terça-feira, 20 de novembro de 2018

TEM MÃE QUE NÃO PRESTA NEM QUANDO VAI PARIR

Por mais que fechemos os olhos diante do incontestável o fato existe.
Tenhamos como ponto de partida a seguinte notícia: Considerada uma das publicações mais importantes do jornalismo cultural brasileiro, a Revista Bula completou 15 anos.
Pois foi na Bula onde peguei emprestado o título da matéria da jornalista, publicitária e professora de pós graduação Graça Taguti, onde ela escreve sua coluna, abaixo transcrevo parte do texto (incluindo o feedback recebido).

‘Tem mãe que não presta para ser mulher, muito menos serve para existir sobre a face desta cambaleante terra.
Mas, você sabe, existem as tais das convenções civilizatórias que teimam, num ato reflexo, em colocar na redoma, incensar como deusa, aquela nobre e pretensamente santa criatura que nos deu à luz.

Este não é um tema para uma crônica, você talvez se questione.
Este é um assunto-tabu, mas como assim?
Frequentemente escondemos o que nos incomoda debaixo dos tapetes da vida... mas é importante levantá-los para descobrir sujeiras sob-reptícias.

Eis que surge uma pergunta necessária, depois deste escancaramento amplo e visceral.
Quantas sórdidas mulheres estarão neste exato instante lendo este texto, e intimadas, à revelia, a enfiarem de vez a maldita carapuça em suas cabeças, como se diz popularmente?
Lamentamos informar, a perversidade é algo que se viraliza automaticamente na alma humana, sem freios e nem receios, infelizmente’.

Continuemos agora com algumas das respostas recebidas pela jornalista.
É sempre aterrador quando a figura materna foge ao senso comum, foge do arquétipo da mãe protetora, zelosa e confortante.
Soa comum em nossas cabeças o revoltante questionamento “é realmente possível que uma mãe seja o algoz de seu filho?”.
Se a resposta for positiva, entramos em choque, questionamos os valores humanos, ficamos desnorteados e sem um entendimento mais conclusivo.
Já é complexo lidar com a crueldade humana, a de uma mãe é algo ainda mais sufocante, o que torna o seu texto desconcertante a todos nós é esse exato ponto, nosso inconsciente coletivo é povoado pela ideia de que a figura materna seja algo etéreo. – Claudio Aquino

Graça Taguti fazendo uma reflexão como esta, é um alento nesse monte de carolices que o pessoal gosta de propagar por aí. – Fernando

Muito obrigada por esse texto, eu já estava achando que o problema era comigo, eu só desejo que ela não caia de cama porque se precisar de mim eu não vou cuidar. – Viviane Pereira

Sofri muito sem ter com quem conversar. Minha mãe me aborrece tanto tem dias que me dá um vazio, uma melancolia grande.
Até hoje com meus 34 anos, minha mãe ainda me atormenta, ela é uma pessoa ruim, tentei de todas as formas, mas é impossível ser feliz junto dela. – Renata

Sem palavras com sua coragem e discernimento, as pessoas não entendem e eu acabava por ser a bruxa.
E quanto mais auto-analise e terapia fazia, mais percebia o quanto fundo e enraizado eram os malefícios destes anos de relacionamento ruim. – Fernanda Celina

Nossa! Que texto, ter a coragem de tirar o lixo debaixo do tapete, de não tapar o sol com a peneira é coragem de poucos.
Admiro sua valentia em tocar em assuntos tão imaculados quanto à mãe de cada um, parabéns pela coragem. – Valéria Queiroz

Perfeita correlação, que narrativa inspiradora essa da jornalista Graça Taguti.
É a medida daquilo que segue, mas também pode indicar um comportamento, uma forma de agir, ou as atitudes dessa senhora aqui (vide SOBREVIVENDO NO INFERNO).

Aquilo que não dizemos acumula-se no corpo, transformando-se em noites sem dormir, nós na garganta, insatisfação e tristeza. O que não dizemos não morre, mata-nos. – Citação da série Quase Anjos

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