terça-feira, 9 de dezembro de 2014

NÃO FOI O FACEBOOK QUE PIOROU A COMUNICAÇÃO ENTRE AS PESSOAS

O problema real disso tudo já existe desde muito antes das redes serem criadas.
O psicanalista Jurandir Freire diz: o que o Facebook fez foi apenas dar visibilidade a um comportamento demasiadamente humano.
'O que existe há muito tempo ficou explicito no Facebook, é a dificuldade de comunicação humana - a gente não escuta'.
O psicanalista é categórico: as pessoas não se ouvem.
É o comportamento da vez.
As pessoas não querem ouvir, apenas convencer as outras, um embate improdutivo, um debate (definição de debate no Aurélio - troca de idéias com alegações pró e contra, com vistas a uma conclusão) vazio.

Ele ainda questiona se a pessoa seria tão assertiva se estivesse falando com a outra 'olho no olho'.
É a "opinião antes da informação", ou seja, um palpite, trata-se do "manifeste-se primeiro, informe-se depois".
Hoje temos a opção pela superficialidade, não há espaço para reflexão.
Ainda segundo o psicanalista, o comportamento dessas pessoas que dão a sua "preciosíssima opinião", é uma demonstração do narcisismo descrito pela psicanálise.

Quando alguém fala algo que nos ofende, 'cara a cara', ela rapidamente vê nossa reação e, se for nossa amiga, tenta consertar de alguma forma.
Estamos o tempo todo lendo a linguagem corporal quando interagimos 'ao vivo'.
No Facebook, muito disso se perde, e se reage com os instintos mais primários.

Vivemos uma nova era: A da opinião radical formada sobre tudo.
Segundo a repórter Claudia Amorim do Globo, em matéria de capa, circulou no Facebook um 'meme' sintomático.
Constatava que existe um ditador dentro de cada amigo da rede social, e que para não cortar relações com todo mundo e acabar solitário, a solução era ter uma paciência sem fim.

O Facebook tem uma equipe de 80 pessoas (psicólogos, neurocientistas e outros especialistas em emoções humanas) para tentar melhorar as interações na rede, para criar mais gentileza na rede.
O tempo todo testam detalhes para fazer com que as pessoas não só se irritem menos, como não destruam amizades por qualquer bobagem, eles desenvolvem ferramentas que ajudam a diminuir os mal-entendidos.
Levar um pouco de humanidade pode ajudar a se ter uma vida social bem mais saudável online.

Na era das redes sociais, o que mais vemos são pessoas com amigos-trofeus.
Ou seja, gente com mil amigos no Facebook, mas que interage quase nada com eles, exibindo-os como um troféu de pseudo-popularidade.
Para alguns a quantidade é o que realmente conta, e aí adicionam todos que pedem para se tornar amigos, sem saber quem são.Então como mensurar, como quantificar o real panorama disso?
Como saber quem realmente é amigo no Facebook?

Essas amizades virtuais são, na maioria, superficiais e pouco confiáveis, sem dúvida.
Ter vários amigos no Facebook não é como conviver fisicamente com alguns poucos e bons amigos.
Não se pode ser amigo da rede, deve-se ser amigo das pessoas.

Pois é mais fácil se relacionar no mundo virtual do que no real por vários motivos.
A pessoa pode idealizar quem é, criar um personagem de acordo com o que acredita que o outro espera dela.
Os motivos mais comuns que levam as pessoas a criarem uma identidade idealizada nas redes sociais é agradar ao outro e conquistar as pessoas, não em funçao do que se é, mas do que se acredita que o outro queira.
Também existem casos que a pessoa quer se parecer com o que de fato gostaria de ser: bonito, corajoso, inteligente, comunicativo etc.

Vou dizer o que penso: A vida não é peça de teatro, a gente não tem que se sentir obrigado a agir ou parecer algo que não é.

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