EU SOU MUITO MAIS QUE MINHA COR
Eu tenho preceitos diferentes.
O conceito de raça está extinto em todos os círculos científicos.
O que diferencia geneticamente um Norueguês de um Zulu é insignificante.
E o maior paradoxo é que o termo raça é usado nos movimentos contra o racismo.
A palavra raça deveria ser proscrita de todos os vocabulários.
É com seu uso que começa o racismo, enquanto ela for usada, estará alimentando o equívoco e o ódio entre os pares.
Há uma particularidade que me faz adorar ter nascido aqui.
A vantagem de ser mestiço, independentemente da cor da minha pele e das minhas ascendências.
Essa mistura, a impureza racial, o almanaque de tradições e narrativas, a recusa em aceitar as desigualdades, são o que fazem eu gostar de ser Brasileiro.
Pois ao sabor da situação, escolho a minha cor.
Inclusive gostar de ser um branco com alma de preto.
A categoria "negro" não existe oficialmente no Brasil nem para o IBGE.
Utiliza-se branco, preto, amarelo, pardo e indígena.
"Negro" é a junção de pessoas que se declaram pretas com as que se declaram pardas.
Podemos concluir então que os pardos são os brasileiros misturados que se originaram da miscigenação entre brancos e pretos.
Então porque "negros", já que têm ascendentes dos dois grupos?
O sistema classificatório multirracial no Brasil confunde Sociólogos e Antropólogos.
Um grande problema dos teóricos racialistas é que ninguém quer ser pardo, todos querem ser morenos.
Voltando pois a genética, classificar uma pessoa loura de olhos azuis e pele clara como preta é a coisa mais óbvia e inteligível do mundo.
E como todos já devem saber, o racismo não existe no Brasil, apesar de ilusórias estatísticas insistirem em mostrar o contrário, claro, porque o racismo é uma ficção.
Qual é o grande problema em comparar negros com primatas num país onde negros eram considerados assim até pouco tempo atrás?
O que são quase 400 anos de escravidão presentes na memória de um povo que passou séculos acorrentado?
Nada.
Brasil, esse país sem preconceito, sem racismo, em que todo mundo se ama, onde existe uma hierarquia clara.
No topo está o homem branco, se ele for hétero e rico, então, será o dono do mundo.
Ampara-se em uma ideologia prevalecente que transforma o branco em ideal a ser alcançado em sociedade; quanto mais branco, melhor.
No caso brasileiro, acresce-se à cor, a classe social (dinheiro) do indivíduo para a formação de uma espécie de hierarquia de preconceitos.
O racismo brasileiro dissimulado, não assumido, está por todas as partes, entranhado.
Em 2003, uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo apontou que 87% dos Brasileiros afirmavam haver racismo no Brasil, mas apenas 4% admitiam que pudessem ser racistas.
A pesquisa apontava que o Brasil era um país racista sem racistas.
A partir destes dados um grupo de cerca de 40 organizações da sociedade civil decidiu lançar uma campanha na mídia.
O objetivo foi fazer com que as pessoas admitissem seu próprio preconceito, para se livrarem dele.
Martin Luther King Jr em 28/08/1963 disse: 'eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter'.
52 anos depois, pesquisas da Pew Research Center de duas décadas, confirmam que as gerações mais novas são menos racistas do que as mais velhas.
A maioria dos pesquisados concorda com a frase: todos deveriam ser tratados igualmente.
No entanto, para Spencer Piston, professor de Ciência Política de Syracuse University, os mesmos concordam com a frase: brancos são mais inteligentes e trabalhadores do que os negros.
Existe diferença entre aquilo que eles respondem daquilo que realmente pensam.
A propaganda da série Men Of A Certain Age do canal Warner, onde os personagens principais são um negro, um louro e um italo-americano é abominável.
"Três homens da mesma espécie, mas de raças diferentes".
A balbúrdia com um tema tão delicado quanto o racismo é perigosa.
Por exemplo: Quando todo mundo é acusado de racista, ninguém mais é racista.
O racismo existe e é preciso que nos lembremos disso sempre.
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