quinta-feira, 22 de novembro de 2018

‘ALGUMAS VEZES É PRECISO SE DIVORCIAR DE SUA MÃE OU DE SEU PAI’

O bom senso vem com a experiência.
Assim começa o relato de Lynn Beisner, vejamos o desenrolar dessa história.
‘Você não pode escolher seus pais, mas isso não significa que você tem que ter um relacionamento com eles.
Não existe nenhum relacionamento tão sagrado que não possa e não deva ser destruído por motivos de abuso, crueldade e maldade.
Às vezes, é necessário que os filhos adultos se separem de seus pais abusivos, mas encontrar apoio no processo pode ser difícil.

Especialistas em saúde mental dizem que o afastamento, nem mesmo ajuda, alguns, como a Dra. Eleanor Mallach Bromberg dizem:Você só pode estar fisicamente distante de seus pais; você não pode se sentir psicologicamente livre deles.
E alguns poucos livros para filhos adultos de pais tóxicos afirmam que o divórcio deve ser a última opção, ou que pode ser uma solução adequada apenas em casos graves de abuso.
É claro que isso nos deixa imaginando o que seria exatamente “um último recurso”? E o que compreende um caso de abuso grave o suficiente para um filho adulto ir embora?

Durante alguns anos eu observei como minha sogra causou estragos e dores nas vidas do meu marido e dos irmãos dele, e estou absolutamente certa de que ele fez um grande benefício para nós, excluindo-a de nossas vidas.
Ele ficou triste ao sentir que a única maneira que tinha de proteger eu e nossos filhos da crueldade dela era divorciando-se da mãe.
Porém, ele não sentiu nenhum arrependimento, remorso ou ódio de si mesmo.

Apesar da forma odiosa como ela tratava todos eles, todo mundo criticava meu marido por ter se divorciado da mãe.
Iinvariavelmente diziam: Se você não fizer as pazes com ela, você vai se encher de arrependimento e remorso, um dia ela vai morrer e, quando isso acontecer, você vai se odiar por tê-la mantido fora de sua vida.

Esta semana completam três anos que ela morreu, lembrei dela enquanto lia um artigo intitulado: Filhas abandonam Demi Moore, onde a autora critica as filhas duramente e também Jennifer Aniston pelo mesmo pérfido pecado, todas elas, em algum momento, cortaram relações com suas mães.
Publicações como o The New York Times retratam os pais como vítimas inocentes enquanto os filhos adultos são humilhados e seu sofrimento é encarado como “questões de orgulho muitas vezes pequenas, coisas insignificantes”.

Filhos adultos são muitas vezes alertados de que ao se divorciar de seus pais, eles irão retornar para assombrá-los, dizem-nos que vamos pagar por isso com arrependimento e aversão por nós mesmos.
Mas depois de ter visto meu marido passar pela morte de sua mãe, já não me preocupo em ser atingida por ondas de remorso agonizantes’.

Minhas segundas impressões: É o preço que ela precisa pagar ao Banco de Crédito do Karma pela maneira como tratou seus próprios filhos.
E a título de informação: Depois das atitudes abomináveis dessa senhora aqui (vide SOBREVIVENDO NO INFERNO), mais os relatos verdadeiros de várias pessoas, já transcritos aqui, também não me preocupo.

À medida que vou envelhecendo, importo-me cada vez menos com o que dizem os outros. Agora, apenas observo o que fazem. – Andrew Carnegie

terça-feira, 20 de novembro de 2018

TEM MÃE QUE NÃO PRESTA NEM QUANDO VAI PARIR

Por mais que fechemos os olhos diante do incontestável o fato existe.
Tenhamos como ponto de partida a seguinte notícia: Considerada uma das publicações mais importantes do jornalismo cultural brasileiro, a Revista Bula completou 15 anos.
Pois foi na Bula onde peguei emprestado o título da matéria da jornalista, publicitária e professora de pós graduação Graça Taguti, onde ela escreve sua coluna, abaixo transcrevo parte do texto (incluindo o feedback recebido).

‘Tem mãe que não presta para ser mulher, muito menos serve para existir sobre a face desta cambaleante terra.
Mas, você sabe, existem as tais das convenções civilizatórias que teimam, num ato reflexo, em colocar na redoma, incensar como deusa, aquela nobre e pretensamente santa criatura que nos deu à luz.

Este não é um tema para uma crônica, você talvez se questione.
Este é um assunto-tabu, mas como assim?
Frequentemente escondemos o que nos incomoda debaixo dos tapetes da vida... mas é importante levantá-los para descobrir sujeiras sob-reptícias.

Eis que surge uma pergunta necessária, depois deste escancaramento amplo e visceral.
Quantas sórdidas mulheres estarão neste exato instante lendo este texto, e intimadas, à revelia, a enfiarem de vez a maldita carapuça em suas cabeças, como se diz popularmente?
Lamentamos informar, a perversidade é algo que se viraliza automaticamente na alma humana, sem freios e nem receios, infelizmente’.

Continuemos agora com algumas das respostas recebidas pela jornalista.
É sempre aterrador quando a figura materna foge ao senso comum, foge do arquétipo da mãe protetora, zelosa e confortante.
Soa comum em nossas cabeças o revoltante questionamento “é realmente possível que uma mãe seja o algoz de seu filho?”.
Se a resposta for positiva, entramos em choque, questionamos os valores humanos, ficamos desnorteados e sem um entendimento mais conclusivo.
Já é complexo lidar com a crueldade humana, a de uma mãe é algo ainda mais sufocante, o que torna o seu texto desconcertante a todos nós é esse exato ponto, nosso inconsciente coletivo é povoado pela ideia de que a figura materna seja algo etéreo. – Claudio Aquino

Graça Taguti fazendo uma reflexão como esta, é um alento nesse monte de carolices que o pessoal gosta de propagar por aí. – Fernando

Muito obrigada por esse texto, eu já estava achando que o problema era comigo, eu só desejo que ela não caia de cama porque se precisar de mim eu não vou cuidar. – Viviane Pereira

Sofri muito sem ter com quem conversar. Minha mãe me aborrece tanto tem dias que me dá um vazio, uma melancolia grande.
Até hoje com meus 34 anos, minha mãe ainda me atormenta, ela é uma pessoa ruim, tentei de todas as formas, mas é impossível ser feliz junto dela. – Renata

Sem palavras com sua coragem e discernimento, as pessoas não entendem e eu acabava por ser a bruxa.
E quanto mais auto-analise e terapia fazia, mais percebia o quanto fundo e enraizado eram os malefícios destes anos de relacionamento ruim. – Fernanda Celina

Nossa! Que texto, ter a coragem de tirar o lixo debaixo do tapete, de não tapar o sol com a peneira é coragem de poucos.
Admiro sua valentia em tocar em assuntos tão imaculados quanto à mãe de cada um, parabéns pela coragem. – Valéria Queiroz

Perfeita correlação, que narrativa inspiradora essa da jornalista Graça Taguti.
É a medida daquilo que segue, mas também pode indicar um comportamento, uma forma de agir, ou as atitudes dessa senhora aqui (vide SOBREVIVENDO NO INFERNO).

Aquilo que não dizemos acumula-se no corpo, transformando-se em noites sem dormir, nós na garganta, insatisfação e tristeza. O que não dizemos não morre, mata-nos. – Citação da série Quase Anjos

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

AS FERIDAS DO CÍRCULO FAMILIAR SÃO AS MAIS DIFÍCEIS DE SARAR

Nosso círculo familiar pode nos dar asas ou pode arrancá-las, isso é algo triste e devastador, mas verdadeiro.
Por Fabíola Simões, escritora.
‘As feridas geradas no círculo familiar causam traumas e vazios que nem sempre conseguimos reparar, vejamos por que é tão difícil superar essas feridas.

A sociedade nos diz que a família é um pilar incondicional.
O último cenário em que alguém pensa que vai ser ferido, traído ou até abandonado é, sem dúvida, no seio de sua família, no entanto, isso ocorre com mais frequência do que imaginamos.

Essas figuras de referência que têm como obrigação dar-nos o melhor, oferecer confiança amor e segurança às vezes falham voluntariamente.
Para uma criança e até para um adulto, experimentar esta traição no seio familiar supõe desenvolver um trauma para o qual nunca estamos preparados.
A traição gerada na família é mais dolorosa do que a simples traição de um amigo, é um atentado contra a nossa identidade.

Tudo isso traz como consequência uma maior vulnerabilidade, um desamparo mais profundo que leva a um risco maior na hora de sofrermos de determinados transtornos emocionais.
Isso faz com que, em alguns casos, sejamos mais ou menos suscetíveis a sofrer de depressão ou reagir com melhores ou piores ferramentas diante de situações adversas.

E em um dado momento, finalmente tomamos coragem e dizemos chega e cortamos este vínculo prejudicial para estabelecer uma distância da família disfuncional e traumática.
No entanto, o simples fato de dizermos adeus a quem nos fez mal não traz, por si só, a cura da ferida, é um princípio, mas não a solução definitiva.

Ainda que estabeleçamos distância de nosso circulo familiar, as feridas seguem presentes.
Muitas destas dimensões ficam presas à nossa personalidade, e inclusive em nosso modo de nos relacionarmos com os demais, por isso muitas vezes nos sentimos frustrados porque poucas pessoas compreendem.

E não, não é nada fácil deixar para trás uma história, lembranças e vazios, mas não podemos permitir que um passado familiar disfuncional e traumático afete o nosso presente e o nosso futuro.
Escolher ser forte, livre e maduro emocionalmente é algo essencial.’

Fabíola, aprendi que a família não é aquela na qual se nasce mas a que se escolhe (escrevi sobre em LAÇOS DE SANGUE SÃO ELOS FRACOS), também aprendi que o impacto decorrente de uma mãe tóxica traz mais do que a falta de autoestima (vide as atitudes dessa senhora aqui em SOBREVIVENDO NO INFERNO).
Bem, muitas pessoas se inspiram com os filmes, eu sou uma delas, os filmes dizem verdades; fiquem com um diálogo do episódio The Ascendant.

Peter: Eu achava que tinham cometido um erro no hospital e trocado os bebês, eu rezava por isso, que eu realmente não pertencia àquela mulher, aquela família.
Constance: Ter sido gerado por aquela mulher não determina seu destino. DNA, RNA, não é o que significa ser um homem, ou um pai, uma mulher, ou uma mãe.
Peter: Sim, agora eu entendo que o sangue não tem importância.

Poderá ter passado a sua vida perguntando-se a si mesmo porque tem tantos problemas com seus pais, irmãos, tios, primos e outros parentes. Poderá até mesmo já estar com os seus 40, 50 ou 60 anos, mas só agora começou a entender o problema do seu relacionamento com a sua família. E quanto mais descobre a causa, mais um peso enorme e um fardo tem sido levantado dos seus ombros. – Patricia Jones

terça-feira, 6 de novembro de 2018

ÓRFÃOS DE MÃES VIVAS

O drama de um homem.
Laurinda Alves, escritora, professora de comunicação e liderança ética, jornalista, escreveu uma matéria no jornal Observador chamando a atenção para uma situação frequente e grave usando o título acima.
‘Parece-me que ser órfão de pais vivos é uma tragédia diária.
Uma ferida aberta e profunda, que dificilmente cicatriza’, diz ela.

A psicóloga Márcia Marques, da Clínica Medicina do Comportamento, no Rio, confirma a tese de Laurinda.
Ela diz: As sequelas dos maus-tratos podem ser irreversíveis.
Nenhuma mãe está livre de falhar, mas agir com perversidade ultrapassa os limites aceitáveis.

Sobre o mesmo assunto a juíza Constance Briscoe contou em uma entrevista para a revista ISTOÉ que superou as adversidades relatando suas tristes memórias em um livro.
A obra, que já vendeu meio milhão de cópias em dezenas de países, joga luz sobre mães que agridem psicologicamente os filhos, e é um exemplo de como aqueles que deveriam amar acima de tudo podem ser os algozes dos próprios filhos.

Na mesma reportagem S. L. (ela prefere não se identificar), 30 anos, fez um desabafo.
‘Algo precioso quebra dentro das pessoas que descobrem que sua mãe é o real motivo dos seus problemas.
Em mim quebrou, mas isso foi libertador também.
Tirei todas as culpas das minhas costas depois de ver que ela é que me causava problemas.
Me falaram que o que vem de uma mãe pode levantar ou derrubar um filho e é verdade’, contou.

Bem, então a vida de um homem é drasticamente alterada quando essa senhora com atitudes abomináveis lhe tirou tudo o que ele prezava, tudo com o que ele se importava e depois o expulsou porta afora (ela resolveu me punir por algo que eu nunca fiz, vide SOBREVIVENDO NO INFERNO).

É mais fácil criar crianças fortes, que reparar homens que quebraram. – Frederick Douglass

sábado, 3 de novembro de 2018

MÃES MÁS: UM OLHAR SOBRE O ABANDONO

Quais são as frustrações ou sonhos para elas que falharam?
Samira Oliveira, psicóloga, nos revelou seu olhar sobre o tema com o título acima, é bem esclarecedor.
'As pessoas costumam dizer: sua mãe criou você, não te abandonou.
Só que o abandono não precisa ser físico para ser considerado abandono.

Pode ser abandono emocional, o sentimento de estar na solidão mesmo que acompanhado, de ser órfão de mãe viva.
Viver com esses sentimentos é minimamente prejudicial à saúde mental.
É impossível passar por isso sem nenhum dano.
Dessa forma, precisamos entender alguns pontos.

Que isso não mudará, a tendência inclusive é ela piorar.
Que a culpa não é dos filhos!
Que aprender a conviver com o fato de não ter essa mãe idealizada pela sociedade pode ser a parte mais importante nesse processo.
Que, na maioria das vezes, é necessário o afastamento para conseguir um mínimo de paz.'

As conclusões acima são corroboradas pela psicóloga clínica Rosemeire Zago, CRP 06/36.933-0.
'Ao nos tornarmos mais concientes de nossas feridas, entre elas as geradas pelo abandono, podemos agir sobre aquilo que vivenciamos, aprendendo a respeitar nossos sentimentos mais profundos, assumindo a responsabilidade pelas mudanças que podemos nos permitir vivenciar no momento presente.'
E a psicóloga Evelyn Vinocur também acrescenta: Aos olhos do público quando uma mulher abandona o filho ela comete um crime hediondo.

Bem, eu também sou filho do abandono; foi e ainda está sendo uma experiência perturbadora.
Contudo, a pessoa por quem tenho eterna gratidão (afirma-se ser uma das características mais importantes da fé, por esse motivo a gratidão é uma das qualidades de quem acredita em Deus) me viu abandonado, naquela noite devastadora em que eu chorava a ponto de soluçar, me acolheu, me deu amor, me deu um lar, me respeitou, me deu uma família, tudo que essa senhora aqui me negou (vide SOBREVIVENDO NO INFERNO).

Viva de modo que quando os seus filhos pensarem em justiça e integridade, eles pensem em você. – H. Jackson Brown Jr.