A INTERNET HOJE SE DIVIDE ENTRE QUEM CONDENA E QUEM É CONDENADO
O veneno alheio é inesgotável. |
E acabou-se criando uma "arma" de destruição em massa.
Trata-se do linchamento virtual.
Certas pessoas gastam tempo e energia para o maniqueísmo, a filosofia dualística que divide o mundo entre o bem e o mal.
Isso ganhou novas e absurdas fronteiras no vasto mundo da internet.
Assim então, ficam satisfeitos por promover a desordem.
Como cantou Caetano: alguma coisa está fora da ordem.
Acreditava-se que as redes sociais era um lugar para compartilhar coisas boas, como vídeos, fotos.
Também mostrar que se está mais feliz que os outros, vá lá.
Mas grande parte dela virou um mural para postar a raiva sobre tudo, inclusive coisas que acabam virando motivo de revolta coletiva.
Agora acrescente nessa receita pitadas industriais de amargura, no sentido figurado de padecimento moral (provem no grego de uma palavra que significa ferir), e o resultado são heresias - fora do contexto da religião, uma heresia também pode ser um absurdo ou contrassenso.
E se tem uma coisa que comentaristas raivosos, paranoicos assustados, preconceituosos, e "juízes" mal embasados têm em comum, é a incapacidade de apontar lógica no próprio raciocínio.
Um grupo que dá a conhecer a sua postura, a falta de consonância, de consenso, de entendimento.
Carecem de alinhamento, por assim dizer, uma direção, com um traço característico, uma tendência, quando aderem, de acordo com uma determinada ideologia.
Significa que estão a abraçá-la deliberadamente, basicamente aquilo em que se crê e que se pretende, por outras palavras, estão a fazer tudo para integrar a mesma, juntar-se a todos que partilham aquilo a que se propõem.
A Internet em seus primórdios era chamada de aldeia global.
Agora as redes sociais tem um lado de aldeia inquisitorial, aquela da denúncia anônima, da acusação, da perseguição ao outro, onde se dão ao trabalho de escrever com os dedos cheios de ressentimento.
Com isso, tensões e embates são perpetuados, e não enfraquecidos.
Vejo aí um elogio histriônico da violência, à lapidação do nojo, do abjeto, à verbalização de excrescências afloradas do rincão mais asqueroso do espírito humano.
Numa época em que tudo precisa de uma "explicação sociológica", não há Inquisição que consiga competir com os pecados ditados pelos "sociólogos" de plantão.
Para que ter religiosidade hoje (precisamos diferir o ser possuidor de religiosidade, do religioso), se eles inventam uma culpa nova todos os dias para carregarmos nas costas?
Em comparação com o Tribunal Eclesiástico que admoesta os cristãos, eles são muito mais eficientes em apontar nossas falhas morais.
O escritor Christopher Hitchens por exemplo, acusou Madre Teresa de Calcutá por crimes contra a humanidade.
Mas isso ocorreu antes do advento das redes sociais.
Basta se conectar na web a qualquer hora do dia para tomarmos uma enxurrada de sermões e descobrirmos que somos os maiores responsáveis por tudo o que acontece de pior na sociedade.
Sermões, repressões e lições de moral estão na página da rede social de qualquer um, compartilhados por muitos.
Ao ler algo na página pessoal é que nos damos conta dos "nossos erros".
Adotar comportamentos anonimamente na internet pode liberar a agressividade dormente?
Pois impressiona o grau de virulência com que muitas pessoas se manifestam nas redes, em geral resguardadas pelo "anonimato".
Seria esse fator, o combustível para agressividade?
Agiriam assim se estivessem frente a frente com os outros?
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