quarta-feira, 22 de maio de 2019

'FAMÍLIA: URGÊNCIAS E TURBULÊNCIAS'

O que é uma família disfuncional?
Quem nos responde é Flávio Gikovate, médico psiquiatra e psicoterapeuta.
‘É formada por indivíduos ligados por elos sanguíneos, que se encontram em conflitos, mau comportamento ou mesmo abusando uns dos outros de forma regular, tem sintomas e protótipos de comportamento resultantes de suas próprias experiências dentro de uma estrutura familiar.

Pode afetar-se diretamente por vários fatores como: rejeição, falta de limites, ordens e mensagens não muito claras, extremos em conflito, desde pequenas discussões até brigas terríveis.
Penso que, em muitos casos, a perversidade e a traição predominam entre os membros, sentimentos positivos são abafados por uma relação tumultuada e por conflitos de todo o tipo.

Expressar a sua tristeza e descontentamento com os membros de uma família disfuncional ou esperar que entendam o seu sofrimento tende a revelar-se como uma grande perda de tempo.
Se a sua família é disfuncional, ou seja, não funciona de maneira a contribuir com o seu crescimento e desenvolvimento pessoal, qualquer tentativa sua de curar as suas feridas e evoluir emocionalmente provavelmente será rejeitada, pois tendem a ser imaturos emocionalmente.’

Thais Lopes Trajano, psicóloga, acrescenta: ‘acontece que a família é onde construímos e nutrimos nossas primeiras relações, os vínculos costumam se desenvolver de forma intensa.
Ocorre que muitas vezes esses laços se constituem de forma a não estabelecer limites a essas relações, tornando-as disfuncionais.

Podemos dizer que ocorre um bloqueio no processo de comunicação familiar.
Não me refiro a situações isoladas ou casos específicos, me refiro a ciclos repetitivos que adoecem as relações, todos têm prejuízos em suas vidas.

É extremamente necessário que o indivíduo entenda que quando a dinâmica familiar é regida pela desarmonia ela é disfuncional.
A consciência do funcionamento familiar já é de grande valia já que muitas pessoas vivenciam essas situações sem nem ao menos perceber que algo está disfuncional, mesmo em casos em que haja sofrimento manifesto.
Em alguns casos uma conversa com alguém fora da família, como um amigo, poderá alertar e provocar desdobramentos no lidar deste individuo com seus familiares’.

E uma grande observadora do tema, Elsa Morais finaliza: ‘embora eu não seja psicanalista, me submeti à análise durante longos anos e aprendi devagar a enxergar, por exemplo , mosaicos familiares, frequentemente desconexos.
As relações familiares são guiadas por desafios e conflitos, o laço sanguíneo, muitas vezes não é o suficiente para gerar uma “relação”, é preciso cortar o cordão umbilical.
Minha família sabe de tudo isso e ninguém “mete a colher” mas quando querem, são os primeiros a me criticarem.’

Bem, isto tudo tem o mais profundo sentido, vivenciei isso após aquela noite devastadora.

É rara a vez em que os membros de uma mesma família crescem sob o mesmo teto. Richard Bach

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