quarta-feira, 28 de outubro de 2015

INFELIZMENTE O POVO BRASILEIRO, EM SUA MAIORIA, ELEGE HOMENS SEM CARÁTER, DAÍ TODOS ESSES DESATINOS NA POLÍTICA BRASILEIRA

O poder vale tanto a pena?
Um povo tem o governo que merece. - Lima Barreto

Seria fácil ignorar, mas ignorar é legitimar.
E isso não é algo inerente a minha pessoa.
Como cidadão me posiciono.
Cidadania é o direito de ter uma opinião e poder expressá-la.

Não basta nascer para ser um cidadão.
A plena consciência da cidadania é necessária.
O que faz um indivíduo ser cidadão é a maneira pela qual atua na história da sociedade, reagindo na tentativa de fazer acontecer na prática, os direitos que lhe são assegurados.
Todas as pessoas possuem certos direitos naturais, que dependem de fato que sejam reconhecidos pela autoridade vigente.
Cidadania é o direito à vida com liberdade, justiça, trabalho, saúde, educação.

Não raro pagamos duas vezes pelo mesmo serviço, como saúde e educação.
Através dos nossos impostos pagamos o sistema público, mas devido a péssima qualidade quem pode paga também o privado.
Um caso análogo, é que na questão dos produtos importados também pagamos a conta do encarecimento.
Vejamos, os impostos sobre importação foram maiores que o Imposto de Renda Pessoa Física, e pagou-se ambos.
Acrescente a falta de probidade ou falta de moralidade, no salão do livro 2015 em Paris, a comitiva brasileira contou com o número exorbitante de 48 escritores.
A maioria foi fazer turismo, o custo: 4 milhões de reais.

Contra fatos não há argumentos, vamos a eles.
Uma pesquisa do Datafolha mostrou que quase 20 milhões de pessoas admitiram já ter trocado voto por emprego, dinheiro ou presente.
De cada 10 brasileiros, um dizia ter sucumbido a uma proposta assim.
Cesta básica, salão de beleza e laqueadura foram moedas para compra de votos por 1/3 dos eleitores em 2014.
Um estudo encomendado pelo TSE mostrou que 28% dos entrevistados dizem ter testemunhado ou tomado conhecimento de episódios de compra e venda de votos em 2014, em alguns estados, o percentual sobe para 48%.
Porém há dez anos atrás pesquisa semelhante apontava que 10% dos eleitores tinham testemunhado compra de votos.

Neste mundo de janelas escancaradas, o dinheiro compra tudo, inclusive o voto e a dignidade.
No município de Joaquim Gomes, Alagoas, a Justiça Eleitoral apreendeu 386 títulos de eleitor marcados com furos de grampeador.
Grande parte dos eleitores que tiveram o título aprendido prestou depoimento, e confirmou que eles foram marcados para evitar pagamento em duplicidade.
Ou seja, quem teve o título grampeado, já havia recebido o valor de R$50,00 para votar na candidata a prefeita, relata o processo.

Com a palavra, os dissonantes.
No Brasil quem tem ética parece anormal. - Mario Covas
Não adianta ser correto e fazer as coisas certas quando se sabe que o político não faz. Não vale ser honesto se o político rouba a mais valer. - Mércio P. Gomes
A primeira declaração é Interessante, um paradoxo, algo contrário do que se espera, ou seja, um parecer que mesmo não possuindo aparência de contradição em si mesmo contradiz o senso comum, incompatível ao sentir habitual das pessoas.

Cabe então a pergunta: Quanto vale um homem?
Sabendo-se que o código de ética da administração federal só permite brindes de até R$100,00, o que faz um ministro ou senador, com salário de quase R$ 30 mil, aceitar relógios de R$ 10 mil e por aí vai?
Ressaltando que não existem desvios éticos maiores ou menores.
Desvios éticos são sempre desvios éticos, não importam as importâncias envolvidas.
Pois é, o nosso governo coleciona indicadores negativos, mas o índice sobe quando o assunto é corrupção.

Destarte, palavra que estabelece relação de causalidade, ou seja, relação de causa e efeito, não se iludam, parece que algo mudou no Brasil com as prisões de alguns empreiteiros, mas as coisas apenas foram deslocadas, basta lembrar quantos cargos e nomeações o PMDB negociou com o governo.
Eduardo Cunha, presidente da Câmara em entrevista sobre a reforma política, disse: ficou claro que a maioria não quer mudar nada, as votações acabam com a hipocrisia nos palanques e com aquela hipocrisia de defendo isso, defendo aquilo. Ficou claro que o Congresso quer manter o sistema atual, com isso vai parar aquele discurso, que todo mundo defende isso, aquilo, mas que na prática não tem qualquer apoiamento da Câmara e jamais passará.
Congresso esse, onde existe também as chamadas BBBs, Bancadas da Bala (segurança pública), Boi (ruralistas) e Bíblia (evangélicas), atuando em sintonia.

Ocasião propícia para ressurgir a 'Carta aberta ao senador Renan Calheiros', sobre a trajetória política dele, que responde a processo no Conselho de Ética, acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista de uma construtora.
O texto diz: dificilmente você será condenado, em Brasília, são quase todos cúmplices. Mesmo com fatos gritantes de improbidade, de desvio de conduta pública e privada, tem a quase unanimidade deste Senado de Quasímodos morais para blinda-lo. Você construiu uma trajetória de causar inveja a todos os homens de bem que não aprendem nunca a ousar como os bandidos, de vencer a qualquer preço. Vendeu a alma, como o Fausto de Goethe, e pediu fama e riqueza, em troca. Há quem diga que você é um analfabeto de raro polimento. Creio que foi a casa pobre, numa rua descalça, que forneceu a você o combustível do ódio à pobreza, com ambição à larga, enterrando, pouco a pouco, todos os escrúpulos da consciência. José Sarney virou seu pai-velho, passando-lhe a alquimia de 50 anos de malandragem?

Thereza Collor nega a autoria do texto, mas por oportuno, o fato me lembra que a família Sarney no poder no Maranhão há 50 anos, empreendem um jeito próprio de gerir a coisa pública.
Que Lula ”rasgou” a constituição afirmando que Sarney não pode ser julgado como qualquer um, não respeitando o Art. 5º.
Que Maluf diz que, se encontrarem qualquer dinheiro no exterior, podem gastar pois não é dele.
E a pérola, o sublime do cinismo, quando questionado sobre ser procurado em cerca de 90 países, pela Interpol e FBI, o mesmo respondeu: eles estão me procurando? Mas eu não conheço ninguém lá.

Vi uma charge em que um sujeito em cima de um palanque pergunta: quem quer mudança?
Todos na plateia levantam as mãos.
Mas na pergunta seguinte, quem quer mudar? Todas as mãos se abaixam.
A charge aponta para uma realidade comum e extraordinária ao mesmo tempo, querer mudanças sem precisar mudar.
Pois é mais cômodo reivindicar transformações no mundo, no país, na vida dos outros do que transformar a nós mesmos.
Com razão exigimos transparência na vida política e poderosa, só que isso não significa que sejamos transparentes no dia-a-dia.

Uma particularidade brasileira é que nenhuma outra nação até hoje se mostrou tão capaz de se mobilizar para coisas não muito produtivas, como votações de reality shows.
É o fato de o brasileiro não ter, em geral, a cultura de levar sua indignação adiante.
Mas torço para que as pessoas não se deixem influenciar pelas idiossincrasias toscas de parlamentares eleitos para servir o povo e não interesses religiosos, econômicos ou partidários.

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