domingo, 27 de março de 2016

UM MOMENTO PUNGENTE* DE SOBREVIVÊNCIA

*Algo muito intenso, agudo, aflitivo, doloroso, lancinante.

Ninguém sabe o que se passa na minha vida, não sabe as dificuldades, as tristezas, as dores, as marcas que a vida me deixou.
Então nunca me julgue.
Reitero: Apesar da obviedade de estar bem longe de ter uma vida de penúrias, privações e humilhações, me encontro muito distante de uma vida plena, de paz interior.

Como falei em: O QUE É PRECISO PARA SER BEM SUCEDIDO NA VIDA?
Poderão dizer: “ah . . . ele tem curso superior, não mora em comunidade, reclama porque nunca passou necessidades, nunca passou fome”.
Pronto! Essa justificativa encerra a questão e resolve o problema.
É uma ignorância de quem nada sabe sobre a vida.

Engana-se quem pensa que se trata exclusivamente de “algo da mente”, um transtorno mental quando não há uma resposta para compreender o sofrimento humano.
Existe uma lenda urbana onde se fala que uma dor psicossomática, que concerne simultaneamente ao corpo e ao espírito, não existe.
Dizem: isso não é físico, é coisa da sua cabeça.
Jamais diminua o sofrimento de alguém alegando que é psicossomático, pode ser, e se for, o sofrimento é real, doloroso. – João Oliveira, Psicólogo Clínico, Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF-RJ

O Karma é indubitável na dimensão espiritual, diz-se que ‘para cada ação no plano espiritual há uma reação igual e oposta’, isso significa que quando se dá felicidade, em retorno, experimenta-se felicidade, e quando a tristeza é dada, a tristeza será experimentada em igual medida.
Em outras palavras, qualquer emoção que alguém leve outra pessoa a sentir deve, em algum momento, tornar-se a própria experiência dela.

As conseqüências do Karma.
Entender o Karma me tornará consciente de que cada ação provoca um retorno, uma conseqüência; da mesma forma, eventos e seus efeitos só podem ocorrer quando há uma causa correspondente, isso significa que, não importa em que circunstâncias eu esteja no momento ou qualquer experiência que eu tenha, isso é conseqüência de decisões e ações prévias.
Entender o Karma dá um significado profundo a conceitos como responsabilidade e justiça.

Alguém pode, por exemplo, carregar algumas fobias e depressão nesta vida como resultado de ações e traumas advindos de uma vida passada.
De uma coisa devemos ter certeza: a lei kármica é implacável, se não se entender que a estada aqui envolve principalmente crescimento, se estará ligado ao samsara (ciclo morte/renascimento) indefinidamente.

Dores do karma familiar são das mais agudas, diz Marina Gold, Mestra pela PUC em Semiótica. Ela se aplicou no estudo da Psicologia, assim como também da psicanálise, filosofia e antropologia.
Desarranjo kármico nas questões familiares é causador de grande aflição e sofrimento.
Reza a sabedoria popular: família não se escolhe, para complicar ainda mais, há o fato de, normalmente, ela ser agregadora, o maior manancial de amor, carinho e ajuda que as pessoas dispõem.
Os que não comungam dessa experiência corriqueira se sentem, com razão, traídos, solitários, abandonados.

Estremeço ao lidar com esse tipo de conflito, karmas antigos que se renovam e geram desamparo e dor.
Do ponto de vista da espiritualidade, as dores do karma familiar são das mais agudas, as investigações revelam machucados antigos, desordens que se estendem há muito tempo, atingem as pessoas que estão encarnadas no presente e podem se prolongar por gerações afora nos desdobramentos do futuro.

As pessoas de sensibilidade elevada, espiritualizados, exímios exploradores da alma humana reconhecem com facilidade o poder de destruição dos desajustes no terreno familiar.
Ele compromete futuros, desmonta esperanças, arrebenta trajetórias e vidas inteiras, o preço é alto e vai, com juros e correções, se tornando ainda mais elevado na medida em que, com a passagem do tempo, tantos destinos individuais são ceifados num tornado que, girando descontrolado, arrasta vontades, coloca tanta gente na situação absurda de responder por falhas e erros alheios.

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