O título não pode ser mais importante do que o objeto que ele nomeia?
Definição de amargura: Provem de uma palavra grega que significa ferir. Sua raiz hebraica, traz a idéia de algo pesado, dai surge o conceito de ser algo forte e pesado que fere até a parte mais profunda do nosso coração. Ou seja, que se transmite, que constitui veículo para o contágio.
É um dos “pecados” mais perigosos e prejudiciais, e o que tem causado muitos sofrimentos e derrotas. A amargura é o resultado de sentimentos muito profundos, talvez os mais profundos da vida. O espírito de amargura faz com que a pessoa perca perspectivas.
Quase todos temos sido ofendidos, experimentamos ofensas continuas, seja entre patrões e empregados, pais e filhos etc. chegando até ao ponto da amargura. Os ‘companheiros’ da amargura são, a auto-compaixão, os sentimentos feridos, a indignação, o ressentimento, o rancor. A amargura não ganha lugar imediatamente quando alguém nos ofende, é a nossa reação a uma ofensa ou uma situação difícil que de modo geral é injusta, não importa se ela foi intencional ou não.
Alguém disse: o espírito amargo impede que a pessoa entenda os verdadeiros propósitos de Deus. Perdoar é a única maneira de consertar o passado, não podemos mudar o ocorrido, não podemos mudar as coisas que aconteceram, mas podemos perdoar e deixar nas mãos de Deus. Deus venha sarar as feridas em nossos relacionamentos.
Não obstante (referência a uma situação de oposição a outra idéia apresentada) me repito. O perdão não absolve o ofensor da pena correspondente, a pena está nas mãos de Deus ou das leis humanas. O perdão não é tolerar a pessoa, não é fingir que a maldade não existe e passar por cima. Perdoar não é simplesmente esquecer.
Os defeitos da alma são como os ferimentos do corpo; por mais que se cuide de curá-los, as cicatrizes aparecem sempre, e estão sob a constante ameaça de se reabrirem. - François La Rochefoucauld
domingo, 1 de maio de 2016
O ORIENTE MÉDIO ESTÁ MAIS PERTO DO QUE SE IMAGINA
* Brasil, vocês são o próximo alvo. Podemos atacar esse país de merda.
Para aqueles que pensam que as atrocidades do grupo terrorista Estado Islâmico estão bem longe daqui, é bom saber que a veracidade da *mensagem ameaçadora publicada nas redes sociais foi confirmada pela Agência Brasileira de Inteligência em 13/04/16. O autor da mensagem é o 2º na linha de comando de decapitadores, e gosta de dizer que “é como estar no Éden”, fazer parte do grupo. Após a postagem houve uma intensidade nos discursos de agressividade dos autoproclamados seguidores do E. I. no Brasil, disse o diretor de Contraterrorismo da ABIN. Há um número cada vez maior de brasileiros que se interessam em se juntar ao grupo que prega a supremacia do Islã, complementa. A ABIN também garantiu que, uma vez que os brasileiros fazem o juramento do E. I. estão dispostos a cometer qualquer atentado violento em nome do grupo, independentemente se a ordem for dada presencialmente ou via internet.
Coincidência ou não, em 28/02 trocando mensagens com um amigo, escrevi a frase do título acima, esclareci que Malcolm X pregava a paz, era chamado Ministro da Nação do Islã, e fiz algumas considerações pertinentes ao tema. Lembrei que por volta de 2007 folheando o Alcorão, me apercebi da escritura ser muito pesada, mas no sentido abstrato, e ele sugeriu que fizesse uma crônica, daí 45 dias depois, li a matéria que me fez encetar esse texto.
O Islã foi estabelecido entre 610 e 632 A.C. Segundo o E. I. Maomé é o último profeta do Deus de Abraão, ele criou uma das maiores, se não a maior, religião do mundo, o Islamismo. Islã significa exatamente Submissão a Deus, e a característica central do fundamentalismo é exigir que todos o sejam, ao mesmo Deus. Eles afirmam: nós, servidores do profeta pretendemos vingar nosso povo, destruindo as famílias de infiéis nessa terra do ódio.
Calcula-se que existam cerca de 1,8 bilhões de mulçumanos. E segundo serviços de inteligência ao redor do mundo, os radicais são estimados “apenas” entre 15% e 25%. Cerca de 180 a 300 milhões dedicados a destruir a civilização ocidental. Todavia, as lições da história mostram, por exemplo, que a maioria dos alemães era pacífica, mesmo assim os nazistas fizeram o que fizeram, 60 milhões morreram.
Interessante ressaltar que quando invadiu o Iraque, Bush falou em ‘cruzada’. E em 11 de setembro “apenas” 19 radicais colocaram a América de joelhos, nos lembra Brigitte Gabriel, fundadora, presidente e CEO da ACTI For America. Para se justificar, citaram uma frase do Alcorão: ataque-os como te atacaram. Nesta data o mundo foi apresentado ao terror islâmico global, desde então a palavra jihad entrou no vocabulário de todos.
Dois dedos de prosa histórica: A invasão soviética no Afeganistão em 1979 é o ponto de partida para o Jihadismo. Vendo uma oportunidade de fustigar a União Soviética, os EUA financiaram e capacitaram militarmente os jihadistas. Constituiu-se então a base de transformação do Afeganistão em um celeiro do extremismo islâmico.
A ideologia jihad é tão somente uma ideologia, porém nas zonas que governam, os jihadistas conseguiram impor sua lei através do terror. O E. I. já executou mais de 2.600 pessoas na Síria desde o anúncio do Califado, em 28/05/14. Eles reivindicam com orgulho a violência, e divulgam na internet vídeos de decapitações. Por exemplo: Ragga era chamada de Praça do paraíso, mas desde que os extremistas do E. I. chegaram para as execuções públicas, ela é conhecida como Rotatória do inferno. Ali são exibidas durante dias no alto de lanças de metal, as cabeças decapitadas e os corpos crucificados.
É na cabeça que reside à humanidade, a decapitação é um ato de desumanização e ainda mais de animalização, porque começa com a degola, uma imagem que logo é associada aos matadouros. Também há uma imagem antropológica da cabeça decepada, que é brandida e que representa, para todas as civilizações de todos os períodos, o troféu absoluto do inimigo, e é também uma maneira de os Islamitas atropelarem um dos fundamentos da nossa sociedade, o dos direitos humanos, que levou séculos para se construir, observa o historiador Michel Porret, professor na Universidade de Genebra. Já os Clérigos dizem que não há crime para o qual a religião prescreve decapitação, mas a prática foi generalizada entre muçulmanos durante as guerras no tempo de Maomé.
O E. I. expressa orgulho pelo restabelecimento da escravidão, com a oferta de mulheres e crianças como prêmios de guerra. Dizem também que adeptos de outras religiões como os cristãos não podem evitar as medidas, esta possibilidade não existe. Isso, junto com a propaganda do filme Os Dez Mandamentos, me remeteram ao Monty Python no longa A Vida de Brian, 1979, retratando que na época do apedrejamento (proibido para as mulheres), quem pronunciasse Jeová era morto, Moisés então . .
Por fim um relato: Antes de ser violentada por jihadistas do E. I. como acontece com milhares de mulheres no Iraque, Jilan de 19 anos, decidiu tirar a própria vida quando chegou o momento fatídico. Uma outra vítima contou, que sua irmã e Jilan haviam decidido se matar durante a noite para escapar, mas duas mulheres acordaram com o barulho e impediram ambas. Elas preferem o suicídio antes de serem transformadas em escravas sexuais, afirma a organização Anistia Internacional. Muitas dessas escravas sexuais são meninas de 14 anos ou até mais jovens, complementa Donatella Rovera diretora da organização. As consequências físicas e psicológicas do terrível sofrimento dessas mulheres são catastróficas, finaliza. De acordo com a organização, os assassinatos, torturas, estupros e sequestros cometidos pelo E. I. podem ser considerados limpeza étnica.
Consequentemente, vou citar uma passagem do Alcorão: Surah 91 Ash ‒ Shams. Pelo sol e pelo seu esplendor (matinal) Pela lua, que o segue Pelo dia, que o revela Pela noite, que o encobre. Pelo firmamento e por Quem o construiu Pela terra e por Quem a dilatou Pela alma e por Quem aperfeiçoou, E lhe imprimiu o discernimento entre o que é certo e o que é errado Que será venturoso quem a purificar (a alma) E desventurado quem a corromper.
- Eles se dizem religiosos, mas é uma crença sanguinária. Isso é perigoso, literalmente.
quinta-feira, 28 de abril de 2016
ME SINTO MUITO ENVERGONHADO DO MEU DESCONFORTO
E a vergonha não faz bem a ninguém.
Muitas vezes confundem vergonha com culpa. Deveras, é possível envergonhar-se a si próprio com formas genuínas de auto-condenação. A antropóloga Ruth Benedict descreve a vergonha como uma violação de valores culturais e sociais. Ações que visam provocar vergonha, atacam e diminuem a dignidade humana de uma pessoa.
Em vista disso, dantes, disse que ‘minha vida era um livro aberto, mas havia partes dele que só lia quem eu quisesse‘, pois, por vezes quis falar apenas o que me fazia sentir confortável. Depois, procurei externar as cousas mais elucidativamente, nesse link: Presentemente, eis que me deparo com o grafite que ilustra essa crônica e o parágrafo abaixo, o que estabelece uma relação de causalidade (causa e efeito) com o já escrito anteriormente.
Saiba perdoar: tanto pessoas estranhas quanto entes queridos, que vão acabar te decepcionando em algum momento. Reaja em conformidade, mas não mantenha rancor. Viver no presente é estar focado, aceite que o passado não pode ser mudado. Faça da dificuldade um novo começo - Como o ponto de vista otimista pode dar um novo sentido ao que parece ser o caos.
Ocorreria estar mais preparado para suportar os desafios que surgiram se concordasse? Não, não obstante (referência a uma situação de oposição a outra idéia apresentada), não aceitarei isso. Outrossim, há muito mais do que se imagina por trás de uma situação como a que exponho. São os enigmas, na sua definição de algo por suas particularidades, que enevoam, entristecem, cobrem de brumas essa vulnerabilidade (nos seus dois gêneros: ferido, sujeito a ser atacado, derrotado: frágil, prejudicado ou ofendido).
Tive raiva, muita raiva, até mencionei a vontade de morrer (chama-se ideação suicida), quis cometer “um pecado” e ver se iria mesmo para o inferno, depois pensei em sumir. Enquanto brigo comigo mesmo, em minhas profundas reflexões, eu me experimento, percebo através de sentidos e sentimentos, horrível. Anos vivendo com um sentimento amargurado dentro de mim.
Cabe aqui o futuro do pretérito. Desejaria, pois, agir sendo transigente ou ponderar com transigência as ações e sempre tentar trazer leveza à vida. Apreciar novamente aquele meu lado leve e engraçado de ver a vida. Continuar sempre sorrindo, não precisar desperdiçar energia e nem me machucar, alcançar isso com a vida.
Gostaria de deixar de medir forças comigo mesmo, ou pelo menos de impor desafios, estar sem medo diante dos mesmos. Aperfeiçoar o querer me tornar um admirador de mim mesmo, alicerces importantes para meu contínuo crescimento como pessoa. Respirar profundamente, mover-se livremente e sentir-se com intensidade. Mergulhar fundo nas minhas emoções.
Retomar a identidade pessoal (consciência que alguém tem de si mesmo), depois de um período turbulento, carregado de intranquilidade e desassossego. É a minha busca pela paz até o último instante, ou seja, aquele que está próximo a sobrevir. Uma jornada de redescoberta e reinvenção. Encontrar a paz interior.
sexta-feira, 15 de abril de 2016
TRAUMAS EM PEDAÇOS
O que escrevo tem de breve, tem também de intenso.
Disseram: ele tentava superar as dificuldades que a vida lhe impunha. Também acho que ele está em um profundo conflito.
Isto posto, ao contrário do que escrevi aqui anteriormente, quando perguntaram em que momento o mundo perdeu o valor para eu, presentemente tenho outra resposta. Já possui algumas ambições como qualquer pessoa, porém padeço* com o ascetismo, e na sua definição dramática, quando apresento por meio de palavras um acontecimento, retratando, fundamentalmente, os conflitos das relações humanas. * Sofrer de dores físicas ou morais, ter dificuldades ou estar infeliz, padecer de uma aflição imensa.
O ascetismo é a filosofia adotada por quem quer obter a excelência e harmonia espiritual. O termo significa alguém que pratica uma renúncia ao mundo. Max Weber designou, o 'ascetismo extraordinário', que se refere a pessoas que desistem do mundo.
Uma pesquisa do hospital McLean nos EUA, sobre comportamento cognitivo, mostra que: se uma pessoa acredita em alguma coisa metafísica, espiritual, que pode ser eterna, permanente, onipotente, então esta coisa pode ser uma fonte importante para ela, principalmente em períodos de estresse emocional. E Yuval Noah Harari em Uma Breve História Da Humanidade diz: só o Homo sapiens pode discorrer sobre coisas que até podem não existirem de fato e acreditar nas impossíveis. O que nos “salva” é nossa imaginação, a maior vantagem sobre outros seres.
Daí, alguns conseguem perpassar a acepção que eles mesmos extraem da própria vida. Imagina-se o que já perdeu-se, e por vezes o que nunca teve-se. Deseja-se muito além das coisas tangíveis, aquelas que os olhos veem e as mãos tocam.
Mas e aquilo que os olhos não veem, a mente inventa? A imaginação se alimenta mais de sombras do que de luzes? E as luzes clareiam fatos, enquanto as sombras orientam versões? Bem, a vida real muitas vezes imprime seu pesadelo.
Dormir por muito tempo, ficar chapada e ter orgasmos são alguns ótimos artifícios para se encarar a realidade que é deprimente. - Letícia F.
domingo, 27 de março de 2016
UM MOMENTO PUNGENTE* DE SOBREVIVÊNCIA
*Algo muito intenso, agudo, aflitivo, doloroso, lancinante.
Ninguém sabe o que se passa na minha vida, não sabe as dificuldades, as tristezas, as dores, as marcas que a vida me deixou. Então nunca me julgue. Reitero: Apesar da obviedade de estar bem longe de ter uma vida de penúrias, privações e humilhações, me encontro muito distante de uma vida plena, de paz interior.
Como falei em: O QUE É PRECISO PARA SER BEM SUCEDIDO NA VIDA? Poderão dizer: “ah . . . ele tem curso superior, não mora em comunidade, reclama porque nunca passou necessidades, nunca passou fome”. Pronto! Essa justificativa encerra a questão e resolve o problema. É uma ignorância de quem nada sabe sobre a vida.
Engana-se quem pensa que se trata exclusivamente de “algo da mente”, um transtorno mental quando não há uma resposta para compreender o sofrimento humano. Existe uma lenda urbana onde se fala que uma dor psicossomática, que concerne simultaneamente ao corpo e ao espírito, não existe. Dizem: isso não é físico, é coisa da sua cabeça. Jamais diminua o sofrimento de alguém alegando que é psicossomático, pode ser, e se for, o sofrimento é real, doloroso. – João Oliveira, Psicólogo Clínico, Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF-RJ
O Karma é indubitável na dimensão espiritual, diz-se que ‘para cada ação no plano espiritual há uma reação igual e oposta’, isso significa que quando se dá felicidade, em retorno, experimenta-se felicidade, e quando a tristeza é dada, a tristeza será experimentada em igual medida. Em outras palavras, qualquer emoção que alguém leve outra pessoa a sentir deve, em algum momento, tornar-se a própria experiência dela.
As conseqüências do Karma. Entender o Karma me tornará consciente de que cada ação provoca um retorno, uma conseqüência; da mesma forma, eventos e seus efeitos só podem ocorrer quando há uma causa correspondente, isso significa que, não importa em que circunstâncias eu esteja no momento ou qualquer experiência que eu tenha, isso é conseqüência de decisões e ações prévias. Entender o Karma dá um significado profundo a conceitos como responsabilidade e justiça.
Alguém pode, por exemplo, carregar algumas fobias e depressão nesta vida como resultado de ações e traumas advindos de uma vida passada. De uma coisa devemos ter certeza: a lei kármica é implacável, se não se entender que a estada aqui envolve principalmente crescimento, se estará ligado ao samsara (ciclo morte/renascimento) indefinidamente.
Dores do karma familiar são das mais agudas, diz Marina Gold, Mestra pela PUC em Semiótica. Ela se aplicou no estudo da Psicologia, assim como também da psicanálise, filosofia e antropologia. Desarranjo kármico nas questões familiares é causador de grande aflição e sofrimento. Reza a sabedoria popular: família não se escolhe, para complicar ainda mais, há o fato de, normalmente, ela ser agregadora, o maior manancial de amor, carinho e ajuda que as pessoas dispõem. Os que não comungam dessa experiência corriqueira se sentem, com razão, traídos, solitários, abandonados.
Estremeço ao lidar com esse tipo de conflito, karmas antigos que se renovam e geram desamparo e dor. Do ponto de vista da espiritualidade, as dores do karma familiar são das mais agudas, as investigações revelam machucados antigos, desordens que se estendem há muito tempo, atingem as pessoas que estão encarnadas no presente e podem se prolongar por gerações afora nos desdobramentos do futuro.
As pessoas de sensibilidade elevada, espiritualizados, exímios exploradores da alma humana reconhecem com facilidade o poder de destruição dos desajustes no terreno familiar. Ele compromete futuros, desmonta esperanças, arrebenta trajetórias e vidas inteiras, o preço é alto e vai, com juros e correções, se tornando ainda mais elevado na medida em que, com a passagem do tempo, tantos destinos individuais são ceifados num tornado que, girando descontrolado, arrasta vontades, coloca tanta gente na situação absurda de responder por falhas e erros alheios.