segunda-feira, 2 de novembro de 2015

É PRECISO RESGATAR VALORES, JÁ QUE NOSSA SOCIEDADE PREZA PELO EXCESSO DE EXPOSIÇÃO

A superexposição está se tornando algo quimérico, no sentido de sem fundamento.
A fronteira entre o público e o privado está cada vez mais fugaz, o que significa que as pessoas deveriam ter cuidado com as coisas que colocam na rede.
Um dos fatores é que devido ao avanço e à popularização dos aparatos tecnológicos, é quase impossível frear o compartilhamento e divulgação das mesmas.
Também é recomendável sempre ter cautela antes de salvar imagens e arquivos em serviços na "nuvem".
Nunca será 100% seguro confiar arquivos confidenciais na internet.
Daí quero levantar algumas discussões importantes que nasceram por conta disso.

Tem gente querendo que seus vídeos e fotos estejam nos celulares e nos computadores em geral.
Desejam ”causar” na internet.
Eis que surge então a nova moda, o pornô de propósito.
E já me pergunto, qual será a próxima?

Pois é, aquilo que muitas meninas tem medo que ocorra com elas, outras estão fazendo acontecer de forma proposital.
Fotos ou vídeos íntimos vazados na web para todo mundo ver.
Como aconteceu em uma conversa na rede social uma garota dizer para um rapaz, que vai enviar fotos dela nua para ele divulgar alegando que ela era ex dele.
Assim ela poderia ficar famosa.

O número de casais que gravam vídeos de sexo é grande, o problema é que, quando o relacionamento acaba surge a chamada pornografia da revanche, e quem se sentiu ferido, machucado, expõe e destrói a vida do outro.
Este fenômeno ganhou ressonância com a existência de sites criados para publicar as imagens sexuais e servir assim de instrumento com o qual amantes não correspondidos de todo o mundo canalizem sua ira após um rompimento não desejado, ou o que seja, da maneira mais cruel.
Trata-se de gente pervertida, que tem como objetivo fazer com que as imagens cheguem a um grande número de pessoas apenas para humilhar o antigo parceiro.

Essa facilidade de divulgação de imagens e vídeos mudou também a forma como as mulheres que não autorizaram o compartilhamento de tais imagens são contextualizadas, ou seja, querem situar tal fato no tempo e espaço do universo em que está envolvido, algumas vezes aquilo que não conseguem contextualizar acaba até sendo excluído.
É que agora existe uma plateia enorme assistindo à cena e julgando a vítima através das redes sociais.
Uma das coisas perversas é a reação da maioria das pessoas, que culpam a vítima, dizendo: "ah, mas se ela não tivesse tirado essas fotos . .".
É uma questão cultural.
A resposta a esses conteúdos é julgar a vítima, culpar a menina porque ela produziu esse tipo de imagem ou vídeo.
As pessoas ofendem, difamam, vira uma verdadeira caça às bruxas, e ela é apedrejada on-line.

Revenge porn e assédio virtual são instrumentos cortantes, deixam cicatrizes feias.
É doloroso ter a intimidade exposta na internet.
Compartilhar algo assim pode ter um efeito devastador na vida de alguém.
Revenge porn é um desdobramento do chamado 'sexting', união das palavras em inglês sex e texting, que alguns dizem ser a retribuição como favor, a alguém que já lhe enviou uma foto sexualmente explícita.
É a troca de conteúdo erótico por celular ou internet, que tem como principais vítimas mulheres jovens.
O perfil das vítimas com maior o número de casos de vazamento neste caso está na faixa dos 13 aos 15 anos.

Na delegacia de Repressão à Pedofilia de São Paulo, um em cada sete casos envolve divulgação de material de adolescentes nas redes sociais.
Muitos jovens que, na maior parte das vezes, não medem os riscos dessa exposição.
Em 2013 duas adolescentes cometeram suicídio após serem vítimas disso, em outro caso uma jovem de 13 anos tentou suicídio.

Em dois anos o número de casos quadruplicou por aqui, e muitos fizeram denuncia ao portal da ONG Safernet, entidade que monitora crimes e violações dos direitos humanos na internet em parceria com a Policia Federal e o Ministério Público.
Uma pesquisa dessa ONG com 3.000 pessoas mostrou que 20% já recebeu material desse tipo, e 6% repassou, a maioria mais de cinco vezes.
E quatro a cada dez jovens homens já receberam uma foto de uma mulher nua conhecida.

Lá fora, o parlamento do Japão aprovou em 2014 uma lei que pune com prisão e multa quem difundir a chamada vingança pornô, ocorrendo a divulgação de imagens explícitas de conteúdo sexual de algum desafeto.
A partir de 2015 compartilhar imagens com conteúdo sexual explícito de um ex, sem seu consentimento também passou a ser crime específico na Inglaterra e no País de Gales.
Prática criminalizada na Califórnia desde 2013 e em Nova Jersey desde 2003.

Esse ato criminal entrou na legislação do Marco Civil Da Internet e facilitou a punição, obrigando sites a tirar vídeos íntimos do ar.
O Marco não cria um tipo penal, mas pavimenta o caminho para a punição.
E o Projeto de Lei 6.630/13 está em tramitação para criminalizar a pornografia de vingança.
Quando entrar em vigência o condenado poderá pegar pena de um a três anos de prisão mais multa, além de pagamento de indenização a vítima.
Atualmente o Artigo 216-B do Código Penal é o responsável por punir a divulgação de material desse tipo.

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