime o sofrimento das vítimas de abuso físico.
Eu tenho certeza de que as cicatrizes deste tipo de abuso são mais profundas do que os limites da pele das vítimas.
Ser ferida fisicamente por alguém que, universalmente, supõe-se que a ame e a proteja, como um pai ou uma mãe, é a maior das traições.

Confie nos seus sentimentos, se você tem um relacionamento com alguém que a faça sentir pequena, inadequada, indigna, rejeitada, insegura, triste, irritada, e incapaz de ser amada, esta pessoa está abusando de você psicologicamente.
O momento em que você aceitar essa verdade marcará o seu renascimento.
É praticamente impossível erradicar 100% do efeito do abuso psicológico apenas com o reconhecimento desta verdade, mas você definitivamente se sentirá muito melhor depois de ter retirado esse peso das suas costas.
A culpa não é sua, está na hora de você se libertar de um fardo que não é seu’.

Sobre o mesmo tema, Freya L. Grayson deixou uma resposta, um detalhe que complementa e define um acontecimento.
'Parecem trechos da minha história, ainda bem que ambas superamos.
Pessoas só podem oferecer o que tem, e se nossas mães nos deram isso, que somos suas próprias filhas, as quais costuma-se dar o melhor, imagina o que não tem dentro delas?'

E ainda que para outra pessoa, e mesmo não se dirigindo a mulher desse relato, o resultado é que somos todos vítimas das circustâncias adversas; indicação comprovativa que determina o real significado de um fato (vide as atitudes abomináveis dessa senhora aqui em SOBREVIVENDO NO INFERNO).

Encontre um lugar interior onde haja alegria, porque a alegria apagará a tua dor. – Joseph Campbell

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

TODAS AS MÃES AMAM SUAS FILHAS. MESMO?

Momentos de sabedoria.
Michele Engelke, diplomada em Aconselhamento, em Terapia Cognitiva-Comportamental, certificação universitária em Psicologia, treinamento Avançado e Certificação em EMDR em Terapia e em Transtorno de Estresse Pós-Traumático, e fundadora da Liberty Counselling Luxembourg, tem a resposta para a questão acima que ela mesmo propôs.

‘Como eu acredito que o conhecimento liberta, gostaria de compartilhar com você um pouco do que aprendi.
A verdade por detrás do mito “todas as mães amam suas filhas”.

A realidade contradiz a generalização de que todas as mães amam suas filhas.
Existe um grande número de mães que não reflete esta suposta tendência.

Sim, as suposições colorem a sabedoria do senso comum.
Suposições são “verdades” que não precisam de comprovação cientifica para serem usadas como referência.

Quero ajudá-la a conceber a sua realidade além dos limites das suposições simplistas do senso comum.
Para que você se sinta inteira e capaz de se sentir aceita e amada, é preciso desfazer-se de crenças que não representam a sua história nem a realidade.

Grande parte do sofrimento de filhas de mães abusivas se origina na noção de que como filha, “deve ser amada pela própria mãe”.
Mas, assim como não é verdade que o amor de mãe é automático, incondicional e universal, o suposto “direito” a ele também não passa de uma ilusão.

Um dos grandes desafios dessas filhas na idade adulta é identificar-se como filha de mãe abusiva.
Assim como compreender o impacto que este comportamento abusivo materno de ordem psicológico/emocional teve e ainda tem nelas.

Além de tudo, um dos grandes problemas que contribui para a disseminação do comportamento abusivo de mães ao redor do mundo reside na falta de informação.
Enquanto temos plena ciência do que se entende por abuso físico, somos ignorantes em relação ao que seja abuso psicológico/emocional.

Então, os artigos aqui incluídos a auxiliarão a entender o porquê da sua dor emocional.
Pois se você concorda que mãe nem sempre ama, protege e cuida, fica difícil ignorar os fatos.
Nem todas as mães amam suas filhas. Você não está sozinha. Você não é uma exceção.
Espero que você aproveite esta leitura e que o conhecimento ilumine o seu caminho para a cura.’

Nada como a franqueza. A realidade é um conceito e a verdade uma percepção – para filhas e filhos (vide as atitudes abomináveis dessa senhora aqui em SOBREVIVENDO NO INFERNO).

A dor é o que rompe a carapaça que bloqueia a compreensão. – Kahlil Gilbran

domingo, 25 de novembro de 2018

– ‘MÃE É TUDO DE BOM, AMA INCONDICIONALMENTE, FAZ TUDO PELO FILHO, NÃO É?’

– ‘Se ela é tão boa assim, por que eu me sinto tão mal?'
Esse é o Testemunho de uma mulher (ela prefere não se identificar), de 29 anos, em um fórum, sobre 'o que é ter uma mãe tóxica'.
'Resolvi fazer esse desabafo porque me sinto sozinha nessa questão, eu e minha mãe temos um relacionamento muito difícil.
Ela sempre, desde que consigo me lembrar, fez de tudo para apagar minhas conquistas, para me deixar triste nos dias mais felizes da minha vida . . .

. . . bolsas de estudo, faculdade pública, promoção no emprego, e ela sempre menosprezando meus esforços.
“Não fez mais que a obrigação, você é uma decepção para a família”, são só algumas das frases que ouvi nessas ocasiões.
Nunca fui boa o bastante pra ela.

Ninguém liga pra como eu me sinto, só para como eu sou uma filha ingrata.
Mãe é sempre sagrada, blasfêmia, se queixar da mãe.
É difícil porque ninguém acredita em mim, tudo que eu escuto é “mas é sua mãe” ou “ela só quer o seu bem” ou “mães são assim”, ou ainda “faça um esforço, ela é sua mãe”.

Eu queria que a sociedade aceitasse melhor essa possibilidade de “divórcio” entre mãe e filha.
Um relacionamento abusivo de um casal recebe muito apoio para acabar, mas de mãe e filha não existe apoio nenhum.
Nunca estive tão perdida na vida, se não fosse meu namorado, sogros e amigos eu já teria desistido.

Porém, esses dias recebi um link de uma amiga sobre mães narcisistas, e aquilo foi um alento, não só pelo link, mas porque finalmente alguém viu minha dor, acreditou em mim.
Alguém que me entende quando eu digo que quero distância da pessoa que me pôs no mundo.
Finalmente aceitei a idéia de que minha mãe não é a figura idealizada que todos têm em mente.

Nem toda mãe sofre pelos filhos. Nem toda mãe se sacrifica.
Nem toda mãe coloca os filhos em primeiro lugar.
Nem toda mãe ama incondicionalmente. Nem toda mãe ama. A minha, pelo menos, não’.

Lara responde: Vou te falar o que eu fiz em uma situação parecida com a sua: Eu saí de casa, porque quando o assunto e Mãe abusiva, não tem muito o que fazer.
Passamos a vida esperando a melhora delas mas a melhora não chega e se você não começar a quebrar este vinculo com ela, sua mente vai acabar adoecendo.
Eu sei por experiencia própria que Mães toxicas tendem a paralisar a gente, mas sei também que é possivel sair deste ciclo apesar da dificuldade. Não desista, fica bem!

Jo Novais responde: Entendo voce muito bem, tenho uma mae que nunca amou os filhos, somos 3 vitimas.
Hoje nem falo com ela, porque há alguns meses tivemos uma discussão horrivel na qual ela desejou que minha filha cresça e nao dê para o que prestar, pra eu pagar tudo o que fiz com ela.
Ops, o que fiz com ela? As verdades que falei? Depois disso nao conviver mais com ela me libertou.
Não quero ve-la nem na hora da morte, caso ela vá primeiro que eu (assim sinceramente espero), nao farei questao nem de chegar perto , para mim ela ja está morta.
Me sinto muito revoltada com as pessoas que vem defender a ideia de que por ser mãe você tem que perdoar, me poupe, mãe é ser humaho, assim como há os bons há os que não valem nada.
Voce nao está só, tem mae que nao ama os filhos sim!

E minha resposta seria: Receio que entenda, sinto muito (vide o impacto decorrente das atitudes abomináveis dessa senhora aqui, em SOBREVIVENDO NO INFERNO).

Para aqueles que acreditam, nenhuma prova é necessária, para os que não creem, nenhuma prova é possível. – Stuart Chase

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

‘ALGUMAS VEZES É PRECISO SE DIVORCIAR DE SUA MÃE OU DE SEU PAI’

O bom senso vem com a experiência.
Assim começa o relato de Lynn Beisner, vejamos o desenrolar dessa história.
‘Você não pode escolher seus pais, mas isso não significa que você tem que ter um relacionamento com eles.
Não existe nenhum relacionamento tão sagrado que não possa e não deva ser destruído por motivos de abuso, crueldade e maldade.
Às vezes, é necessário que os filhos adultos se separem de seus pais abusivos, mas encontrar apoio no processo pode ser difícil.

Especialistas em saúde mental dizem que o afastamento, nem mesmo ajuda, alguns, como a Dra. Eleanor Mallach Bromberg dizem:Você só pode estar fisicamente distante de seus pais; você não pode se sentir psicologicamente livre deles.
E alguns poucos livros para filhos adultos de pais tóxicos afirmam que o divórcio deve ser a última opção, ou que pode ser uma solução adequada apenas em casos graves de abuso.
É claro que isso nos deixa imaginando o que seria exatamente “um último recurso”? E o que compreende um caso de abuso grave o suficiente para um filho adulto ir embora?

Durante alguns anos eu observei como minha sogra causou estragos e dores nas vidas do meu marido e dos irmãos dele, e estou absolutamente certa de que ele fez um grande benefício para nós, excluindo-a de nossas vidas.
Ele ficou triste ao sentir que a única maneira que tinha de proteger eu e nossos filhos da crueldade dela era divorciando-se da mãe.
Porém, ele não sentiu nenhum arrependimento, remorso ou ódio de si mesmo.

Apesar da forma odiosa como ela tratava todos eles, todo mundo criticava meu marido por ter se divorciado da mãe.
Iinvariavelmente diziam: Se você não fizer as pazes com ela, você vai se encher de arrependimento e remorso, um dia ela vai morrer e, quando isso acontecer, você vai se odiar por tê-la mantido fora de sua vida.

Esta semana completam três anos que ela morreu, lembrei dela enquanto lia um artigo intitulado: Filhas abandonam Demi Moore, onde a autora critica as filhas duramente e também Jennifer Aniston pelo mesmo pérfido pecado, todas elas, em algum momento, cortaram relações com suas mães.
Publicações como o The New York Times retratam os pais como vítimas inocentes enquanto os filhos adultos são humilhados e seu sofrimento é encarado como “questões de orgulho muitas vezes pequenas, coisas insignificantes”.

Filhos adultos são muitas vezes alertados de que ao se divorciar de seus pais, eles irão retornar para assombrá-los, dizem-nos que vamos pagar por isso com arrependimento e aversão por nós mesmos.
Mas depois de ter visto meu marido passar pela morte de sua mãe, já não me preocupo em ser atingida por ondas de remorso agonizantes’.

Minhas segundas impressões: É o preço que ela precisa pagar ao Banco de Crédito do Karma pela maneira como tratou seus próprios filhos.
E a título de informação: Depois das atitudes abomináveis dessa senhora aqui (vide SOBREVIVENDO NO INFERNO), mais os relatos verdadeiros de várias pessoas, já transcritos aqui, também não me preocupo.

À medida que vou envelhecendo, importo-me cada vez menos com o que dizem os outros. Agora, apenas observo o que fazem. – Andrew Carnegie

terça-feira, 20 de novembro de 2018

TEM MÃE QUE NÃO PRESTA NEM QUANDO VAI PARIR

Por mais que fechemos os olhos diante do incontestável o fato existe.
Tenhamos como ponto de partida a seguinte notícia: Considerada uma das publicações mais importantes do jornalismo cultural brasileiro, a Revista Bula completou 15 anos.
Pois foi na Bula onde peguei emprestado o título da matéria da jornalista, publicitária e professora de pós graduação Graça Taguti, onde ela escreve sua coluna, abaixo transcrevo parte do texto (incluindo o feedback recebido).

‘Tem mãe que não presta para ser mulher, muito menos serve para existir sobre a face desta cambaleante terra.
Mas, você sabe, existem as tais das convenções civilizatórias que teimam, num ato reflexo, em colocar na redoma, incensar como deusa, aquela nobre e pretensamente santa criatura que nos deu à luz.

Este não é um tema para uma crônica, você talvez se questione.
Este é um assunto-tabu, mas como assim?
Frequentemente escondemos o que nos incomoda debaixo dos tapetes da vida... mas é importante levantá-los para descobrir sujeiras sob-reptícias.

Eis que surge uma pergunta necessária, depois deste escancaramento amplo e visceral.
Quantas sórdidas mulheres estarão neste exato instante lendo este texto, e intimadas, à revelia, a enfiarem de vez a maldita carapuça em suas cabeças, como se diz popularmente?
Lamentamos informar, a perversidade é algo que se viraliza automaticamente na alma humana, sem freios e nem receios, infelizmente’.

Continuemos agora com algumas das respostas recebidas pela jornalista.
É sempre aterrador quando a figura materna foge ao senso comum, foge do arquétipo da mãe protetora, zelosa e confortante.
Soa comum em nossas cabeças o revoltante questionamento “é realmente possível que uma mãe seja o algoz de seu filho?”.
Se a resposta for positiva, entramos em choque, questionamos os valores humanos, ficamos desnorteados e sem um entendimento mais conclusivo.
Já é complexo lidar com a crueldade humana, a de uma mãe é algo ainda mais sufocante, o que torna o seu texto desconcertante a todos nós é esse exato ponto, nosso inconsciente coletivo é povoado pela ideia de que a figura materna seja algo etéreo. – Claudio Aquino

Graça Taguti fazendo uma reflexão como esta, é um alento nesse monte de carolices que o pessoal gosta de propagar por aí. – Fernando

Muito obrigada por esse texto, eu já estava achando que o problema era comigo, eu só desejo que ela não caia de cama porque se precisar de mim eu não vou cuidar. – Viviane Pereira

Sofri muito sem ter com quem conversar. Minha mãe me aborrece tanto tem dias que me dá um vazio, uma melancolia grande.
Até hoje com meus 34 anos, minha mãe ainda me atormenta, ela é uma pessoa ruim, tentei de todas as formas, mas é impossível ser feliz junto dela. – Renata

Sem palavras com sua coragem e discernimento, as pessoas não entendem e eu acabava por ser a bruxa.
E quanto mais auto-analise e terapia fazia, mais percebia o quanto fundo e enraizado eram os malefícios destes anos de relacionamento ruim. – Fernanda Celina

Nossa! Que texto, ter a coragem de tirar o lixo debaixo do tapete, de não tapar o sol com a peneira é coragem de poucos.
Admiro sua valentia em tocar em assuntos tão imaculados quanto à mãe de cada um, parabéns pela coragem. – Valéria Queiroz

Perfeita correlação, que narrativa inspiradora essa da jornalista Graça Taguti.
É a medida daquilo que segue, mas também pode indicar um comportamento, uma forma de agir, ou as atitudes dessa senhora aqui (vide SOBREVIVENDO NO INFERNO).

Aquilo que não dizemos acumula-se no corpo, transformando-se em noites sem dormir, nós na garganta, insatisfação e tristeza. O que não dizemos não morre, mata-nos. – Citação da série Quase Anjos