quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O TEMPO: O ESPELHO DA ALMA

Uma análise sobre a temática do tempo.

– A distinção e a separação das partes de um todo com vista a conhecer os respectivos princípios ou elementos.
– O que se refere ao assunto que se quer desenvolver em uma obra literária, o argumento, o enredo, a trama, o contexto, a ideia central, bem definida, simples ou complexa, desenvolvida de forma clara, para o bom entendimento.

O tempo é o que permeia toda a vida.
Uma concepção – modo de ver, ponto de vista – de tempo.
Um estudo – processo de aplicação da inteligência para compreender algo – fundamentado na constituição da temporalidade pela minha perspectiva pessoal.
Como seres temporais, que somos.

A essência do tempo – aquilo que é o mais básico, o mais central, o mais importante – o que faz que uma coisa seja o que é, e não outra coisa, que é invariável e permanente.
A distensão da alma humana, sendo esta, capaz de voltar-se ao passado, intencionar no presente e se projetar a um futuro que ainda não existe.

A teoria do tempo: Passado, presente e futuro.
O que é, pois, o tempo?
A percepção que tenho dele, que se manifesta no indivisível e no uno!
Como conceituar a temporalidade?
Está o homem preso à temporalidade?
Pode-se medir o passado que já não é mais, ou o futuro que ainda não o é?

A indagação é pertinente.
Visto que o tempo é, por definição, mudança.
O tempo não é uma sucessão de “espaços”, mas sim contínuo e indivisível.
Como desfazer este enigma?
Definir algo por suas particularidades ou singularidades – porém difícil de entender e compreender – uma cousa obscura ou ambígua, mas verdadeira?

A questão da temporalidade está totalmente vinculada ao homem.
Conceituando-se também que, atemporal é um adjetivo usado para qualificar algo ou alguém que não é afetado pelo passar do tempo, ou seja, que faz parte de qualquer época ou tempo, e um dos sinônimos de atemporal é intemporal.
E sendo que, o tempo não pode medir a eternidade, uma vez que esta se encontra acima da temporalidade.
Estabelece-se um contraponto a partir da indagação que aborda a temática do tempo, uma vez que passado não existe e o futuro não chegou.
Portanto, sendo o tempo criatura, o que é a temporalidade?

É perceptível, pois, a forte ligação existente entre a alma humana e a memória, é a memória que faz existir um passado no presente, e os vestígios de tal passado encontram-se impregnados na alma, sendo esta, capaz de revelar os mistérios mais profundos de qualquer indivíduo.
Como podemos então ter acesso ao que já passou ou ao que ainda não existe?
O futuro do presente passado não o pode perceber nem medir, porque esse tempo já não existe.
O que ainda virá, ainda não existe, e fora dele, o que há é a eternidade.

Daí, me debrucei sobre Santo Agostinho e sua reflexão sobre o tempo.
No Livro XI, Confissões, redigido entre os anos de 397 e 398, em sua argumentação dialética, Santo Agostinho revela-se admirável analista de problemas psicológicos íntimos.
Sua filosofia é de grande relevância, ultrapassando todos os limites de épocas e influenciando os dias atuais, bem como, abriu horizontes e caminhos para sua própria reflexão.
Onde escreveu: ‘o que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer à pergunta, já não sei.’

Santo Agostinho explica a questão da temporalidade utilizando-se da tríade, memória, intenção e espera, sendo, passado, presente e futuro modulações de um único tempo.
Costumamos dividir o tempo nessas três partes, mas, segundo ele, só temos a capacidade de perceber e medir o tempo no momento em que decorre.
O medimos a todo o momento, convivemos com ele a cada instante e ainda assim o desconhecemos, posto que o tempo é imensurável.
A concepção de tempo segundo Santo Agostinho diz: interrogar-se sobre o tempo é também, em certa medida, se interrogar sobre o eu narrador.
Ele encerra seu texto mostrando que o homem possui enfermidades que não cicatrizam.

O que me fez sentir uma ferida reeditada.
Advento, no qual recordo certas coisas.
Coisas que lembram a maior ofensa que tentei esquecer nos porões do inconsciente.
Faço um esforço diário para alterar/apagar o que vivi nessa fase.
Entretanto não me livrei do trauma, está aqui guardado.

Carrego o revés das imagens oníricas – o que define oníricas como alterações estruturais em seus mais amplos e variados sentidos é a existência de prejuízos ao indivíduo.
A angústia da impotência, o sentimento de incapacidade, falta de poder ou meios, a impossibilidade.
Aflitivo é pouco para definir o choque emocional.

Comecei a considerar as emoções que a situação me causou.
Eu ‘entendi’ que aparentemente “perdi” coisas.
Tanto esforço que só ‘desisti’ depois de fazer inúmeras concessões inúteis.
Mas hoje, por ser mais maduro, tento customizar – alterar algo para fazer com que sirva melhor aos requisitos – as lembranças.
E olhando através de uma parte mais consciente de mim mesmo, também saber que tudo o que ocorre na vida é um aprendizado de crescimento.
Que só ocorrerá quando eu integrar aquilo que ocorreu.

Desejo nestes tempestuosos tempos, verificar em que período preparatório está minha vida, a fim de referenciar – aquilo que nos dá conhecer uma determinada história, o que permite encontrar algo – um método de aprendizado.
Deixar as sensações passarem com a mesma velocidade que elas chegaram.
Bem, depois de uma instigante e complexa análise do tempo, só me resta dizer: A lembrança das coisas passadas, a visão presente das coisas e a espera das coisas futuras, o que ainda me resta é futuro.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

PROCUSTO E A INTOLERÂNCIA HUMANA

Inversão de paradigmas.
O mito de Procusto – mitologia grega – é uma alegoria da intolerância.
E a intolerância, traz angústia, infelicidade e solidão.
O mito também nos ensina sobre a violência no desacordo.

Inúmeras vezes o espírito de Procusto apareceu na História da humanidade.
Ele esteve presente no massacre dos conquistadores europeus, na crueldade da escravidão, no absurdo do holocausto.
Presente onde o ser humano por se achar superior ao outro, por considerar que o outro não se ajusta nas suas medidas resolve subjugá-lo, enquadrá-lo.
Impossível, pois, não se perceber a analogia do mito, ele representa claramente a intolerância do homem em relação ao próximo.

Em toda a história da humanidade o homem intolerante tentou enquadrar em seus padrões de comportamento todos os considerados diferentes.
Não poucas vezes ele usou a figura e o nome de Deus para fazer esse “enquadramento”, aconteceu na inquisição, nos seus congêneres e tem sido assim nos dias atuais.
O intolerante mutila o outro, senão fisicamente, psicologicamente, quando este não se enquadra em seus padrões estabelecidos.
Por que insistem querendo obrigar aos outros a viverem segundo os mesmos padrões e ideais, tentando forçá-los a ajustarem suas condutas aos conceitos pré-estabelecidos?

A psicóloga Marta Rosmaninho analisou algumas acepções contemporâneas do mito.
Ela diz: ‘acontece que não se tem muito espaço na nossa vida social, nos nossos valores, na nossa cultura ocidental, atualmente, de olhar pra dor. De olhar pra incapacidade, de olhar pra dificuldade, acho que por isso temos muita dificuldade de lidar com o limite’.
Vivemos, pois, num mundo de analogias e meras imitações, puramente relação de semelhança ou correspondência estabelecida entre coisas ou fatos distintos.
Situações díspares, num processo cognitivo de transferência de informação, ou seja, não segue um padrão descritivo de interpretação porque é subjetivo.

Dessa forma, um paradigma se refere precisamente a um critério determinado, que é claro e que pode servir de referência para realizar determinada ação.
O paradigma mostra um modelo que serve de inspiração para concretizar outros casos similares, ele também é uma forma de classificar a realidade a partir do ponto de vista do conhecimento dessa realidade.
Do ponto de vista do comportamento humano, vale destacar que a fábula é um exemplo de paradigma.

Concluo significando a legenda da figura e o título desta crônica.
Paradigmas: Imposições padronizadas, modelos que se tornam impostos, padrões psicológicos, ou “mapas” que se usam para “navegar” na vida.
Princípios e dogmas: A ética e o mito de Procusto.
Dogma: Ponto fundamental de uma doutrina apresentado como certo e indiscutível, de origem grega, que significa literalmente, ‘o que se pensa é verdade’, e no campo filosófico, uma crença/doutrina imposta, que não admite contestação. Um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo ou grupo.
Ética: Aquilo que pertence ao caráter, virtude caracterizada pela orientação dos atos pessoais segundo os valores do bem e da decência.

No contexto da psicologia, o paradigma mostra uma aceitação de ideias, as crenças assumidas e os pensamentos interiorizados.
Dentro desse contexto, também podemos falar da mudança de paradigma, que mostra uma mudança significativa, essa mudança mostra o princípio de uma nova etapa.
Concernente à investigação dos princípios que: Motivam, distorcem, disciplinam ou orientam à conduta e o comportamento humano, e refletindo a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social.
É emblemático, porém o conceito é mais amplo.
Portanto eu declino.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

MENSAGENS QUE RESUMEM AS DESILUSÕES, DECEPÇÕES, DA VIDA

Quem sabe se não teremos de sair do permitido, transpor a essência*, para perceber o que ela nos quer dizer?
(*Aplica-se a tudo aquilo que tem como característica fundamental o fato de que teve intervenção antrópica, aquilo que resulta da atuação humana.)
Dizem que nada neste mundo ocorre nem a favor, nem contra nós.
Que esta é a grande lição dos momentos de decepção, nada ser contra nem a favor da gente.

Porém, quantos apostaram alto no apoio, sustentáculo afetivo, moral, que determinada pessoa ou objetivo lhes proporcionavam, e em algum momento isso foi rompido?
Como vemos e viemos em nutrir, como referenciar, nas pessoas, as descrenças das "soluções" que se tornam oferecidas por eles – indicando também, uma ação habitual, uma característica e um estado permanente de uma situação, de ser a causa de algo, de suceder um acontecimento, de ter como consequência?
Quando alguém se sente amado ou preterido.
É este o mecanismo da decepção/desilusão – sentimento de tristeza ou frustração pela ocorrência de fato, que representa um mal, desapontamento.

Segue o relato de um blogueiro de sucesso respondendo a um amigo que na sua inocência, não lembrava, mas poderia escrever sobre decepção.
‘A primeira coisa que pensei é: preciso entrar em contato com alguma vez em que me senti profundamente decepcionado.
Porque uma coisa é escrever intelectualmente sobre um assunto, e outra, é escrever sobre o sentimento, as emoções.
E como sofri muitas agressões morais e emocionais, criei uma desconfiança muito grande do outro ser humano, como um tipo de proteção, o que me impediu de sentir decepção em muitas.
Não acredito em ninguém! Ninguém merece minha confiança! Era assim que eu internalizava, e desta forma, andava pelo mundo.
Após olhar para o meu passado, lembrei-me de uma situação, onde num determinado momento senti-me extremamente agredido.
Trabalhando com constelação familiar sistêmica, hoje entendo que uma das causas principais de toda agressividade no mundo é a exclusão.
A pessoa que se sente excluída de uma família, de um país, de um grupo, de um relacionamento amoroso, é capaz de agredir, se vingar e até matar.
Senti muito ódio, e mesmo hoje, relembrando o fato, posso perceber as entranhas se mexendo e o calor subindo pelo meu corpo.
Anos após entendi que ela me detonou um sentimento de não pertencer que eu sempre senti em relação à minha família, não tinha nada a ver com ela.
A sensação de agressão só pode existir porque eu acredito piamente que as pessoas me fazem bem ou me fazem mal.’

Então . . vamos tirar nossas vidas do mundo idílico, do conto de fadas, dos deuses minados, na significação, característica, daquilo que se encontra desgastado.
Crescemos almejando algo – conseguir o que se almeja é realizar nosso sonho – mas com o tempo se percebe que crescer pode ser uma grande cilada do destino.
Quando somos crianças pode parecer uma ótima ideia ser adulto, queremos liberdade etc e tal, mas com o tempo percebe-se que crescer pode ser uma grande armadilha.
Afinal, reitero, na acepção que transmite a ideia de insistir e realçar a importância de alguma coisa: Liberdade é uma bobagem quando não há independência, falta justiça, correição, legitimidade - a particularidade do que é justo e correto, como o respeito à igualdade de dar aos outros aquilo que lhes é devido.

Seria como o mito de Sísifo, que desafiou os deuses e quando capturado sofreu uma punição.
Por toda eternidade teria de empurrar uma pedra, da base até o topo de uma montanha, a pedra então rolaria para baixo e ele teria de recomeçar tudo novamente.
É como adolescer, crescer, sem a significância da relevância, em termos humanos.
Salvo raras exceções, sempre haverá de ter algum que tenha culpa pelo que nos aconteceu, como resposta destes revezes.

– Não sei exatamente em qual nível me encontro, mas sei que estou mais maduro.
Porém mesmo sendo um homem melhor, certas pessoas tentam me levar a crer que sou uma pessoa que faz tudo errado.
Esse destino não é menos absurdo que o mito de Sísifo, mas é trágico quando apenas em raros momentos ele se torna consciente.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O OTIMISMO É UMA CARACTERÍSTICA DE PESSOAS INGÊNUAS

Na confraria dos opressores, o mais natural seria ser pessimista.
O título da matéria era: as vantagens de ser otimista.
Semadar Marques, especialista em inteligência emocional, explica que ser otimista é a melhor forma de encarar as dificuldades sem muito sofrimento.
Opinião defendida também pelo psicanalista Paulo Paiva.
Enxergar o lado positivo até nas situações mais difíceis é um bom caminho para encarar problemas, aprender com as frustrações e encontrar saídas, completavam.

Refuto a posição de ambos.
Com um pouco de reflexão, percebemos que até “elogios” não são tão favoráveis quanto parecem.
Afinal, já nos alertava Sigmund Freud: contra os ataques é possível nos defendermos, contra o elogio não se pode fazer nada.
Existem acontecimentos capazes de tirar a nossa tranquilidade.
Os acontecimentos ruins, são motivos de frustação etc e tal.

Mas concordamos em um ponto.
Até eventos comuns, como um esbarrão de alguém, podem desencadear o pessimismo.
Buscamos e esperamos, situações e pessoas que nos deem prazer, apoio, amparo, um grupo de amigos, uma relação afetiva, a família . . uma sensação de bem-estar, socialmente.
Porém, diariamente somos confrontados com a realidade de que nossas expectativas não irão se cumprir.
São mensagens que fazem um apanhado das desilusões da vida adulta.

E como cada um deveria reagir a uma seguência de fatos negativos?
Com conceito e percepção.
Conceitos são portadores de significado.
É a compreensão que alguém tem, percepção que uma pessoa possui acerca de, aquilo que se concebe sobre algo, isto é, pelo entendimento, por meio da análise de diversas coisas, determinando como as coisas são.

Nós o havemos por fazer uma observação sobre a premissa* do positivismo, a respeito de que é mais fácil ser optimista.
*Proposição a partir da qual se inicia um raciocínio, ponto de partida para a organização de uma argumentação, aquilo que compõe um silogismo e em que se baseia a conclusão.
Se no imaginário popular, nem sempre virtuoso, cultivamos apenas a disposição a isso, somos mais cautelosos do que combativos.

A ingenuidade é uma força que os astutos fazem mal em desprezar. - Arturo Graf

terça-feira, 26 de julho de 2016

SE NÃO DÁ PARA MUDAR O OUTRO - E TAMBÉM NÃO POSSO MUDAR - TALVEZ ENCONTRAR UMA ALTERNATIVA

Só que as coisas são muito maléficas, as relações sociais são muito perversas.
Não se deve generalizar, é preciso ver como cada um enfrenta a sua história.
Por mais que nós vivamos em coletivo, que formemos família, a nossa angústia, o nosso sofrimento, vamos viver individualmente, a gente vive muito sozinho.
Como lidar então com emoções, com sentido de vida, com significados?

Existem aqueles que se sentem “errados”, e passam a ter danos quase irreversíveis quando uma regra do seu grupo ou da sociedade começa a ter “estatuto de verdade” para eles, quando aquela “verdade” imposta não corresponde à verdade pessoal, individual de cada um.
Daí ocorre um grande problema, um grande sofrimento, porque não dá para romper com a sociedade e nem romper com a própria verdade.
Então precisa um trabalho de resistência, de resiliência mesmo, é muito pessoal.
As pessoas têm que se valer da suas próprias convicções, da sua própria verdade, para se situar no mundo.

Conflitos sociais são marcados pela imposição de pré-condições violentas, e pela dificuldade de tolerar diferenças do outro.
Um egoísmo, que reflete na atual sociedade contemporânea, em seu ensimesmamento*, um olhar que não é para o outro, nem voltado para uma questão de ética e valores, acaba sendo irrefletido.
*A fuga de idéias, a inadaptação radical, a incoerência. O ensimesmado, fechado em si mesmo, é incapaz de enxergar o outro, exceto quando o objetifica.
Há ausência de concórdia, desinteligência, falta de acordo entre as pessoas, uma distopia, em que tudo está organizado de uma forma opressiva.

Muitos, ao defenderem posições extremadas, que ferem o bom senso mais elementar ou que não admitam a possibilidade de avaliar possíveis exceções, alegam geralmente, que estão apenas seguindo seus princípios.
Tal conduta da a entender que aqueles capazes de ponderar caso a caso ou de levar em conta as circunstâncias são relativistas sem princípios.
Ora, o fato de termos princípios não implica necessariamente que tenhamos de ser dogmáticos.
Ou seja, achar que existem verdades absolutas válidas para toda e qualquer situação.

Vejamos o conceito da antropologia que define o etnocentrismo como a visão demonstrada por alguém que considera as normas e valores da sua própria cultura melhores do que as das outras, o centro de tudo, portanto, num plano mais importante que as outras.
O etnocentrismo tem uma vertente de confronto, isso pode representar um problema, porque frequentemente dá origem a preconceitos e ideias infundamentadas.
Essa visão demonstra desconhecimento, levando ao desrespeito, depreciação e intolerância por quem é diferente, originando em seus casos mais extremos, atitudes preconceituosas, radicais e xenófobas, e pode atingir proporções drásticas.
Temos de entender que os valores, princípios morais, o certo e o errado, o bem e o mal, são intrínsecos a cada um.

Princípios éticos são ideais regulativos a que ‘nada de empírico pode corresponder’, como dizia Kant.
São ‘modelos’ ideais que ajudam a definir metas possíveis, mesmo sabendo que os ideais em si mesmos jamais poderão ser realmente alcançados.
Precisamos de valores ideais, como justiça ou igualdade, para nos orientar em direção a sociedades mais justas e igualitárias, mesmo sabendo que uma situação de justiça ou igualdade absoluta é impossível.
Pois nós, seres humanos, estamos sujeitos a contingências e limitações que sempre podem nos levar a cometer erros em nossos julgamentos e ações, levando-nos a tratar alguém de maneira injusta ou desigual.

De modo que, alguns agem tentando obrigar a realidade a se adequar aos seus imperativos morais, pouco lhes importando o sofrimento ou até a mesmo a conjuntura.
Para eles, a pureza de seus princípios e a cega observância dos mesmos é tudo o que importa, e qualquer ponderação é vista como fraqueza ou traição a ser combatida.
O que eles querem?
Querem garantir um universo de significados!
Acho essa postura nociva.

Mas isso não significa que devemos ficar de braços cruzados frente às injustiças.
Que parâmetros, que ferramentas da psicologia ou da sociologia, por exemplo, podemos utilizar para compreender qual o desacordo em relação à “norma” que gera isso?
Bem, tendo em conta que filosofia é o caminho de quem ama a sabedoria, uma atitude filosófica significa não aceitar algo que é considerado como “verdade absoluta” sem antes pensar sobre essa determinada "suposta verdade".
É ter pensamento crítico e não se basear no senso comum, que muitas vezes pode levar a enganos.